Capítulo 59

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• KL •

A situação tava tensa pra caralho, mas eu me mantive na minha, só observando o Cascavel perder a linha ali na salinha de reunião.

O maluco tava cego de ambição, querendo meter esse acordo com os caras do Chile, mas nem todo mundo tava comprando essa ideia. Traficar órgão e pessoa? Pô, isso já era demais até pra alguns dos mais sinistros da facção.

Cascavel: Qual foi, caralho? Que parte vocês não entenderam que essa porra de negociação ia dar mais lucro pra facção?

Ele meteu a voz, tentando impor moral, mas o PW não deixou barato.

PW: Na boa, Cascavel, abaixa a bola, porque tu não tá falando com qualquer um, não, caralho. Tu parece que não tá entendendo onde a gente quer chegar com essa porra.

Morte, que tava encostado na parede, também resolveu meter o bedelho.

Morte: Essa parada com os caras lá do Chile pode dar merda, pô. Pode dar muita merda. Se mais algum de nós cair, todo mundo tá fodido.

Cascavel deu uma risada forçada, mas era nítido que ele tava puto.

Cascavel: Pode dar merda em qualquer porra que a gente faz, então não adianta vir com essa merda de medo, não.

PW não se segurou, deu um passo à frente e olhou firme pra cara dele.

PW: Qualquer parada nossa pode dar merda, mas esse bagulho com os caras do Chile não é confiável, porra. Os caras não deram nem informação direito do que tá no meio, e tu quer se jogar de cabeça? Para de ser burro, mané.

Eu vi que o Cascavel ia rebater, mas antes que ele pudesse abrir a boca, o Betão, que tava na chamada de vídeo, soltou o verbo.

Betão: Contra a maioria, tu não tem voz, Cascavel. Pode ser o que tem mais poder aqui, mas contra a maior parte dos caras, sua voz não vale porra nenhuma. Só tá você e o Marcinho a favor desse acordo com os caras de lá, então menos, caralho!

Cascavel não aguentou, meteu um soco na mesa que fez todo mundo se calar por um segundo. O olhar dele tava cheio de ódio, mas a verdade é que ele tava encurralado.

Eu tragava o baseado, só de boa, enquanto via ele se estressar. Aquele temperamento explosivo dele, que já conheço há tempo, ia acabar fudendo ele.

Cascavel tava indo longe demais, se jogando de cabeça numa parada que nem sabia o final, e isso podia custar caro pra facção inteira.

PW e Morte tinham levantado a real, e mesmo assim, o desgraçado insistia.

Como se não bastasse os problemas que a gente já tem, ele ainda quer trazer mais bagulho pra cima da gente.

Eu, por outro lado, tava jogando no seguro. Sabia que, no final das contas, quem ia se foder era ele, não eu. Enquanto ele se desesperava, eu tava lá, na minha, já traçando os próximos passos.

Depois da reunião, saí da sala com a cabeça fervendo, mas mantendo a pose de quem tá no controle da situação. Sabia que tinha muito mais em jogo do que só a porra daquele acordo com os caras do Chile.

Fui me encontrar com JN em um canto discreto do Heliópolis, um cara de minha confiança que realizava alguns serviços para mim.

Joguei o saco de dinheiro em cima da mesa e me encostei, cruzando os braços.

Olhei fixamente para JN, que estava calmamente sentado, observando o dinheiro com um sorriso sutil no rosto.

JN: Tá tudo certo, pô. — Disse, ainda com um sorrisinho tranquilo. - Pode começar a falar da próxima vítima.

KL: Tu já sabe quem é, carai. Falei contigo na ligação, vai ser aquela lá mesmo. — Suspirei, pegando a seda na gaveta da mesa. - Quero um tiro bem no meio da testa dela.

JN: Tá com tanto ódio assim da ex-difunta?
— Deu uma risadinha, que não me fez mudar minha expressão. - Papo reto, mas aí, vai querer o serviço pra que dia?

KL: Tô esperando ela falar quando vai ser a parada que ela tá armando, aí te passo a visão.— Terminei de bolar o baseado e acendi, dando uma tragada profunda. - Quero que a desgraçada morra na frente de todo mundo, pra não ter dúvida de que ela morreu de vez.

JN: Como tu quiser, patrão. Serviço vai ser realizado do jeito que tu pediu. — Balançou a cabeça afirmativamente, colocando o dinheiro na bolsa. - Depois dessa parada, tu vai ter que me dar um jeito de sumir, né?

KL: Relaxa, carai, relaxa. Depois do serviço nós resolve essa parada aí, fica tranquilo."
— Dei um sorriso frio e confiante. - O importante agora é garantir que ela morra como eu quero.

JN: Fechou então. Vou aguardar tua ligação pra confirmar a parada. — Se levantou, preparando para sair, mas não antes de lançar um último olhar para mim, com um misto de respeito e cautela.

No final das contas, quem ia sair por cima era eu, enquanto o Cascavel ia continuar se enrolando na própria teia. O tempo dele tava acabando, e eu tava ali, só esperando a hora certa pra puxar o tapete. No final que iria reinar seria EU.

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