efeito dominó -parte três

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O silêncio da noite foi quebrado de forma abrupta pelo estrondo ensurdecedor que ecoou por todo o terreno baldio. A terra tremeu violentamente, e por um instante, tudo pareceu congelar. O som, profundo e reverberante, foi seguido por um clarão intenso que iluminou o céu, tornando a escuridão da noite quase tão clara quanto o dia. E então, com um impacto devastador, o meteoro atingiu o chão, exatamente no centro do círculo onde Ui Myeong, Eun-gene, e as outras almas perdidas se reuniam.

A força do impacto jogou corpos para todos os lados, poeira e detritos se levantaram como uma onda gigante, envolvendo tudo ao redor em um véu espesso de caos e destruição. A escuridão retornou rapidamente, e por um momento, parecia que tudo havia acabado, como se o mundo tivesse parado de girar.

Mas então, entre os gritos de agonia e a poeira ainda suspensa no ar, uma figura se mexeu. Ui Myeong abriu os olhos, seus ouvidos zumbindo e a visão turva. A dor, porém, foi instantânea e lancinante, arrancando dele um grito primal que ecoou pela vastidão desolada do terreno. Ele olhou para baixo, e a visão que encontrou foi aterradora.

Seus olhos se arregalaram ao perceber que suas pernas... não estavam mais lá. Onde antes havia carne e osso, agora havia apenas um amontoado grotesco de carne chamuscada e sangue que se espalhava pelo chão enegrecido. A dor era insuportável, e a cada segundo que passava, sua consciência começava a flutuar entre a realidade e o choque.

Desesperado, Ui Myeong tentou se arrastar para longe, mas seu corpo estava fraco demais para responder. A cada tentativa de movimento, a dor em suas pernas amputadas irradiava como ondas de fogo, arrancando gemidos e suspiros torturados de seus lábios.

Foi então que ele viu algo que fez o terror em seu coração crescer ainda mais. No centro da cratera que o meteoro havia criado, havia uma esfera... uma esfera brilhante e perfeita, algo que parecia não pertencer a este mundo. Era uma forma tão alienígena e perturbadora que Ui Myeong não conseguiu desviar o olhar. O brilho que emanava dela era hipnotizante, mas ao mesmo tempo, havia algo de profundamente perturbador nela, algo que mexia com os instintos mais primitivos de sobrevivência.

Antes que pudesse fazer qualquer outra coisa, Ui Myeong viu a superfície da esfera se abrir lentamente, como uma flor de metal desabrochando. A abertura revelou um interior escuro e aparentemente vazio, mas então, ele viu movimento. Algo se mexia lá dentro, algo que fez seu estômago se revirar de pavor.

Larvas. Grandes, grotescas e visivelmente diferentes de qualquer coisa que Ui Myeong já havia visto antes. Elas começaram a emergir do interior da esfera, arrastando seus corpos viscosos e cheios de segmentos pela terra. Eram criaturas que pareciam saídas de um pesadelo, com corpos alongados e cobertos por uma pele translúcida que deixava à mostra órgãos pulsantes e brilhantes em tons de verde e azul.

As larvas começaram a se espalhar pelo terreno, movendo-se de maneira instintiva, como se estivessem procurando algo. E então, algumas delas perceberam a presença de Ui Myeong. Seus movimentos se tornaram mais rápidos, mais famintos, e elas começaram a rastejar em sua direção.

O terror se apoderou dele de uma forma que ele nunca havia sentido antes. Ele tentou se afastar, mas seu corpo não respondia como queria. As larvas chegaram até ele rapidamente, subindo por suas roupas ensanguentadas, penetrando em seus ferimentos expostos, buscando os pontos mais vulneráveis. Ele gritou em agonia enquanto as criaturas entravam em seu corpo, rasgando a carne, perfurando órgãos, explorando cada centímetro de seu interior.

Dentro dele, as larvas começaram a se dissolver em um líquido quente e corrosivo, fundindo-se com seu sangue, alterando suas células, transformando-o de dentro para fora. A dor era indescritível, um fogo interno que queimava com uma intensidade que parecia impossível. Ele sentiu sua pele se esticar, se rasgar em vários pontos, enquanto seus ossos estalavam e mudavam de forma. Suas entranhas se contorciam, sendo reconfiguradas para um propósito sombrio e desconhecido.

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