oque eu/você se tornou

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Jaehyuk entrou em casa depois de uma longa e exaustiva reunião com os residentes de Mini Coreia. A tensão na cidadezinha era palpável, como uma tempestade prestes a desabar. Todos estavam preocupados com o possível retorno de Hyunjin, e Jaehyuk sabia que a situação era delicada. Para evitar um cenário de caça às bruxas, ele decidiu que Haruto deveria permanecer dentro de casa, longe dos olhares desconfiados dos outros.

Enquanto caminhava pelo corredor em direção à sala, ele ouviu sons de gorfadas vindos do banheiro. Preocupado, apressou-se a abrir a porta e encontrou Haruto debruçado sobre a pia, vomitando. Seus cabelos estavam desgrenhados, e ele vestia apenas uma calça de moletom. A blusa preta que ele usava estava jogada de qualquer jeito no canto do banheiro.

"Haruto?" Jaehyuk perguntou, a voz carregada de preocupação. Ele entrou no banheiro e pegou a blusa do chão, mas Haruto foi mais rápido, pegando a blusa de volta.

"Não toque nisso!" Haruto exclamou, sua voz um misto de urgência e defensividade. "Está suja, não pegue."

Jaehyuk parou, observando Haruto com cuidado. Ele estava claramente abalado, e o cheiro ácido do vômito preenchia o ar, misturando-se com o odor de suor e ansiedade. A luz fluorescente do banheiro criava sombras duras no rosto de Haruto, destacando as linhas de cansaço e estresse.

"Está tudo bem, eu não vou pegar," Jaehyuk disse suavemente, tentando acalmar Haruto. Ele estendeu a mão para tocar o ombro de Haruto, querendo oferecer algum consolo.

No entanto, antes que pudesse reagir, Haruto entrou em modo defensivo. Com um movimento rápido e preciso, ele agarrou o braço de Jaehyuk e o derrubou no chão, imobilizando-o. Jaehyuk arfou ao sentir o impacto, a dor irradiando por seu corpo.

"Haruto!" Jaehyuk exclamou, olhando nos olhos de Haruto. "Sou eu, Jaehyuk. Calma."

Haruto piscou, como se finalmente reconhecesse a situação. Ele afrouxou o aperto e se afastou, visivelmente abalado.

"Desculpa..." Haruto murmurou, sua voz trêmula. "Eu... Eu não queria fazer isso."

Jaehyuk se levantou com cuidado, massageando o ombro dolorido. Ele observou Haruto, percebendo o quão frágil ele estava. A transformação de Haruto de um ser humano comum para um meio-monstro havia deixado cicatrizes profundas, não apenas no corpo, mas na mente também.

"Está tudo bem," Jaehyuk disse, tentando manter a voz firme e reconfortante. "Eu sei que você não quis. Vamos sair daqui, vou preparar um chá para você."

Haruto assentiu, seguindo Jaehyuk até a cozinha. A casa estava silenciosa, e o som suave dos passos de ambos no piso de madeira parecia ecoar no espaço vazio. Jaehyuk colocou água para ferver e começou a preparar o chá, o aroma calmante das ervas enchendo a cozinha.

Enquanto esperavam, Jaehyuk observou Haruto. Ele estava sentado à mesa, os olhos fixos no tampo de madeira. Seus dedos tamborilavam nervosamente, e o ar ao redor dele parecia vibrar com tensão contida.

"Você quer falar sobre o que aconteceu?" Jaehyuk perguntou, quebrando o silêncio.

Haruto olhou para ele, seus olhos cheios de uma mistura de medo e tristeza. "Eu... Não sei. Estou tentando me controlar, mas às vezes... É difícil."

Jaehyuk assentiu, entendendo. "Você não está sozinho nisso, Haruto. Eu estou aqui para você, e juntos vamos encontrar uma maneira de superar isso."

Haruto suspirou, uma lágrima solitária escorrendo por sua bochecha. "E se eu não conseguir? E se eu acabar machucando alguém... de novo?"

Jaehyuk se aproximou, sentando-se ao lado de Haruto. Ele pegou a mão de Haruto nas suas, sentindo o frio e a rigidez. "Vamos fazer isso um dia de cada vez. Não precisa carregar todo o peso de uma vez."

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