Criança...
Senti muita vontade de contar tudo o que estava havendo para Marly, a um tempo que não nos falávamos e até que aconteceu mais coisa do que achei que pudesse acontecer nessa cidadezinha. E não havia pessoa melhor para tornar tudo isso motivo de piada e me fazer rir da minha própria desgraça. Não tem um dia que eu não lembre de Nova York com saudade. Lá estávamos escondidos no meio do concreto e da multidão, aqui, somos os pontos vermelhos do meio do alvo. Lá eu era livre, aqui...aqui eu sou o que querem que eu seja. Lá não tinha nenhum xerife babaca no meu pé.
À tarde, estava no meu quarto e digitei o único número que eu sabia de cór, além do da minha mãe.
Chamou uma, chamou duas, três, quatro vezes... e nada.
Normal, já tinha acontecido antes, então tentei novamente.
Chamou uma, duas, três e na quarta desligou sozinho.
Franzi o cenho.
— O que essa vagabunda ta fazendo de tão importante para não me atender?
Bufei e joguei o celular para o lado em cima do colchão.
Olhei para o teto por alguns segundos, a única coisa que me vinha era Jacob me chamando de criança, garota e tentando me controlar como se eu fosse exatamente isso. Respirei fundo e puxei o livro na bolsa, era melhor forma de ocupar minha mente já que nem minha melhor amiga se prestava atender algumas ligações desesperadas.
A época da inocência me levou a um profundo estado de inercia, passei horas lendo, virando na cama, no chão, sem tirar o nariz de trás do livro, era o melhor jeito de fazer meu tempo voar aqui. Só despertei quando minha avó bateu na minha porta me chamando para jantar.
— Já vou! — Berrei.
Terminei de ler aquele capítulo e suspirei profundamente antes de fechar o livro. Peguei o celular em cima da cama e me levantei passeando pelas redes sociais.
Fotos de Nova York, lugares que eu adorava ir, meus restaurantes favoritos, até que paro em uma foto.
Era Marly e ela tava no rooftop da casa de Josh, em uma de suas festas obviamente. Sorri ao lembrar de como era bom e fui passando. Ela abraçada a Josh, rindo com Gil e Sam, e... beijando Toddy.
Parei no meio do corredor completamente atônita.
Toddy, meu namorado, pelo menos quando saí de NY ele ainda era meu namorado. E ela, ela era minha melhor amiga, a pessoa que eu mais confiava.
ESSA VADIA!
Ta, tudo bem que eu nem gostava de Toddy tanto assim, na realidade eu não estou triste por ele, estou triste pelo que isso significa. Quer dizer, por que ela não me avisou? Era por isso que estava me ignorando esses dias? Se ela gostava dele porque nunca me disse? Mas isso... isso não é o que uma amiga faz.
A comida hoje teve um gosto amargo, fiquei calada a maior parte do tempo remoendo em meus pensamentos. Quando vovó perguntou se eu estava bem, eu disse que sim e sorri, mas a verdade é que aquilo estava doendo.
"A nova rainha de Coney Island" — Foi o que Lilly escreveu nos comentários e não foi a única.
Doendo por saber que ela, minha amiga, sempre teve inveja de mim e que no fundo eu sabia, mas não queria ver.
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TENNESSEE
RomanceO mundo paralisou quando eu o vi pela primeira vez. O homem mais lindo, magnético e aterrorizante que conheci. E eu, que odiava ouvir um não, não iria desistir enquanto não tivesse aquele xerife aos meus pés. "Você sempre será minha doce e degenera...