mincheoljichan

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A noite estava prestes a cair quando o carro finalmente parou em frente à mansão dos Kim. A construção imponente, com colunas brancas e jardins meticulosamente cuidados, tinha uma aura fria e distante, como se fosse um museu ao invés de uma casa onde pessoas viviam. Mingyu desligou o motor e soltou um suspiro que parecia carregar o peso de uma vida inteira.

Seongcheol olhou para o namorado no banco do motorista, sua expressão uma mistura de preocupação e determinação. “Tem certeza de que está tudo bem com isso?” perguntou, sua voz firme mas carregada de suavidade, como se tentasse acalmar a si mesmo e a Mingyu.

“Eu queria que isso fosse diferente,” Mingyu respondeu, apertando o volante com força. “Mas Jeonghan queria conhecer minha família, então… aqui estamos.”

Jeonghan, no banco de trás, soltou um sorriso reconfortante. “Vai ficar tudo bem, Gyu. Somos fortes juntos. Eu só… queria entender mais de onde você vem.”

Joshua permaneceu em silêncio, seu olhar fixo na casa à frente. Ele sentia um calafrio percorrer sua espinha ao observar as janelas grandes que refletiam o céu escurecendo. Os vidros espelhados, a simetria rígida, e a frieza da arquitetura... tudo o lembrava de um lugar que ele preferia esquecer. E o fato de que eles estavam prestes a encontrar os pais de Mingyu — pais que, até agora, eram praticamente uma incógnita — não ajudava em nada.

“Vamos lá, então,” Seongcheol finalmente disse, abrindo a porta do carro e saindo, tentando projetar uma confiança que talvez não sentisse completamente. Ele sabia que aquela noite seria um teste — não apenas para Mingyu, mas para todos eles.

O interior da casa era tão opulento quanto o exterior, mas a opulência não trazia conforto. Era uma mansão decorada com um gosto tradicional, cheio de móveis antigos, tapeçarias elaboradas e grandes quadros de antepassados nas paredes. A iluminação era suave, com candelabros que lançavam sombras dançantes nas superfícies polidas. Tudo parecia ter sido meticulosamente planejado para impressionar, mas ao mesmo tempo, a casa parecia vazia, desprovida de alma.

“Bem-vindos,” a voz de Sra. Kim ecoou pelo hall de entrada quando o grupo entrou. Ela desceu as escadas com a elegância de quem estava acostumada a ser o centro das atenções. Seu olhar era frio e avaliador, percorrendo cada um dos jovens que acompanhavam seu filho. “Eu sou Han Mi-ran, mas podem me chamar de Sra. Kim,” disse, com um sorriso que não chegou aos olhos. Ao lado dela, o Sr. Kim, um homem corpulento com um semblante severo, acenou brevemente com a cabeça, mas permaneceu em silêncio.

“Oi, mãe, pai,” Mingyu respondeu, tentando soar casual, mas havia uma tensão palpável em sua voz. “Esses são meus namorados, Jeonghan, Seongcheol e Joshua.”

O sorriso de Sra. Kim vacilou por um momento, mas ela o manteve. “Ah, sim. Os… namorados. Por favor, entrem. O jantar está quase pronto.”

Joshua sentiu seu estômago revirar ao ouvir o tom condescendente na voz dela. Enquanto seguiam os anfitriões pela casa, ele não conseguia evitar olhar para os espelhos e superfícies refletivas ao seu redor. Cada reflexo parecia distorcido, como se algo estivesse fora de lugar, e cada vez que ele via a Sra. Kim se movendo pelo canto do olho, seu coração batia mais forte. Ela era tão parecida com sua própria mãe… Aquela postura rígida, o olhar desaprovador, a maneira como tudo ao redor parecia ser um reflexo de sua frieza interna.

Enquanto entravam na sala de jantar, o ambiente se tornava ainda mais sufocante. A mesa era longa, feita de madeira escura e pesada, e já estava posta com uma formalidade assustadora. Velas estavam acesas, lançando uma luz dourada que refletia nos pratos e taças de cristal, e o aroma da comida perfumava o ar, mas para Joshua, o cheiro só o deixava mais nauseado.

“Por favor, sentem-se,” Sra. Kim indicou os lugares à mesa, seu sorriso nunca deixando o rosto.

Mingyu se sentou ao lado de Joshua, segurando sua mão por um breve momento de conforto antes de se virar para seus pais. Seongcheol e Jeonghan se acomodaram ao lado, e todos começaram a se servir. Mas, à medida que a refeição começava, ficou claro que o jantar seria tudo menos agradável.

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