survivors

não tenho noção

O sol já estava alto no céu, iluminando o caminho enquanto Felix e Hyunjin caminhavam em direção ao apartamento de Minho. A cidade parecia mais tranquila do que o normal, quase como se ela estivesse refletindo a inquietação nos corações dos dois amigos. Felix mal conseguia esconder sua ansiedade, enquanto Hyunjin, apesar de aparentar calma, também estava preocupado. Eles já não viam Minho há dias e sabiam que algo estava errado. Felix insistira em ir até o apartamento de Minho, e Hyunjin concordara, sabendo que essa era provavelmente a única maneira de entender o que estava acontecendo.

Quando chegaram ao prédio, a entrada estava vazia. Felix olhou ao redor, notando que o porteiro não estava no local habitual. O silêncio na recepção fazia ecoar seus próprios passos, intensificando a sensação de solidão que já o perseguia desde que Minho começara a se afastar. Eles passaram pelo saguão e seguiram para o elevador, onde Felix apertou o botão do andar de Minho com dedos trêmulos. O elevador parecia se mover devagar, quase como se estivesse hesitando em levá-los até lá.

A cabine do elevador estava iluminada por uma luz suave, mas isso pouco ajudava a aliviar o peso no peito de Felix. Cada segundo que passava era uma tortura silenciosa, enquanto ele tentava não pensar nas possíveis razões para o comportamento distante de Minho. Hyunjin percebeu o nervosismo de Felix e se aproximou mais, sem dizer uma palavra, mas oferecendo uma presença confortante.

Quando o elevador finalmente parou no andar de Minho, as portas se abriram com um leve som de metal raspando. Felix e Hyunjin saíram juntos, mas Hyunjin logo parou no meio do corredor.

"Eu vou esperar aqui," disse Hyunjin em um tom que sugeria mais do que apenas uma escolha. Era quase uma ordem, uma decisão tomada para dar a Felix o espaço necessário para conversar com Minho. "Vai na frente."

Felix olhou para Hyunjin, surpreso e um pouco hesitante. O silêncio que seguiu fez a tensão aumentar ainda mais. Hyunjin estendeu a mão e segurou a de Felix, um gesto simples, mas que transmitia uma profunda solidariedade.

"Você consegue," Hyunjin murmurou, seu olhar firme e encorajador. "Só... seja sincero com ele. Tudo vai ficar bem."

Felix sentiu a pressão de Hyunjin contra seus dedos, uma sensação reconfortante que ajudou a acalmar um pouco os nervos que estavam à flor da pele. Ele assentiu, tentando encontrar coragem nas palavras de Hyunjin, mesmo que ainda estivesse inseguro sobre o que iria encontrar.

"Obrigado, Hyunjin," disse Felix, sua voz suave, quase um sussurro. Ele soltou a mão de Hyunjin e caminhou em direção à porta de Minho, sentindo o coração bater mais forte a cada passo. Ao chegar à porta, ele respirou fundo, fechou os olhos por um momento e levantou a mão para bater.

O som dos nós dos dedos de Felix contra a madeira foi mais alto do que ele esperava, ecoando pelo corredor vazio. Felix esperou, contando os segundos em sua cabeça, mas não houve resposta imediata. Ele bateu novamente, desta vez com um pouco mais de força, o medo de que Minho não estivesse em casa crescendo em seu peito.

Por fim, ele ouviu o som de passos do outro lado da porta. Lentos, arrastados, como se a pessoa estivesse caminhando contra sua vontade. Quando a porta finalmente se abriu, Felix se viu diante de Minho, que parecia ainda mais abatido do que Felix imaginava. O cabelo bagunçado, a camiseta amassada, e o olhar cansado sugeriam que Minho havia acabado de acordar, mesmo que já passasse de meio-dia.

"Minho..." Felix começou, mas as palavras morreram em sua garganta. Ele estava ali, diante de seu amigo, mas de repente não sabia o que dizer. A expressão de Minho era uma mistura de surpresa e exaustão, e por um momento, Felix sentiu-se intruso.

Minho piscou algumas vezes, como se estivesse tentando se livrar do resquício de sono. Ele parecia não estar esperando ninguém, muito menos Felix. "Felix? O que você está fazendo aqui?" Sua voz era rouca e suave, como se ele não tivesse falado com ninguém em horas.