Pure and Inocent

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Me inclino sobre o saco com as compras e começo a vasculhar. Cocas, amendoins, pirulitos e... — Você comprou! — Puxei a caixa de cigarros.

Marlboro red, exatamente a que ele confiscou da minha bolsa.

— Eu estava te devendo, lembra? — Sorri, tirando o plástico que envolvia e abrindo a box.

— Se importa? — Perguntei antes de pegar o isqueiro na mochila.

— Contanto que dívida comigo.

— Sim, senhor.

Peguei o isqueiro no bolsinho lateral e acendi um cigarro. Dei a primeira tragada e soprei para fora do carro passando para Jake. Fitei o xerife levar o filtro aos lábios, puxar enquanto cerrava sutilmente os olhos e então soltar a fumaça lentamente.

Deus! Quando eu acho que esse homem não pode ficar mais charmoso, ele me vem com essa.

Jacob me esticou o braço para me devolver o cigarro.

— Pode ficar, vou abrir um pirulito.

Ele então permaneceu com o cigarro dentre os dedos do braço apoiado na janela do carro, e eu abri o pirulito sabor cereja.

— Como sabia que era meu favorito?

— Prestei atenção nas vezes que vi você chupando — arqueei as sobrancelhas e assenti.

É, eu lembro bem de como ele desviava para minha boca toda vez. Só não sabia que tinha conseguido reparar até o sabor. Os olhos masculinos são aquilinos quando se trata de imagens "provocativas".

— Certamente.

No resto do trajeto continuamos conversando, cantando (eu surpreendendo Jake com meu bom gosto musical), comendo um saco de amendoins.

— Ah! — Ele esticou o rosto, com a boca aberta para mim, os olhos sem desviar do asfalto.

Arqueei as sobrancelhas.

— Você é muito folgado, sabia? — Acusei e ele me olhou de soslaio.

— Eu to com as mãos ocupadas.

Cerrei os olhos, a resposta na ponta da língua. Mas se ele queria na boquinha, tudo bem.

— Tudo bem — escorreguei pelo banco único para ficar mais perto e comecei a dividir os amendoins com ele, um para ele, um para mim. Jake passou um braço por cima do banco, sobre meus ombros. Comprimi os lábios para esconder o sorriso.

Não sou só eu que tenho minhas artimanhas, não é?

— Estamos perto — ele anunciou em algum momento e eu sorri.

Não levou mais de 20 minutos. Jacob estacionou em uma clareira e descemos.

— A partir daqui é a pé — avisou enquanto tirava sua mochila verde da caçamba.

— Acha que preciso levar a minha? Tem apenas roupas lá. — Apontei para o carro, sinalizando a bolsa dentro da cabine.

— Não, temos tudo que precisamos aqui — ele jogou a bolsa sobre o ombro e fechou a caçamba. — Vamos, prometo que não vai ser tão difícil.

Assenti e segui com ele.

A trilha começou bem arborizada, fácil até quase sempre plana. Fiz Jake contar sobre suas viagens no caminho e quase sempre me vi apreciando o meu redor. As árvores se fechando acima de nossas cabeças, os pássaros cantando, as formações rochosas que, se vivêssemos a séculos atrás, no meio na guerra de secessão, serviriam muito bem como esconderijo.

— Se vivêssemos em 1800, seriamos uma ótima história para um livro de romance, não acha? — Foi o que Jake comentou e eu ri.

— Você ainda seria o xerife e apoiava a União — ele prestava atenção. — Mas eu, com certeza, faria parte de uma família tradicional de confederados — o ouvi fungar um riso.

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