Sweet Home

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Wonho estacionou o carro em frente à casa de Shownu, respirando fundo enquanto olhava para a fachada familiar. O sol da tarde lançava sombras suaves sobre as paredes brancas, criando um ambiente quase idílico, mas dentro de Wonho, tudo parecia caótico e turvo. Ele segurava a sacola de pães com mais força do que o necessário, como se aquilo fosse uma âncora para mantê-lo preso à realidade.

Ele não era bom em pedir desculpas. Nunca foi. A raiva era mais fácil de expressar, uma chama que ele sabia acender e controlar. Mas agora, aquela chama havia consumido tudo, deixando apenas cinzas amargas. Ele sabia que havia errado, sabia que seu surto havia machucado Shownu e Hyungwon. E, por mais que quisesse recuar, a culpa e o remorso o empurravam adiante, até a porta que ele conhecia tão bem.

Ao abrir a porta da frente, Wonho sentiu o cheiro familiar de tinta fresca. Shownu sempre se refugiava em sua arte, encontrando paz nas cores e nas pinceladas que preenchiam suas telas. A casa estava quieta, exceto pelo leve som de um pincel deslizando pela tela em algum lugar ao fundo.

“Shownu?” Wonho chamou, sua voz mais suave do que o habitual.

Ele caminhou até a sala de estar e parou na porta do estúdio de Shownu. A visão do namorado trouxe uma mistura de sentimentos. Shownu estava de costas para a porta, concentrado na tela à sua frente. Ele vestia uma camiseta manchada de tinta e jeans desgastados, os ombros largos se movendo em um ritmo constante enquanto ele pintava.

Wonho hesitou, seus pés enraizados no chão. Ele não queria interromper aquele momento de paz, mas sabia que não podia adiar mais. Finalmente, deu um passo à frente, a madeira do piso rangendo sob seus pés.

“Wonho?” Shownu se virou, a surpresa clara em seus olhos quando o viu parado ali. “Eu não sabia que você vinha.”

“Eu… precisava falar com você,” Wonho disse, sentindo-se estúpido por não conseguir encontrar as palavras certas.

Shownu largou o pincel com cuidado na paleta, o som do metal contra o vidro ecoando no silêncio da sala. “Está tudo bem?” Ele perguntou, os olhos escuros analisando Wonho com preocupação.

Wonho abriu a boca para responder, mas as palavras ficaram presas em sua garganta. Ele olhou para a pintura que Shownu estava trabalhando – uma paisagem tranquila de campos e montanhas sob um céu claro. A serenidade da cena parecia tão distante da turbulência que ele sentia dentro de si.

“Eu… não deveria ter falado com você daquele jeito,” Wonho finalmente disse, desviando o olhar da tela e voltando-o para Shownu. “Eu fui um idiota.”

A surpresa passou pelo rosto de Shownu por um momento, mas ele rapidamente a escondeu com um sorriso pequeno e incerto. “Está tudo bem, Wonho. Eu sei que você estava chateado.”

“Não, não está tudo bem,” Wonho insistiu, sentindo a urgência em sua voz aumentar. Ele colocou a sacola de pães sobre a mesa ao lado, as mãos tremendo levemente. “Eu não devia ter gritado com você. Eu… só estava tão frustrado, e você não tinha nada a ver com isso.”

Shownu franziu a testa, seus olhos escurecendo com preocupação. “Wonho, você não precisa se desculpar. Eu sei que as coisas têm sido difíceis para você e Hyungwon.”

“Isso não é desculpa,” Wonho rebateu, sua voz mais áspera do que pretendia. Ele passou uma mão pelos cabelos, os nós em seu estômago apertando mais. “Eu te machuquei, e você não merecia isso.”

Shownu abaixou o olhar, mordendo o lábio. Ele sempre foi o mais compreensivo entre eles, o que equilibrava as emoções voláteis de Wonho e a frieza distante de Hyungwon. Mas agora, havia algo em seus olhos que Wonho não conseguia decifrar – algo que parecia pesar em sua alma.

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