Countryside way of life

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Pássaros piavam e a luz entrava suavemente filtrada pelas cortinas quando acordei. Na cama me virei fitando o teto branco, as sancas, a parede amarela. Não foi um pesadelo, eu realmente estava morando no interior do Tennessee. Bufei e deixei um dos braços se esticarem para o lado, a mão tateando a mesinha de canto até achar o celular.

Vi que havia uma mensagem de Marly perguntando como eu estava e como o plano estava indo. Bom, eu, de fato, não tinha nenhuma boa notícia para ela. A contei sobre o plano maquiavélico dos meus pais e como não me respondeu logo fiquei olhando as redes sociais preguiçosamente até ter coragem de me levantar. E isso aconteceu uns 40 minutos depois.

Caminhei lentamente até meu banheiro, escovei os dentes, lavei o rosto e me enfiei na banheira abrindo o chuveiro e deixando que a água morna levasse qualquer rasto de sono. Depois do banho me enrolei na toalha e segui para a cômoda buscando uma roupa. Acabei vestindo um short jeans rasgado e uma camisa larga cinza escrito "Fuck you" porque estava muito calor.

De repente o celular vibrou na cama.

"Marly: Puta que pariu! Não acredito. Que merda! E agora? Deixa eu te ligar."

Não deu dois segundos uma foto nossa apareceu na tela e eu apertei no botão verde.

— Me conta isso direito garota! — Inspirei e me sentei na cama começando minha desventura no Tennessee.

— Ai mais seu pai é um babaca mesmo.

— E nem wi-fi tem aqui, eu estou me sentindo no pior castigo inventado para mim. Se eles queriam me punir, estão de parabéns.

— Porra eu não conseguiria ficar nem um dia num lugar desses, você sabe que eu sobrevivo a base de gás carbônico, barulho de trânsito e luzes artificiais, natureza me da alergia — ri. — E para você arranjar um cigarrinho por aí? Deus!

— Vou tentar da um jeito, mas aqui todos parecem tão caretas... vou acabar entrando na reabilitação por indução — ela suspirou pesadamente.

— Isso é uma bosta mesmo hein! Mas me diz, não tem nenhum gatinho aí? Eu até pegaria um cowboy bem surrado — gargalhei e a imagem do policial me veio a mente.

— Não tem cowboy, mas vi um policial no posto quando estava chegando...devia ter seus 35 anos...muito gato.

— Um tira? Você gosta do perigo, hein Faithy? — Suspirei.

— Não importa, sei que não vou ver mais, ele devia estar fazendo alguma patrulha.

— Melhor assim, o Toddy ficaria com ciúmes — faço careta.

— Eu não estou mais em Nova York, fora dos domínios de Toddy eu não sou mais dele, então... — Marly riu.

— Ele ficou tão mal por você ter ido, achou que a culpa era dele e foi né de certa forma.

Estalei a língua, não queria pensar naquela noite.

— Já passou...

Fui interrompida por batidas na porta do quarto.

— Só um instante, amiga — desgrudei o celular do rosto e gritei:

— Pode abrir.

Dona Marjorie colocou a cabeça para dentro e falou:

— Hora do almoço, mocinha. Já perdeu o café hoje.

— Já desço, vovó.

Voltei o aparelho ao ouvido assim que ela fechara a porta.

— Você é tão garotinha da vovó, que fofa Faithy — o tom de deboche era nítido em sua voz.

— Ah vá se foder! Tenho que ir agora, a gente se fala.

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