o conflito da mente

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O som leve da caneta deslizando no papel era tudo que Joshua ouvia, abafado pelos fones de ouvido que ele mantinha confortavelmente encaixados. A sala de aula estava iluminada por luzes fluorescentes brancas, que criavam um ambiente claro, quase asséptico, mas ao mesmo tempo um pouco cansativo. O sol da manhã entrava pela janela, mas parecia ter pouco impacto na sala dominada pelo brilho artificial. O cheiro da tinta das canetas e do papel velho era familiar, quase reconfortante, enquanto Joshua mergulhava cada vez mais em suas anotações.

Ele estava concentrado em revisar para a prova que se aproximava. Cada palavra que escrevia parecia uma pequena vitória em meio à ansiedade que sentia com os exames, especialmente depois de toda a tensão envolvendo os resultados médicos. Seus fones de ouvido, reproduzindo uma música baixa e suave, isolavam-no do mundo ao redor, criando uma bolha de calma enquanto ele rabiscava conceitos de biologia no caderno.

Enquanto isso, alguns metros atrás de Joshua, outra cena estava se desenrolando. Um grupo de três garotos — conhecidos por serem os valentões da sala — cercava um aluno mais frágil, de óculos, que encolhia-se em sua cadeira. O garoto, claramente nervoso, suava sob a pressão dos outros.

"Você achou que ia escapar só porque não fez o dever de casa pra gente?" Um dos valentões, o líder do grupo, disse, sua voz carregada de malícia. Ele era mais alto que os outros e parecia se alimentar do medo dos mais fracos. "Agora você vai ter que compensar. E quem sabe encontrar mais alguém pra fazer por nós, já que você falhou."

O garoto de óculos não respondeu. Ele apenas tentou evitar o olhar deles, visivelmente desconfortável, seus olhos buscando algum tipo de escape que não existia. O pânico era claro em seu rosto.

"Ei, aquele ali parece um bom substituto." Um dos outros valentões disse, inclinando-se para frente e apontando diretamente para Joshua. Ele estava alheio a tudo, completamente imerso em seu estudo, a música nos fones bloqueando qualquer som da conversa que se desenrolava ao fundo.

O líder sorriu de canto, os olhos escuros brilhando com crueldade enquanto ele olhava para Joshua. "Parece que encontramos nosso novo escravo." Ele deu um passo em direção a Joshua, preparando-se para provocá-lo e exigir que ele fizesse o dever de casa do grupo. "Ei, otário! Você vai—"

Antes que ele pudesse terminar a frase, uma figura alta e imponente se levantou de uma das fileiras mais ao fundo da sala. Mingyu, que estava observando toda a cena de longe, não tinha intenção alguma de permitir que tocassem em Joshua. Seus olhos se estreitaram com um brilho perigoso quando viu os valentões apontando para seu namorado.

"Nem pense nisso." A voz de Mingyu cortou o ar como uma lâmina, firme e carregada de uma autoridade que paralisou o grupo de valentões por um momento. Ele se aproximou com passos largos, sua presença instantaneamente dominando o espaço ao redor.

Os três valentões trocaram olhares entre si, claramente subestimando Mingyu no início. Mas quando ele parou à frente deles, suas expressões mudaram. Mingyu, apesar de normalmente ser a pessoa mais tranquila e amável, tinha uma imponência que os deixou hesitantes.

"O que você disse?" O líder do grupo tentou manter a pose, mas havia uma vacilação em sua voz. Ele percebeu que havia mexido com a pessoa errada, mas o orgulho o impedia de recuar completamente.

"Eu disse para nem pensar em tocar no Joshua." Mingyu repetiu, sua voz baixa, mas cheia de intenção. Ele cruzou os braços sobre o peito, deixando claro que não deixaria essa situação passar sem confronto. "Se vocês chegarem perto dele, vão se arrepender."

Joshua, ainda completamente alheio ao que acontecia, continuava com os fones de ouvido e a caneta dançando sobre o papel. A música abafava qualquer som de tensão ao seu redor, e ele não notava os olhares trocados, a aura pesada de conflito prestes a explodir.

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