a humanidade de Félix

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Sunghoon estava parado no centro da sala escura, iluminada apenas pela luz fraca de uma lâmpada oscilante. Seus olhos brilhavam com uma satisfação sinistra enquanto observava o enorme casulo preso ao teto, que pulsava com uma vida própria e grotesca. O casulo era feito de uma substância viscosa e transparente, dentro do qual se podia vislumbrar a silhueta de Jihoon, imóvel e preso em uma espécie de hibernação forçada.

Iu e Taemin estavam encostados em um canto da sala, os olhos arregalados e cheios de medo. A respiração de Iu estava rápida e irregular, suas mãos tremendo enquanto procurava freneticamente no bolso por um doce. O vício que a controlava se tornava mais intenso em momentos de extremo estresse, e ela sentia a necessidade de um alívio químico.

"Você vai se matar com isso um dia," murmurou Taemin, observando Iu com uma mistura de compaixão e desprezo. Ele próprio estava paralisado pelo medo, sua mente girando com pensamentos de fuga. O medo de ser o próximo a acabar como Jihoon era sufocante.

"Eu prefiro isso a acabar como ele," retrucou Iu, seus olhos fixos no casulo. Finalmente encontrando um doce, ela o colocou na boca, sentindo o açúcar dissolver-se em sua língua, acalmando seus nervos por um breve momento.

Sunghoon se virou lentamente para encarar os dois. Seu sorriso se alargou, um gesto que não trazia qualquer conforto, mas apenas aumentava a sensação de perigo iminente. "Vocês parecem preocupados," ele comentou, sua voz suave e cheia de ironia.

"Preocupados?" repetiu Taemin, sua voz trêmula. "Olhe para ele! O que você fez com Jihoon?"

Sunghoon deu uma risadinha baixa, quase como um ronronar. "Jihoon está se tornando algo... especial. Ele será como eu, um Corrompido com habilidades extraordinárias. Vocês deveriam se sentir honrados por testemunhar essa transformação."

Taemin deu um passo para trás, pressionando-se contra a parede, como se pudesse desaparecer nela. "Você é louco. Isso é monstruoso."

"Talvez," disse Sunghoon, aproximando-se lentamente de Taemin, que se encolheu ainda mais. "Mas veja, o mundo agora pertence aos monstros. E nós, os Corrompidos, somos o próximo passo na evolução humana."

O ar na sala estava pesado, carregado com o cheiro de mofo e algo metálico. Cada pulsação do casulo emitia um som úmido e sinistro, que ecoava nas paredes de concreto. Iu sentia-se nauseada, e o doce que ela tinha ingerido parecia não ser suficiente para acalmar seu estômago revoltado.

"Eu quero sair daqui," sussurrou Taemin, mais para si mesmo do que para qualquer outra pessoa.

Sunghoon riu de novo, um som seco e frio. "Sair? E ir para onde, Taemin? O mundo lá fora não é mais seguro do que aqui dentro. Pelo menos aqui, você tem um propósito. E não se preocupe, você também terá sua chance de se tornar algo mais."

Taemin balançou a cabeça, o pavor tomando conta de suas feições. "Eu não quero me tornar um monstro. Eu só quero viver."

"Ah, mas viver como o quê?" perguntou Sunghoon, inclinando a cabeça com curiosidade falsa. "Como um humano fraco e vulnerável? Ou como um ser poderoso, capaz de dominar qualquer ameaça?"

Iu engoliu em seco, o gosto doce ainda presente em sua boca, mas o alívio que trouxe já estava desaparecendo. "Você está torturando ele," disse ela, sua voz baixa e cheia de raiva contida. "Isso não é evolução, é crueldade."

"Você chama de crueldade, eu chamo de preparação," respondeu Sunghoon, virando-se para observar o casulo mais uma vez. "Jihoon está passando por uma metamorfose necessária. Quando ele acordar, será forte. Forte o suficiente para sobreviver no novo mundo."

O silêncio que se seguiu foi opressivo. Taemin olhou para Iu, seus olhos suplicantes, procurando algum sinal de que ela compartilhava seu desejo de escapar. Ela assentiu quase imperceptivelmente, um entendimento mudo passando entre eles.

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