desespero

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Félix acordou na manhã seguinte com um desconforto. Ele estava prestes a abrir os olhos, mas sentiu algo tocar sua nuca. O instinto imediato foi de alerta, e ele congelou. Suas mãos apertaram o colchão com força, tentando controlar o pânico que começava a crescer dentro dele. A respiração quente em seu rosto indicava que alguém estava muito próximo, e o cheiro familiar o fez perceber que era Hyunjin. Mas o que Hyunjin estava fazendo em cima dele? Ele podia sentir o joelho de Hyunjin pressionando entre suas pernas, uma situação alarmante e confusa.

Félix tentou não mostrar que estava acordado, cada músculo tenso enquanto tentava entender o que estava acontecendo. A presença tão íntima de Hyunjin era desconcertante e perturbadora. Ele sentiu a mente girar, se perguntando se estava sendo assediado por alguém em quem sempre confiou. O choque e o medo se misturavam, criando uma cacofonia de pensamentos e emoções.

Foi então que alguém bateu na porta, e o "Hyunjin" se afastou rapidamente. Félix ouviu passos se dirigindo para a porta e, ainda paralisado pelo medo, ouviu Hyunjin conversando com Junkyu. O cheiro de comida indicava que era o café da manhã.

"Hyunjin, eu trouxe o café da manhã," Junkyu disse com a voz animada.

"Obrigado, Junkyu. Eu estava esperando por isso," respondeu Hyunjin, sua voz soando normal, sem qualquer indicação de que algo estranho tinha acontecido momentos antes.

Félix permaneceu imóvel, tentando processar o que acabara de acontecer. Ele não conseguia se mover, seu corpo ainda rígido de medo. A ideia de que Hyunjin, seu amigo e companheiro de longa data, pudesse estar o assediando era aterrorizante. A confiança que sempre teve em Hyunjin estava abalada, e ele não sabia como lidar com isso.

"Você está bem, Hyunjin? Parece meio estranho," Junkyu comentou, aparentemente notando alguma tensão.

"Estou bem, só um pouco cansado," respondeu Hyunjin, tentando desviar a conversa.

"Ok, mas se precisar de alguma coisa, estou por aqui," disse Junkyu antes de se afastar.

Hyunjin fechou a porta e voltou para o quarto. Félix rapidamente fechou os olhos, fingindo ainda estar dormindo. Ele ouviu Hyunjin se aproximar novamente, mas desta vez ele se deitou ao lado de Félix, não em cima dele.

"Félix, está na hora de acordar. Trouxe café da manhã," disse Hyunjin suavemente, como se nada tivesse acontecido.

Félix abriu os olhos lentamente, tentando controlar sua expressão para não mostrar o pânico interior. Ele olhou para Hyunjin, que tinha um sorriso suave no rosto. A normalidade aparente de Hyunjin era desconcertante, quase como se Félix tivesse imaginado tudo.

"Bom dia," disse Félix, tentando manter a voz estável. "Desculpe, acho que dormi mais do que devia."

"Tudo bem," respondeu Hyunjin, entregando-lhe uma bandeja com comida. "Você estava cansado. Coma algo para recuperar as energias."

Félix pegou a bandeja e começou a comer mecanicamente, sua mente ainda girando com o que havia acontecido. Ele precisava entender se aquilo era uma alucinação ou se realmente tinha acontecido. Mas o mais importante, ele não podia falar sobre isso com ninguém. A comunidade já estava estressada o suficiente, e uma acusação dessas poderia causar um caos.

Enquanto comiam, Hyunjin parecia alheio ao turbilhão de emoções que Félix estava sentindo. "Temos muito trabalho hoje. Precisamos verificar as defesas e garantir que a cerca elétrica esteja funcionando perfeitamente."

"Sim, claro," respondeu Félix automaticamente, sua mente ainda presa na memória da manhã.

Eles terminaram o café da manhã em silêncio, e Félix se vestiu rapidamente, tentando evitar qualquer contato visual com Hyunjin. A mente de Félix estava em um estado de alerta constante, cada pequeno movimento de Hyunjin era analisado e interpretado através do prisma do medo e da desconfiança recém-formados.








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