confiança

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Jaehyuk estava exausto. Passar o dia ajudando Junkyu com o telhado solto tinha sido uma tarefa árdua, e agora, ao ver que já passava das onze horas, ele só queria um banho quente e uma cama macia. Ao entrar em casa, o ambiente estava tranquilo, com apenas o leve murmúrio da televisão na sala e o som distante do vento noturno balançando as árvores. Ele subiu as escadas, cada passo ecoando na quietude da noite, e abriu a porta do quarto, desejando nada mais do que um pouco de descanso.

Mas ao entrar no quarto, Jaehyuk congelou. Lá, em pé no meio do quarto, estava Haruto, como uma aparição saída de seus sonhos mais profundos e desesperados. Haruto estava vestido com roupas escuras e um capuz, que ele começou a tirar ao ver Jaehyuk entrar. Os olhos de Haruto eram um misto de emoções conflitantes — tristeza, angústia, e algo mais sombrio.

Jaehyuk não sabia o que pensar ou sentir. A surpresa e a alegria de ver Haruto novamente eram esmagadoras, mas havia algo diferente em seu olhar. Antes que Haruto pudesse dizer qualquer coisa, Jaehyuk cruzou a distância entre eles em poucos passos, agarrando-o pelos ombros e puxando-o para um beijo desesperado. A saudade e o desespero reprimido dos últimos meses explodiram, e ele pressionou os lábios contra os de Haruto, querendo sentir, provar, e saber que ele estava ali de verdade.

Mas o sabor que encontrou era inesperado. O gosto metálico e ferruginoso de sangue invadiu sua boca, chocando-o. Jaehyuk recuou ligeiramente, ainda segurando Haruto pelos ombros, e olhou para ele com confusão e horror.

"Haruto, o que...?" Jaehyuk começou a perguntar, mas a visão dos olhos de Haruto, misturados com o brilho da iluminação suave do abajur, cortou suas palavras. Havia algo de monstruoso naqueles olhos.

Haruto parecia visivelmente perturbado. Ele abaixou a cabeça, tentando evitar o olhar de Jaehyuk, e sussurrou com uma voz cheia de dor. "Eu precisava sobreviver, Jaehyuk. Eu... não sou o mesmo."

O quarto estava cheio de um silêncio pesado, o cheiro de sangue e suor pairando no ar. Jaehyuk podia sentir a tensão e a angústia de Haruto, e algo dentro dele se despedaçou. Ele não sabia o que Haruto tinha passado, mas o olhar nos olhos dele dizia que tinha sido algo terrível.

"Haruto, o que aconteceu? Onde você esteve?" Jaehyuk perguntou, sua voz carregada de preocupação e medo. Ele sabia que precisava entender, precisava saber o que tinha acontecido com o homem que ele amava.

Haruto respirou fundo, os olhos ainda evitando os de Jaehyuk. "Eu... fui forçado a fazer coisas para sobreviver. Coisas que você não entenderia, que você não deveria entender. Eu... me tornei algo mais do que humano. Algo... monstruoso."

Jaehyuk sentiu um arrepio percorrer sua espinha. Ele sabia que o mundo tinha mudado, que havia perigos por toda parte, mas ouvir Haruto admitir que tinha se tornado algo mais era quase insuportável.

"Não importa o que aconteceu, Haruto. Você está aqui agora, e eu estou aqui para você. Vamos superar isso juntos." Jaehyuk disse, sua voz firme apesar do medo que sentia. Ele segurou o rosto de Haruto entre suas mãos, forçando-o a olhar em seus olhos. "Eu te amo, não importa o que tenha acontecido."

Haruto finalmente olhou nos olhos de Jaehyuk, e lágrimas começaram a rolar por seu rosto. "Eu também te amo, Jaehyuk. Mas eu tenho medo do que me tornei, do que sou capaz de fazer."

Jaehyuk puxou Haruto para um abraço apertado, sentindo o corpo tenso dele relaxar um pouco em seus braços. "Nós vamos descobrir isso juntos. Eu não vou te abandonar."

Os dois ficaram ali, abraçados no meio do quarto, enquanto o mundo lá fora continuava girando indiferente. O cheiro de sangue ainda pairava no ar, mas para Jaehyuk, o que importava era que Haruto estava de volta. Ele sabia que haveria desafios pela frente, mas estava determinado a enfrentar cada um deles ao lado de Haruto.

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