Welcome to Columbia

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Dormi sobre uma fronha molhada e acordei com uma voz cálida e suave. Pisquei para me acostumar com a luminosidade e ergui o rosto vendo uma mulher de cabelos ruivos cacheados presos. Ela tinha um rosto tão gentil quanto sua voz e sorriu para mim.

— Bom dia menina Faithy — sorri de canto passando as mãos pela bochecha para limpar o caminho grudento que as lágrimas haviam deixado. — Peter vem a pegar em meia hora, tome um banho e vou buscar seu café, tudo bem?

Assenti, não era como se tivesse escolha.

Me levantei e rumei para o banheiro, um banho quente um pouco demorado me fez lembrar de quando senti meu pai se sentar na cama ontem a noite. Mas eu fingi que estava dormindo, mesmo quando ele despejou um beijo no alto da minha cabeça e sussurrou:

— Eu te amo Faithy, um dia você irá entender.

Depois do banho segui para o closet onde minhas malas estavam. Ainda bem que não as tinha desfeito ontem mesmo, imagina o trabalho agora. Olhei para as três malas abertas e pensei no que vestir. Talvez algo confortável, se eu me lembrava bem Columbia ficava a algumas boas horas de carro de Brentwood. Comecei a puxar uma calça jeans quando uma ideia melhor me veio à mente.

Papai e Marybeth me esperavam no foyer, bem na frente da escadaria Peter aguardava diante do Bentley flying preto. Caminhei na direção deles, o vento daquele dia um pouco nublado fazendo minha saia balançar.

Sorri quando o senador fechou a cara para minha roupa, Marybeth evidentemente se sentindo um pouco culpada por ter me comprado aqueles vestidos. Eu não queria a fazer passar por isso, ela não tinha culpa, mas minha vontade de contraverter era maior.

— Até sua posse Hastings — falei ao para perante eles, o meu pai suspirou.

— Não se preocupe, vou passar em Columbia sempre que possível para lhe ver — arqueei uma das sobrancelhas.

— Não perca seu precioso tempo — ele ia falar algo, mas a loira apertou seu braço e colocou-se a falar:

— Faça uma boa viagem Faithy, qualquer coisa sabe que pode ligar para mim, não é? — Sorri de canto para ela.

— Obrigada, foi um prazer Marybeth — ela sorriu e me puxou para si em um abraço.

— O prazer foi todo meu, querida.

Quando nos afastamos eu olhei para meu pai, mas não o abracei apenas falei firmemente:

— Adeus — ele respirou fundo e se manteve igualmente firme.

— Faça uma boa viagem, filha.

Segui para fora com minha bolsa e cumprimentei Peter antes de entrar pela porta que ele abrira.

Acomodada nos confortáveis bancos de couro bege olhei uma última vez para mansão, meu pai e sua esposa diante da porta, ambos me observando ir de carro direto para o inferno.

O Bentley ganhava as estradas do Tennessee com velocidade, cortando a região urbana até as florestas e fazendas começarem a aparecer. Com meu fone de ouvido no máximo, deixei a cabeça apoiada no vidro enquanto observava a paisagem do campo. Eu realmente não estava mais acostumada a tanto espaço aberto, descampados e esse visual mais bucólico. Eu sou da selva de pedra afinal, os únicos animais que estou habituada ver são os do aquário de Nova York e do zoológico do Central Park, inclusive o lugar mais próximo que tenho de uma fazenda é o próprio Central Park. Mas acho que isso não serve, não é?

De qualquer forma, tentei começar a tentar me habituar a partir dali mesmo. Mato alto, mato baixo, cavalo, vaca, feno, milharal, repete. Ao menos em algum momento da viagem avistei um posto de gasolina. Rezei para ter uma loja de conveniência e pedi para Peter parar.

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