sofrendo atrasado

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O sol subia lentamente, iluminando o quarto com uma luz suave e dourada, mas ninguém ali dentro havia conseguido dormir. A atmosfera era tensa, carregada de ansiedade e medo. Cada um tentava lidar com a situação da melhor forma possível, mas o cansaço físico e emocional começava a pesar sobre todos.

Kuea e Kon Diao estavam abraçados em um canto, tentando encontrar algum conforto um no outro. O silêncio entre eles era quebrado apenas pelo som da respiração pesada e os murmúrios distantes de Syn, que continuava a orar de forma incessante, preso em seu próprio mundo. O estado catatônico de Syn preocupava a todos, mas ninguém sabia ao certo como ajudá-lo.

Perto da porta, Uea e King estavam em pé, com os ouvidos colados na madeira, tentando captar qualquer som que viesse do corredor. Cada ruído, cada estalo, os fazia pular, o coração batendo acelerado com a expectativa do que poderia estar lá fora.

“Não consigo ouvir nada”, sussurrou Uea, frustrado. “É como se o prédio inteiro estivesse deserto.”

King assentiu, seus olhos fixos na porta. “Talvez seja melhor assim. Menos chances de algo ruim acontecer se não houver ninguém por perto.”

Lian e Phayak, por outro lado, estavam concentrados na tentativa de restaurar a energia. Estavam agachados ao lado de uma tomada, tentando improvisar um meio de trazer a eletricidade de volta ao quarto. Era um trabalho árduo, e eles estavam suados e com as mãos tremendo por causa dos leves choques que ocasionalmente recebiam.

“Cuidado, Lian”, alertou Phayak, enquanto via seu parceiro levar mais um choque. “Isso está ficando perigoso.”

“Eu sei”, respondeu Lian, com um leve tremor na voz. “Mas precisamos da energia. Não podemos ficar no escuro.”

No banheiro, Saypha tentava se limpar. Suas roupas e mãos estavam manchadas com o sangue dos antigos colegas de quarto, uma lembrança macabra da brutalidade que havia se instalado no prédio. Ele esfregava a pele com força, tentando remover as manchas, mas parecia que o sangue se recusava a sair, como se estivesse gravado em sua alma.

Enquanto isso, Nuer estava na janela, os olhos fixos na rua abaixo. A visão do mundo exterior era desoladora. Carros abandonados, pedaços de escombros, e, ocasionalmente, o movimento de uma sombra que poderia ser um monstro. Ele estava à procura de sinais de ajuda, de algo que indicasse que o pesadelo estava prestes a acabar. Mas tudo o que via era desespero.

De vez em quando, Nuer olhava para Syn, que estava ajoelhado no chão, a vela ao seu lado quase derretida por completo. Syn continuava orando, as palavras saindo de sua boca em um fluxo constante e ininterrupto. Era como se ele estivesse tentando se agarrar a qualquer fio de esperança, mas ao mesmo tempo, estava se perdendo em sua própria mente, incapaz de se reconectar com a realidade.

Nuer sentiu um nó se formar em sua garganta. Ele queria ajudar Syn, tirá-lo daquele estado, mas não sabia como. Aproximou-se devagar, sentando-se ao lado do namorado. “Syn,” chamou suavemente, mas não obteve resposta. “Syn, precisamos de você aqui. Não posso fazer isso sozinho.”

Syn parou por um momento, mas logo voltou a murmurar suas preces, como se não tivesse ouvido Nuer. A dor e a frustração eram palpáveis no rosto de Nuer, que apertou os punhos, sentindo-se impotente.

“Vamos tentar de novo mais tarde”, disse Uea, aproximando-se de Nuer. “Ele só precisa de tempo.”

“Não sei se temos tempo”, respondeu Nuer, a voz carregada de preocupação. “Cada minuto que passamos aqui sem fazer nada é um minuto mais perto de algo terrível acontecer.”

Uea suspirou, sentindo o peso da responsabilidade sobre seus ombros. “Eu entendo, mas não podemos forçá-lo. Tudo o que podemos fazer agora é esperar e proteger uns aos outros.”

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