Hyungwon segurava uma sacola de papel com pães frescos quando chegou em casa. O aroma do pão quente e recém-assado ainda estava impregnado no ar, oferecendo um breve conforto antes de ele entrar pela porta. O que o aguardava, no entanto, era bem menos acolhedor. Assim que colocou a mão na maçaneta, ouviu vozes altas vindas do interior da casa. O coração de Hyungwon apertou, reconhecendo imediatamente as vozes de Wonho e Shownu.
Quando ele abriu a porta e entrou na sala, as palavras começaram a se tornar claras.
"Você não tem o direito de esconder essas coisas de mim, Shownu! Eu sou o marido dele, eu deveria saber!" Wonho estava quase gritando, sua voz cheia de frustração e raiva.
Hyungwon fechou a porta atrás de si e caminhou em direção à cozinha, tentando não fazer barulho. Mas a tensão no ar era quase sufocante, e logo ele não conseguiu mais ignorar. Quando virou o corredor que dava para o quarto, a voz de Wonho ficou ainda mais alta.
"Ele não parou, Shownu! Ele não parou de buscar por respostas, e você sabia! Você sabia e não me contou!"
Hyungwon apertou o cabo da sacola de pães, sentindo o suor começar a se formar em suas palmas. Ele entrou no quarto e viu Wonho de pé, o rosto vermelho de raiva, enquanto Shownu estava sentado na beira da cama, com uma expressão angustiada.
"Hyungwon!" Wonho exclamou ao vê-lo, seus olhos brilhando com uma mistura de raiva e algo mais profundo, talvez medo ou decepção. "Você pode explicar por que o inferno você ainda está fazendo isso? Por que você ainda está obcecado com essas... essas matérias ridículas?"
Hyungwon respirou fundo, sentindo o peso do momento. Ele olhou para Shownu, que parecia prestes a dizer algo, mas antes que ele pudesse abrir a boca, Hyungwon levantou uma mão, indicando que ele deveria se retirar.
"Shownu, vá para o quarto, por favor," disse Hyungwon, sua voz baixa e controlada.
Shownu hesitou, olhando entre Hyungwon e Wonho, mas eventualmente se levantou, deixando o quarto com passos lentos e relutantes. Quando a porta se fechou atrás dele, o silêncio caiu como uma cortina pesada entre Hyungwon e Wonho.
"Você quer saber por que, Wonho?" Hyungwon perguntou finalmente, quebrando o silêncio. Sua voz era calma, mas havia uma corrente subjacente de algo sombrio nela. "Porque é da natureza humana buscar respostas. Porque eu não consigo simplesmente aceitar tudo o que aconteceu sem entender. Você quer que eu pare? Quer que eu finja que tudo isso não importa?"
Wonho encarou Hyungwon, sua respiração acelerada. "Eu não dou a mínima para a 'natureza humana', Hyungwon! Foda-se isso! Eu me importo com você, eu me importo com o que isso está fazendo com a gente! Você está se enterrando cada vez mais fundo nesse... nesse abismo de obsessão, e você nem percebe!"
Hyungwon sentiu uma onda de emoções conflituosas dentro de si. "Wonho, eu não estou me enterrando. Eu estou tentando encontrar uma maneira de entender, de fazer sentido em tudo isso. A Coreia, o que aconteceu lá, o que ainda está acontecendo... Eu não posso simplesmente ignorar!"
Wonho deu um passo para frente, sua frustração aumentando. "Ignorar? Você está se destruindo, Hyungwon! Você está destruindo a gente! E Shownu... ele sabia, e ele não me disse nada! Você colocou ele no meio dessa bagunça, e isso é injusto!"
O cheiro do pão fresco na sacola que Hyungwon segurava parecia uma ironia cruel, contrastando com a amargura do momento. Ele olhou para Wonho, vendo não apenas a raiva, mas a dor nos olhos dele. Uma dor que Hyungwon sabia que ele mesmo tinha causado.
"Eu não queria envolver Shownu," Hyungwon admitiu, sua voz finalmente mostrando uma rachadura na fachada controlada. "Eu pensei que ele poderia entender, que ele talvez pudesse me apoiar... mas eu nunca quis machucá-lo. E eu nunca quis machucar você."
VOCÊ ESTÁ LENDO
survivors
AcakNum mundo devastado por criaturas e experimentos científicos que transformaram humanos em monstros, a luta pela sobrevivência é implacável. Em meio a esse caos, Joshua e seus companheiros enfrentam dilemas morais e emocionais, tentando encontrar um...