"Foi no meio de tanto ódio, que eu nasci, e lá eu aprendi que se você não mata, é tu que morre. Que se você não pisar no outro, tu não acaba chegando ao topo. E o bagulho sempre vai ser você por você, por que se depender dos outros, tu nunca irá sai...
O dia da reunião do comando chegou, e passei os últimos dias quebrando a cabeça para descobrir como faria os caras virem para o meu lado contra o Cascavel.
Não fazia ideia de que havia mais chefes no PCC, para mim eram só os três e fim de jogo. Acabava com o Cascavel e pegava o comando pra mim. Mas sinceramente, saber dessa merda acabou com tudo. Tudo!
KL disse que nem ele sabe quem são os outros chefes, quem dirá eu vou saber.
E isso só complica mais! Como vou conseguir o apoio da maioria se a maioria se esconde atrás de um posto bem-sucedido na alta sociedade?
Não tem como! Tenho que dar meu jeito para ele vacilar feio contra o comando, porque assim, mesmo com os caras não mostrando a cara, consigo a ordem deles para poder matar esse vacilão.
Hoje, na reunião, iria tentar pelo menos conhecer o Morte e o PW, uns dos que têm mais poder na facção, tirando Cascavel e KL.
Sinceramente, espero que eles sejam de boa, que entendam meu lado e que venham me ajudar contra o Cascavel. Mas na real? Sabia que seria uma luta para isso!
DR: Tá pronta, Analice? — Perguntou pela décima vez, enquanto mexia no celular deitado na minha cama.
Víbora: Já estou terminando, calma! — Bufei, ajeitando meu batom.
DR: Enrola pra caralho, mané. Pior que Luiza, pô, euem.
Ignorei ele completamente, e quando finalmente terminei só coloquei meu salto e fui em sua direção. O cara me olhou de cima a baixo e sorriu, se levantando da cama.
DR: Aí, tá lindona mesmo, hein. Que isso... — Pegou na minha mão e me fez dar uma voltinha.
Dei risada, beijando sua bochecha, deixando a marca do batom ali. O menino nem limpou e já foi abrindo a porta para a gente ir. Estava vestindo um vestido longo preto, com uma fenda transparente desde a coxa até em baixo.
Um decote em V enorme. E na real? Tava gostosa pra caralho hoje, pô.
DR: Marquinhos vai encontrar com a gente lá na entrada do QG. — Disse DR, e eu apenas balancei a cabeça concordando, trancando a porta do quarto.
Descemos enquanto conversávamos sobre coisas aleatórias. O QG onde seria a reunião dos comandos é em Osasco.
Lá estaria a maioria dos membros importantes do PCC e das facções aliadas. Era nessas reuniões que planejavam roubos enormes, missões importantes para ambas as facções. Tudo planejado há meses, para deixar tudo certo e não dar erro na hora.
Porque se der... acabou para muita gente! Se pegar cadeia, não sai mais.
Eu ainda não estou visada e nem sendo procurada pela polícia, mas deixa só eu dar uma brecha sequer... fico fodida pra caralho!
DR parou o carro perto do QG, e já desci ajeitando meu vestido. De longe, já vi Marquinhos encostado em seu carro, mexendo no celular. Deixei DR pegando suas coisas e fui andando na direção do Marcos. Ele tinha uma expressão estranha no rosto, e eu já fiquei meia assim.
Víbora: Qual foi?
Ele me olhou na hora e já foi guardando o celular. Estranhei, mas nem disse nada. Dei um selinho nele, que sorriu de lado, agarrando minha cintura.
Marquinhos: Ai, tava na maior saudade, pô.
Víbora: Esqueceu maneirinho de mim, hein. — Fiz careta.
Marquinhos: Nunca, pô. Só vários caôs para resolver com o comando. — Suspirou, e eu só balancei a cabeça.
Víbora: Marcos, por que tu nunca me disse que tinha mais de três chefes no PCC? Fiquei que nem tonta achando que era só os três lá, pô.
Marquinhos: Pensei que você sabia, pô.
Víbora: Que nada! KL que veio me falando isso daí. Pensei que meu pai era o que tinha mais poder.
Marquinhos: Ele é um dos que têm mais. Só que ele já é procurado pela polícia, a cara dele já está estampada no Brasil inteiro, então, para todos, ele é o chefe principal, tudo vai cair nas costas dele. Os outros se escondem atrás de postos da alta sociedade e pá.
Víbora: Tu conhece os outros? Além do Morte e do PW... — Ele fez uma careta e coçou a nuca. - Marcos...
Marquinhos: Conheço a filha de um dos chefes principais. — Falou baixo. - Uma ex minha, tá ligada?
Víbora: Tem contato com ela ainda?
Marquinhos: Não, mas posso ir atrás disso para ti.
Víbora: Se puder, agradeço.
Ele apenas balançou a cabeça concordando e fomos entrando naquela casa enorme. Por fora parecia ser tudo caído, uma merda! Mas por dentro... um luxo do caralho. Vários seguranças em volta, atentos, fazendo a ronda para caso qualquer merda rolar.
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Eu estava pronta para enfrentar o desconhecido, mas será que o desconhecido estava pronto para enfrentar a Víbora?
Os próximos momentos decidiriam o futuro de toda a facção. E o meu.
A reunião estava prestes a começar, e eu sabia que esta noite mudaria tudo.
