medos e receio

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A sala de conferências estava iluminada por luzes fluorescentes brilhantes que lançavam sombras duras nas paredes. O ar condicionado zumbia baixinho, tentando em vão amenizar o calor causado pela tensão palpável entre os representantes dos países. Havia um cheiro leve de café fresco misturado com o odor metálico do pânico. Mapas detalhados e documentos confidenciais cobriam a grande mesa oval de mogno, e vozes em vários idiomas se misturavam em discussões acaloradas.

O silêncio momentâneo foi quebrado pelo som abrupto da porta sendo aberta. Rafael, o representante do Brasil, entrou na sala com passos pesados e rápidos. Sua expressão era de raiva contida, o maxilar apertado e os olhos faiscando. Em sua mão, ele segurava uma bolsa de lona, cujo conteúdo era evidente apenas para ele.

"Desculpem o atraso," disse Rafael, sua voz grave cortando o ar, enquanto se aproximava da mesa. Com um movimento brusco, ele jogou a bolsa sobre a mesa, fazendo todos os presentes saltarem. O impacto produziu um som surdo que reverberou pela sala. A bolsa se abriu ligeiramente, revelando a cabeça mutilada de um monstro, os olhos vítreos e a mandíbula disforme congelada em um último grito de horror.

Houve um momento de silêncio absoluto, seguido por murmúrios de choque e horror. O cheiro pútrido da carne em decomposição encheu a sala, provocando náuseas em alguns dos presentes.

"Esses monstros," começou Rafael, sua voz carregada de fúria, "não deveriam ter saído da Coreia do Sul. Alguém fez um buraco no muro que os mantinha lá. Quem foi? Qual de vocês está por trás disso?"

Os representantes começaram a falar ao mesmo tempo, tentando se defender. Rafael ergueu a mão, exigindo silêncio.

"Silêncio!" rugiu ele, sua voz ecoando nas paredes. "Cidadãos brasileiros morreram. Crianças. Recém-nascidos. Eles não tinham chance. Quem é responsável por isso?"

Min-jae, o representante da Coreia do Sul, levantou-se lentamente. Ele estava visivelmente abalado, mas tentou manter a compostura. Seus olhos estavam cheios de preocupação e tristeza.

"Rafael," disse Min-jae suavemente, dando um passo à frente, "todos estamos sofrendo com essa situação. Precisamos manter a calma e trabalhar juntos para resolver isso. A raiva não nos ajudará agora."

Rafael se virou para Min-jae, os olhos estreitados. "Fácil para você dizer. Você nem mesmo tem um país para proteger. Tudo o que restou da Coreia do Sul são ruínas e monstros."

Min-jae recuou, ferido pelas palavras de Rafael. A sala ficou em silêncio, a tensão quase palpável. Rafael respirou fundo, tentando controlar sua raiva, mas era evidente que a dor e a perda que ele sentia estavam à beira de transbordar.

O representante do Japão, Sato Takashi, se levantou, tentando intervir. "Rafael, entendo sua dor. O Japão também está sendo atacado. Precisamos descobrir quem fez isso e como parar esses monstros. Mas brigar entre nós não vai ajudar."

Rafael balançou a cabeça, ainda furioso. "Isso foi um ato de sabotagem. Alguém queria que esses monstros escapassem. E agora estão se espalhando pelo mundo. Precisamos encontrar o culpado e garantir que paguem por isso."

A representante da China, Zhang Wei, interveio. "Se isso for verdade, é um crime contra toda a humanidade. Precisamos de provas concretas antes de acusarmos alguém. Até lá, nossa prioridade deve ser conter os monstros e proteger nossos cidadãos."

Enquanto as discussões prosseguiam, Min-jae se aproximou de Rafael, sua expressão séria mas calma. "Rafael, por favor, ouça-me. Sei que está com raiva, e com razão. Mas precisamos pensar claramente. Encontrar culpados agora não vai trazer os mortos de volta. Precisamos unir nossas forças para combater essa ameaça."

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