Prólogo

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Nova York, verão de 2019

"Voo 467 com destino a Nashville, Tennessee: aeronave no pátio" — Li no telão que informava as partidas no aeroporto.

Ótimo...

Ensaiei o começar a caminhar na direção do portão de embarque indicado no ticket da passagem, mas a voz da minha mãe soou:

— Filha! — Parei e me virei para ela, sua face demostrando pena, talvez um pingo de arrependimento. Ela me olhou assim ontem também, mas quando a pedi, a implorei, para reconsiderar, ela apenas fechou a cara e disse firmemente que não voltaria atrás. Então essa sua encenação hoje não me causava nenhum tipo de comoção. Eu não me importava se ela estava com o coração na mão por fazer isso, não me importava com o que ela estava sentindo, porque ela não estava se importando com o que eu estou sentindo desde o início.

— Adeus mãe! — Foi apenas o que falei antes de continuar meu caminho.

Não olhei para trás, não hesitei.

Horas depois eu esperava diante esteira número 4, onde as malas do voo foram despachadas. Não estava de muito bom humor, esperar não era minha coisa favorita no mundo. The Passenger tocava n , braços cruzados no peito e óculos escuros enquanto meu pé batucava no chão impaciente e os olhos atentos buscavam minha bagagem.

A minha frente um homem alto com chapéu cattleman branco, cinto com fivela e botas puxou sua mala da esteira e o uma sela toda embalada em papel e fita adesiva transparente. Agora sim me sinto no Tennesse.

As três malas apareceram separadas, parece que especialmente para me irritar. Mas no final, as coloquei no carrinho com ajuda de um rapaz que notou minha dificuldade em suspender as bagagens pesadas. Eu não ia me mudar com apenas algumas mudas poucas de roupa, não mesmo.

Tudo certo, agradeci ao rapaz e segui para saída desembarque. Um pequeno aglomerado esperava logo a frente das portas deslizantes, busquei uma face familiar e por um momento me bateu um pânico de não achar ninguém, mas então uma voz soou:

— Srta. Hastings? — Virei-me na direção dela para um homem da beira da meia idade vestindo terno chumbo.

Funguei. Típico de Thomas Hastings mandar um de seus empregados vir buscar própria filha no aeroporto após anos sem a ver. Quanta consideração papai! Por que não me surpreende?

— Deixa eu adivinhar, ele mandou me pegar, não foi? — O lábio dele puxou um pouquinho para o lado.

— O deputado uma reunião urgente, mas pediu que a dissesse que está ansioso para a ver no jantar.

Quis rir ironicamente, mas preferi guardar meus modos para meu pai, de nada este homem tinha culpa.

— Eu imagino — inspirei fundo. — Vamos?

— Claro! — Ele se pôs a me ajudar com o carrinho, fazendo questão de empurrá-lo para mim enquanto seguíamos para o carro.

Observei a paisagem pela janela à medida que o veículo ganhava as ruas. Nashville, acho que desde os meus 10 anos que não piso nessa cidade. E confesso, depois de conhecer Nova York só consigo pensar a quão provinciana ela ainda é. Nunca vou perdoar minha mãe por ter me mandado para esse lugar, e não é só pelo atraso que falo isso.

Peter parou diante na bela mansão em Brentwood, cidade onde a maioria dos políticos do estado mantinham residência. Lembro de brincar nessa casa quando mais nova, adorava os jardins e me esconder pelos inúmeros cômodos, a conhecia como casa do vovô, mas aparentemente era do meu pai agora.

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