survivors

início da rebelião

A sala onde eles estavam parecia esquecida pelo tempo, com as paredes amareladas e rachadas, móveis cobertos de poeira, e uma lâmpada antiga no teto que piscava constantemente, lançando sombras que dançavam nas superfícies de metal enferrujado. O ar era pesado, com cheiro de mofo e ferrugem, fazendo com que cada respiração fosse um lembrete do lugar claustrofóbico e insalubre onde se encontravam. Era o tipo de sala onde segredos se perdiam, onde conspirações nasciam e morriam sem que ninguém soubesse.

Rafael estava sentado ao lado de uma pequena mesa de metal no centro da sala, digitando rapidamente em um dispositivo portátil, seus dedos voando pelo teclado enquanto enviava uma mensagem codificada para seu contato no Brasil. Cada palavra que digitava tinha peso, cada frase era carregada com a urgência da situação que agora parecia muito maior do que qualquer coisa que ele já havia enfrentado. O plano de destruição não envolvia apenas a Coreia do Sul, mas uma guerra total, um colapso global se Dr. Min conseguisse colocar suas criaturas imortais em ação.

"Isso precisa chegar até os líderes das Nações Unidas", Rafael murmurou para si mesmo, enquanto digitava. "Se falharmos aqui, o mundo inteiro estará perdido."

Monsieur, do outro lado da sala, permanecia vigilante, com os olhos fixos na pequena fresta da porta que dava para o corredor. Seu corpo estava tenso, como o de um predador preparado para atacar a qualquer sinal de perigo. Ele estava alerta para o menor ruído, o menor movimento fora do lugar. A respiração dele era controlada, mas a mente estava em constante rotação, calculando as possíveis rotas de fuga, os próximos passos. Ele sabia que estavam no território inimigo, e um movimento em falso significaria o fim de tudo.

"Está tudo claro por enquanto", disse ele, num sussurro áspero, sem olhar para trás. "Mas não podemos ficar aqui por muito tempo. Eles vão perceber que o guarda não voltou."

No canto da sala, Min-jae estava encostado na parede, encolhido sobre si mesmo, os olhos arregalados e fixos no soldado desacordado a poucos metros de distância. O coração do jovem coreano batia rápido, e o suor escorria pela sua testa. Ele ainda não conseguia processar tudo o que havia testemunhado. As criaturas, os imortais... os gritos de dor do homem que fora transformado naquelas abominações. Tudo aquilo era como um pesadelo do qual ele não conseguia acordar.

"Isso não pode ser real..." Min-jae murmurou, balançando a cabeça lentamente. "Isso... isso é coisa de filme. Não pode estar acontecendo de verdade."

Rafael fez uma pausa na digitação, levantando os olhos para o jovem. Ele podia ver o medo no rosto de Min-jae, o tipo de medo que paralisa, que faz uma pessoa se sentir impotente diante do que está por vir.

"Eu sei que parece impossível de acreditar", disse Rafael, com a voz mais firme do que se sentia. "Mas isso é real. Precisamos manter o foco, Min-jae. Não podemos nos dar ao luxo de entrar em pânico agora."

Min-jae olhou para Rafael, seus olhos arregalados como se estivesse à beira de um colapso. "Eles vão... vão nos matar. Você viu o que eles fizeram com aquele homem. Vamos acabar como ele, ou pior, sendo usados como... como armas!"

"Não", Rafael respondeu com firmeza. "Não vamos. Eu prometo a você, não vamos permitir que isso aconteça."

O soldado desacordado no chão soltou um gemido baixo, o que fez todos na sala olharem rapidamente para ele. Monsieur girou o corpo num movimento rápido, os olhos gelados observando o homem, avaliando se ele representava uma ameaça imediata. O soldado parecia estar começando a acordar, movendo-se de forma lenta e desajeitada, os olhos piscando pesadamente enquanto tentava recobrar a consciência.

"Monsieur, ele está acordando", alertou Rafael, enquanto se levantava da cadeira, deixando o dispositivo de lado.

Monsieur caminhou rapidamente até o soldado, ajoelhando-se ao lado dele com uma eficiência fria. Ele puxou um pano de dentro da jaqueta e amarrou a boca do homem antes que pudesse emitir qualquer som mais alto. Os olhos do soldado se arregalaram em pânico ao perceber sua situação, e ele começou a se debater, mas Monsieur o segurou firme, suas mãos experientes imobilizando o homem com facilidade.