Ele não me achou. Talvez porque nem tenha procurado de fato.
Fitei o céu azul com poucas nuvens por trás das janelas da sala de aula, era segunda-feira e nenhum sinal seu. Eu peguei o celular hoje de manhã, dando a desculpa que ia precisar para a escola, e não havia nada, ligação, mensagem, sinal de fogo. Bom, eu odeio admitir que estava esperando algo sim. Tudo bem, era segunda-feira, ainda um tempo até eu perceber que talvez aquele tivesse sido um surto, meu, dele, nosso.
O sinal do final da aula soou como um despertador, pisquei olhando para o quadro e simplesmente percebendo que eu tinha perdido metade da aula pensando no que aconteceu. Suspirei, recolhendo todos os materiais e enfiando na mochila o mais rápido possível.
Como fiquei sem celular o final de semana só conseguir falar com todos hoje pela manhã. Estavam todos bem e ninguém havia sido preso, graças a Phill que assim que viu a polícia chegar os mandou sair pela porta dos fundos.
"— A gente até tentou ir de chamar, mas você estava fechando lá em cima daquele balcão se a gente voltasse iam nos pegar — Sugar falou e eu ri.
— O que importa é que vocês estão bem.
— E como você saiu de lá? Aquilo foi uma loucura — Bender indagou levando seu café da manhã dos campeões da boca, Pringles sabor churrasco e Arizona Energy.
— Eu pulei da bancada antes que pudessem me pegar, foi bem rápido, só me lembro de sair por uma porta na lateral e depois de acordar na casa de Emily. Ela me disse que cheguei lá com um motoqueiro e fiquei jogando pedrinhas na janela dela. Eu queria muito que não estivesse tão bêbada para lembrar dessa cena — contei naturalmente.
Nunca tive problemas em mentir, sempre fui ótima em inventar histórias. Anos de prática.
— Com certeza, eu daria muito para ver também — Rocky comentou enquanto deslizava os dedos pela tela do celular.
— Que sorte hein! — Bender falou e eu sorri.
— Nem me fale."
Saí da sala e segui na direção do meu armário, desviando dos corpos que se aglomeravam ali. Enfiei os livros no armário e joguei a bolsa no ombro, levando apenas um caderno diante do peito quando rumei para fora.
O dia estava ensolarado, e os raios me atingiram no momento que coloquei os pés fora da escola, a brisa fazendo meus cabelos, presos em um rabo de cavalo, ondularem atrás de mim. Suspirei.
Todos os dias daquela semana foram assim, escola, casa, casa escola, as vezes algum encontro com Bender, Rocky e Sugar depois da aula, no intervalo do trabalho dele na bomboniere. Ficávamos fumando atrás do prédio, perto dos lixeiros onde ninguém nos via, ninguém passava.
Então um dia eu estava saindo da bomboniere, subindo na minha bicicleta quando meus olhos encontraram o do xerife da esquina a uns 10 metros. A porcaria do meu coração ainda teve coragem de acelerar, mesmo depois de uma semana de silêncio.
Mesmo depois de uma semana esperando qualquer tipo de contato, mesmo depois de ficar lembrando daquele beijo quando ia dormir, ou quando estava no meio de uma aula entediante. Eu me senti ridícula por ainda ter alguma esperança, por ter esperado por ele. E para piorar seus olhos encontraram os meus, ele me fitou por cima do ombro do homem calvo com quem falava, foram alguns segundos, intensos segundos que fizeram meu corpo todo estremecer. Mas eu tive certeza, quando ele desviou, que era um filho da puta covarde.

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TENNESSEE
RomanceO mundo paralisou quando eu o vi pela primeira vez. O homem mais lindo, magnético e aterrorizante que conheci. E eu, que odiava ouvir um não, não iria desistir enquanto não tivesse aquele xerife aos meus pés. "Você sempre será minha doce e degenera...