monstro, final,responsabilidade e aceitação

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A neve caía suavemente, cobrindo as ruas devastadas com uma camada branca e silenciosa. Minho e Han caminhavam lado a lado, cada passo esmagando o manto nevado abaixo de seus pés. O silêncio entre eles era denso, como se ambos estivessem perdidos em seus próprios pensamentos sombrios.

Minho estava mais quieto do que o normal. Desde o incidente com o governo, algo dentro dele parecia ter mudado. Han olhava para ele de vez em quando, tentando encontrar algum sinal de normalidade, mas tudo o que via era um vazio perturbador nos olhos de Minho.

De repente, Han avistou um monte de gatinhos encolhidos perto de uma pilha de entulho. Seus olhos se iluminaram com uma esperança momentânea, algo que poderia trazer um pouco de alegria àquela desolação. Ele puxou Minho pela mão, levando-o até os pequenos felinos.

"Olha, Minho! Gatinhos!" Han disse com um sorriso forçado, tentando animar o amigo.

Minho olhou para os gatinhos com uma expressão hesitante. Ele parecia receoso de tocá-los, como se tivesse medo de machucá-los ou de ser rejeitado por aquelas pequenas criaturas indefesas. Han, determinado a fazer Minho se sentir melhor, pegou um dos gatinhos e colocou no colo de Minho.

"Vai, faz carinho nele. Eles são inofensivos," disse Han, pegando um pouco de comida da mochila para alimentar os gatinhos.

Enquanto Han se virava para pegar a comida, ele ouviu um som estranho vindo de Minho. Quando se virou novamente, ficou horrorizado ao ver Minho colocando o gatinho na boca. O desespero tomou conta de Han.

"Minho, não!" Han gritou, arrancando o gato das mãos de Minho.

Minho começou a chorar como uma criança, lágrimas grossas escorrendo pelo seu rosto. "Estou com fome, Han... muita fome..."

Han ficou desesperado, sem saber o que fazer. Ele nunca tinha visto Minho agir dessa forma, tão primitivo, tão animal. "Desculpa, Minho... eu... eu não sei como ajudar..."

Minho, tomado pela fome insaciável, mordeu seu próprio braço, o sangue jorrando rapidamente. Han observou, apavorado, enquanto Minho se alimentava do próprio sangue. A regeneração de Minho estava muito mais lenta desde que fora atropelado pelo caminhão e atingido pela arma do governo. Han sabia que isso não era bom.

"Minho, para com isso!" Han implorou, a voz trêmula. "Por favor, para!"

Ele rapidamente tirou uma lata de comida da mochila, abrindo-a com mãos trêmulas e oferecendo-a a Minho. "Aqui, come isso!"

Minho pegou a lata e começou a comer como um animal selvagem, os olhos fixos e famintos. Han observava, sentindo um nó na garganta. O cheiro metálico do sangue misturado ao ar frio e ao cheiro de comida em conserva fazia seu estômago revirar.

Enquanto Minho devorava a comida, Han se sentiu dominado pelo medo e pela tristeza. Ele começou a perceber que talvez Minho não fosse um infectado especial, e que a transformação estava inevitavelmente progredindo. Minho estava infectado há quatro meses, e o processo parecia estar se acelerando. Han sabia que um infectado comum demora de três a cinco meses para se transformar completamente. E agora, vendo Minho daquele jeito, ele temia que o amigo estivesse chegando ao ponto sem retorno.

"Minho... por favor, segura firme," Han murmurou, quase inaudível, mais para si mesmo do que para Minho.

Minho continuou comendo, suas mãos trêmulas e sujas de sangue. Han sentou-se ao lado dele, sem saber o que fazer. O vento frio uivava ao redor deles, cortando suas peles e trazendo a sensação de desespero ainda mais profunda. Han olhou para o céu nublado, perguntando-se quanto tempo mais poderiam aguentar.

O tempo parecia se arrastar enquanto Minho terminava a comida. Quando finalmente parou, ele olhou para Han com olhos vidrados e sem foco. Han estendeu a mão, tentando alcançar a humanidade dentro de Minho.

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