TENNESSEE

Moldy truths

Encontrar Jake a noite era a melhor parte dos meus dias. Não era sempre que ele conseguia esse tempo, os turnos doidos do departamento podiam até varar a madrugada, mas de todos ele era o que conseguia mais flexibilidade de horários, por ser simplesmente o mandava em tudo ali. E eu não podia reclamar, o xerife sempre fazia de tudo para me ver por mais difícil que fosse.

A noite estava estrelada, já se passava da meia noite, porque a lua estava bem cima de nós, no ponto mais alto do céu. Eu entre as pernas de Jake, seus braços ao redor dos meus ombros, minhas costas contra seu peito, sentados na caçamba da picape enfiada no meio da floresta ao lado do rancho. Assim era mais fácil que ninguém nos visse.

Nós conversávamos sobre seu dia e, naquele momento, ele acabava de relatar como foi a prisão do ladrão que roubava as fazendas aos arredores da cidade, simplesmente o filho de um dos fazendeiros, o único que não teve a fazenda roubada. Fora um dia agitado no departamento, o pai refutava as provas, alguns dos fazendeiros roubados acabou descobrindo sobre a prisão...resultado os policiais até briga tiveram que separar.

— Ele confessou que foi uma estratégia para valorizar a própria lavoura no final — arqueei as sobrancelhas.

— Uma estratégia bem burra. Devia ao menos ter espalhado a fofoca que a própria fazenda foi roubada também.

Jake fungou.

— Foi o que a detetive disse. Você é muito inteligente, sabia? — O canto da minha boca se esticou. — Minha garotinha inteligente — a voz soou próxima demais do meu ouvido.

Inspirei devagar, e quando eu não respondi como queria ele entendeu o recado e emendou:

— Mas me diz como foi o seu dia — disse após um suspiro cansado.

— Você deve estar esgotado demais para um assunto tão chato — fiz careta.

— Vai me distrair — ele dá um sorrisinho, uma de suas mãos apertando minha cintura.

Suspirei e soltei tudo.

— Ele estava mal na matéria e ta me usando pra subir as notas dele, se não ele não pode ficar no time. Fora que ele foi tão manipulador quando a Amber.

Desabafei soltando os ombros no final.

— Desculpa Jake, eu sei que é seu sobrinho mais... — Jacob negou com a cabeça.

— Não precisa se desculpar, o moleque é insuportável desde pequeno mesmo.

Funguei e houve um instante de silencio enquanto eu ponderava se devia falar aquilo ou não.

— Eu percebi, na festa lá em casa, como ele agiu com você.

Jacob suspira pesadamente, percebo que seus músculos tensionam um pouco atrás de mim.

— Meu irmão sempre foi mais na dele na época da escola. Nós não nos dávamos muito bem, eu pegava no pé dele por ser mais tímido e ele me chamava de atleta desmiolado. Eu era bem idiota — fungou. — Acontece que meus pais sempre tiveram grandes sonhos para mim. Eu jogava bem, ia ganhar uma bolsa para a Universidade do Tennessee por isso, jogar no time de lá...essas coisas — deu de ombros. — Eles tinham minha vida montada. Eu ia fazer a faculdade de Direito, ingressar na política e me tornar prefeito da cidade. Como meu pai — falou com uma pitada de sarcasmo, exatamente como eu fazia.