Forgive me

39 6 0
                                    


O domingo passou mais rápido do que eu desejei, logo era segunda-feira e eu estava descendo da bicicleta para entrar na escola.

— Quando será que a Sra. Gonzalez vai entregar os testes? — Camila levantou a questão enquanto nos sentávamos nas bancas.

— Eu estou tão ansiosa — Emily disse, colocando a bolsa atrás da cadeira.

— Só vocês, por mim ela pode demorar mais uma semana para devolver — digo, abrindo meu caderno e o colocando sobre a mesa. As duas riem.

— Você não foi mal Faithy, eu tenho certeza — A morena garantiu, com aquela expressão cálida dela.

— Espero que Deus, Buda, Elfos, ou qualquer ser evoluído esteja te ouvindo — sussurrei e ela piscou.

— Bom dia classe — Irrompeu a professora da álgebra II, adentrando a sala com seu notebook e uma pilha de fichas.

Simon, um garoto empacotadinho que se sentava na primeira cadeira da fileira no meio ergueu o braço.

— Não Simon, esses não são os testes — ela cantarolou, soltando a pilha e o computador sobre a mesa.

Todos já sabiam o que o garoto ia perguntar antes mesmo de levantar a mão, que logo ele abaixou.

— Essas são fichas são dever de casa — a mulher gira para pegar o giz, boa parte da turma geme em reprovação. — As notas não foram muito boas, então, se eu fosse vocês, comemorava a chance de ganhar alguns pontos extra — disse calmamente, escrevendo o quadro escuro.

Silêncio se fez, a tensão circulou pelo ar. Emily e Camila se olharam, depois para mim.

— Sem surtos! — Falei.

Minhas palavras não serviram muito, Emily bateu o pé que iria passar o intervalo na biblioteca fazendo a ficha. Eu até insisti que ela fosse comigo e Camila para o refeitório, que depois faríamos a porcaria da ficha, mas ela estava nervosa e eu procurei ser compreensiva com ela, como ela sempre foi comigo.

Eu e Caroline seguimos até o refeitório, e ao me deparar com a pilha de bandejas bege, eu peguei uma a mais.

— Vou levar para ela — expliquei quando a loira franziu o cenho.

Peguei o que todo dia via Emily pegar sistematicamente. E para mim, coca e uma porção de torta de maça, foi o suficiente.

Nós duas seguimos até a biblioteca com a bandeja, por sorte Daise, a bibliotecária, por sorte, não estava no balcão, então conseguimos entrar com nossos lanches. Emily estava na mesa no fundo, o lápis riscando tão rápido quanto seu raciocínio. Ela nem sequer percebeu que nós estávamos ali, até o barulho das badejas contra a superfície da mesa soar. Seus olhos azuis celestes se ergueram para nós.

— Achou mesmo que a gente ia te deixar sozinha com esses números do demônio? — Arqueei a sobrancelha.

— Nunca querida — Caroline falou, se sentando de um lado dela.

Emily abriu um grande sorriso.

— Vocês são demais, sério — me sentei do outro lado e puxei a ficha dela enquanto Caroline empurrava a bandeja no lugar.

— Agora, coma.

Coloquei os livros dentro do armário e fechei a porta, o metal soando pelo corredor em pleno horário de pico da saída, um som ínfimo, mais rotineiro. Joguei a mochila sobre o ombro e caminhei entre a multidão na direção das portas de vidro. Líderes de torcida pontilhando o caminho com seus uniformes roxo e amarelo, os jogadores de futebol com suas jaquetas, sempre em grupo. Segundo Caroline eles teriam treino mais tarde, e muitos dos alunos iriam já que o próximo jogo, nessa quarta, seria em Covington, no extremo oeste do estado. Longe demais para ir e voltar no mesmo dia, para de manhã chegar na escola as 8 pontualmente. Apenas os jogadores e líderes de torcida teriam dispensa das primeiras aulas. Então por isso, essa balburdia toda. O CHS ficava sempre impovoroso com os jogos.

TENNESSEEOnde histórias criam vida. Descubra agora