Capítulo 1.

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ANALICE DE ALMEIDA 🐍

" Sou a força que renasce da traição, a fúria que se levanta da dor. Quem me subestima, paga caro."

Dias atuais

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Dias atuais...

Eu cresci no meio do ódio, no meio de uma guerra terrível entre as maiores facções daqui do país. Era sempre uma atacando a outra, a maioria das vezes envolvendo a família. Quem mais sofria naquele meio era as pessoas mais inocentes, que não tinham nada a ver com aquela guerra toda.

Cresci na maior favela de São Paulo, no
Paraisópolis, onde lá pra vacilão não tinha vez.
Qualquer um que vacilava, não tinha perdão, não tinha segunda chance, vacilou uma vez, ia direto pro inferno.

Já presenciei diversas mortes, várias torturas, e confesso aqui que é horrível você presenciar uma coisas dessas. Mas eu era obrigada pelo meu pai a ver essas paradas, que na cabeça dele, se eu visse esses coisas, iria pensar duas vezes em vacilar, ou trair a facção.

Só que isso não adiantou em nada. Todos os dias eu fazia uma merda diferente naquela favela. Se eu passava batido só por ser filha de um dos chefes do PCC? Passava nada, era cobrada igual, já até cheguei a ficar careca, depois de pagar de talarica de uma noia
ai, que é fiel de uns dos caras.

Meu pai não ligava se eu era filha dele ou não.
Vacilei, eu tinha que ser cobrada de alguma forma, por que pra ele, não tinha essa de parente ou não, se vacilou, tem que ser cobrado da mesma forma que os outros de fora.

O senhor meu pai, o tão temido Cascavel, não me via ou tratava como sua filha, sempre me tratou igual tratava seus homens, igual cachorros. Desde muito nova eu levava esculacho por nada na frente dos outros, e apanhava feio também.

Ao longo dos anos eu só fui aprendendo cada vez mais a odiar o meu pai. E depois do que ele fez comigo, a única vontade que tenho, é de matar ele.

Eu sinto o mais puro ódio por aquele cara, que eu chamava de pai a anos atrás.

Aquele cara, o meu "pai" ao invés de me matar de vez, me jogou dentro de um galpão grande e nojento, me fazendo ser torturada dia e noite.

Estou a mais de quatro anos nessa, sendo torturada de todas as formas dia e noite. Os caras não tem dó, me batem, me humilham, e me estupram quase todos os dias.

Já perdi as contas de quantos caras já me violentaram sexualmente ali. O unico, que não me estuprou ou me bateu foi o KL. O ÚNICO! Ele e o Tigrão vêem aqui no galpão duas vezes por semana, e só o Tigrão me usa, enquanto o KL fica só observando.

Nunca vi olhar de maldade vindo dele, mas também sei que ele não sente um pingo de pena de mim, pois ele sabe que vacilei.

Desde que comecei a entender das coisas da facção, vi que o KL era o que menos fazia maldade ali. O único que não gostava de meter família no meio da guerra, o unico que eu NUNCA vi batendo ou maltratando mulheres, sem elas vacilarem.

O único!

Por que o Tigrão e o Cascavel são os piores, estupram, matam, torturam quem seja, pouco ligando se vacilaram ou não.

Dois nojentos.

Meu pai é o pior. Já vi várias vezes ele estuprando garotas de 10 anos, ou até mais novas, e confesso que foi ai que comecei a odiar ele de verdade.

Eu nasci de um e*****o, minha irmã nasceu de um e*****o, e meus outros diversos irmãos que tenho espalhados por ai nascerem de um e*****o. E isso é um negócio tão nojento.

Quando lembro que minha mãe foi estuprada pelo Cascavel, meu ódio por ele só aumenta.

Por mais que eu odeie ele, sou grata por ele ter me ensinado diversas coisas.

Eu aprendi com ele, que se tu não mata, é tu que morre.

Aprendi que não importa quem seja, se é um parente seu, ou amigo, um dia sempre vai ser filha da puta com você. Por que o poder e o dinheiro sempre quebram a postura, e te deixa cego de inveja, fazendo você trair essa pessoa da pior forma.

É por isso e outras mil coisas que eu aprendi também a não confiar em ninguém, somente em mim mesma, pois eu sei que no final, eu só vou poder contar comigo mesma.

Tem sempre que ser você por você, por que se depender dos outros, tu nunca vai vencer na porra dessa vida.

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