Minho estava encolhido no canto mais sombrio do seu quarto, os joelhos contra o peito e os braços envolvendo as pernas, como se tentasse se proteger do mundo. As cortinas, que geralmente deixavam a luz do sol iluminar seu espaço, estavam completamente fechadas, mergulhando o ambiente em uma penumbra pesada e claustrofóbica. O ar estava parado, impregnado de uma leve fragrância de flores secas que se misturava com o cheiro de mofo, um lembrete de que ele não tinha saído de casa nem para ir à floricultura nas últimas semanas.
Seu telefone, jogado no colchão ao lado, vibrava insistentemente. A tela brilhava com o nome de Félix aparecendo repetidas vezes, mas Minho ignorava cada toque. Ele não queria falar com ninguém, muito menos com Félix. A ideia de ver Hyunjin ao lado dele, com a lembrança fresca da discussão e de seus sentimentos não correspondidos, o fazia encolher ainda mais, como se pudesse desaparecer.
Na cabeça de Minho, a dor não fazia sentido lógico. Por que ele simplesmente não podia parar de sentir? Não havia motivo para continuar sofrendo por Hyunjin, alguém que estava feliz com Félix. Eles eram perfeitos juntos, ele sabia disso, e tentar se aproximar só o destruía mais. Minho desejava mais do que tudo poder esquecer. Se ele pudesse apagar cada lembrança, cada momento que passou admirando Hyunjin de longe, talvez as coisas fossem diferentes. Talvez ele não estivesse tão perdido.
Sua respiração parecia alta demais no quarto escuro, ecoando em sua cabeça como um lembrete de sua solidão. O celular vibrava mais uma vez, e dessa vez ele olhou para a tela, não por querer atender, mas por puro desespero.
Era Félix. De novo.
Minho apertou os olhos, lutando contra as lágrimas que ameaçavam cair. Ele sabia que Félix estava preocupado, mas o pensamento de encarar qualquer um deles parecia insuportável. Minho sabia que, para Félix, ele era um amigo importante. Mas como ele poderia continuar sendo esse amigo agora, quando seus sentimentos por Hyunjin tinham destruído tudo?
O telefone parou de vibrar, e o silêncio voltou a preencher o espaço. Minho, em um impulso de autopunição, começou a se repreender mentalmente, afundando ainda mais em sua própria tristeza. Na cabeça dele, ele era um garoto dramático demais, um peso para os outros, e provavelmente superaria tudo isso do pior jeito possível. Ele riu de si mesmo, amargo. "Claro, Minho. Talvez você só precise se embebedar, beijar alguém aleatório, pegar uma doença e acabar sozinho. Isso resolveria tudo, não é?"
Mas, no fundo, ele sabia que isso não resolveria nada. Esse tipo de pensamento apenas o fazia se sentir mais patético. Ele suspirou e se levantou com dificuldade, seus músculos rígidos de tanto tempo sentado no chão. Ele não comia há horas, talvez dias, e a fraqueza em suas pernas o lembrou disso. Mesmo assim, não sentia vontade de se alimentar. Tudo parecia sem propósito.
Enquanto isso, do outro lado da cidade, Félix estava inquieto. Ele continuava ligando para Minho, mas não obtinha resposta. A ansiedade dentro dele crescia a cada toque sem resposta, até que ele finalmente decidiu agir. “Ele não pode ficar se escondendo assim,” Félix murmurou para si mesmo, pegando suas chaves e saindo apressado do apartamento.
Quando Félix chegou ao prédio de Minho, o céu já estava tingido de um tom alaranjado do fim da tarde. Ele subiu rapidamente as escadas, o coração batendo forte no peito. Algo não estava certo, e ele sabia disso. Quando finalmente chegou à porta do apartamento de Minho, bateu com força, na esperança de que ele estivesse ali, do outro lado.
“Minho!” Félix chamou, a voz cheia de urgência. Ele bateu de novo, sem resposta. Tentou abrir a porta, mas estava trancada. Félix se afastou um pouco, respirando fundo enquanto pensava no que fazer. Ele não podia simplesmente ir embora sem saber se Minho estava bem.
Ele bateu mais uma vez, dessa vez com mais força. “Minho, por favor! Só me deixe saber que você está bem. Eu não vou te pressionar, só preciso te ver.”

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survivors
AcakNum mundo devastado por criaturas e experimentos científicos que transformaram humanos em monstros, a luta pela sobrevivência é implacável. Em meio a esse caos, Joshua e seus companheiros enfrentam dilemas morais e emocionais, tentando encontrar um...