My Faith

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Já estava tudo laranja e amarelo a essa altura do outono. Nos acostamentos das estradas folhas cobriam a terra, criando um caminho colorido sob árvores já se desgalhada. Apesar disso o sol já brilhava acima, com algumas nuvens acinzentando o céu, resquícios que uma noite chuvosa.

Como todo dia eu fui a escola de bicicleta, mas seria um dos meus últimos dias sobre duas rodas, a prova já estava marcada para novembro, e as aulas com Derek não estavam sendo tão ruim assim. Logo eu estaria com meu carro e não precisaria pedir carona toda vez que chovia.

O dia começou com aula de história e depois biologia, o intervalo ocorreu normalmente, com ainda mais falatório sobre a festa de Halloween, afinal faltava apenas um dia para a tão aguardada.

"Vai ter uma surpresa mais tarde". — Foi o que tinha escrito na mensagem que recebi de Jake no meio do intervalo.

A verdade era que aqueles últimos dias haviam sido frustrantes. Sem sair, sem ver Jake, porque ele estava ocupado demais no departamento, mergulhada em uma pilha de deveres de casa e trabalhos infinitos. Então eu confesso que aquela mensagem me animou, embora eu realmente não fizesse ideia do que ele poderia fazer de diferente quando eu ainda estava de castigo.

Argh! Maldito castigo!

A terceira aula era de álgebra, eu estava preparada para uma hora longa de números e letras misturados, mas antes fui ao banheiro antes. Me olhei no espelho, o vestido branco acinturado com mangas curtas bufantes, o decote quadrado franzido, os cabelos, mais alaranjados hoje, meio presos com uma piranha e para completar sapatos vintage de fivela com meias por baixo.

Suspirei pesadamente e saí. No entanto havia um movimento estranho no corredor, parecia que ainda estávamos no intervalo, mas ao invés de todos estarem seguindo para o refeitório estavam indo na direção da porta da frente.

Franzi o cenho e acabei seguindo o caminho, percebendo que, nesse caso, ir contra a maré poderia ser perigoso.

— Checagem de extintores? Que coisa ridícula — escuto uma garota comentar enquanto caminhava porta a fora.

— Eu nunca vi isso — outra diz.

Checagem de extintores?

O sol suave beijou minha pele, o pátio da frente cheio de adolescentes confusos, animados e estressados. Meu celular então vibrou:

"Fundos da quadra, na saída de cargas."

Um sorriso ergueu o canto da minha boca.

Jake...

Sem conseguir segurar aquele sorriso, com o coração disparado, eu fiz o caminho de volta, cortando a multidão que saía em um fluxo corrente e único.

Eu não acredito que ele fez isso.

Segui para exatamente onde ele tinha mandado, tomando cuidado para não parecer mais estranho do que já estava parecendo.

Depois de virar no corredor na quadra a escola estava completamente vazia, como se estivesse andando ali em plena madrugada. Mas apenas quando eu entrei na quadra e a porta de metal se fechou atrás de mim, a cacofonia dos passos e vozes se tornando um som abafado e muito distante que eu me senti mais segura.

A porta que Jake falava era do outro lado, com uma saída de emergência para lado de fora, que também funcionava com saída de cargas. Empurrei a porta com força, o metal gemeu pela falta de uso, e lá no fim daquele corredor formado pelo prédio da escola e o da quadra, estava ele.

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