Jake
O departamento estava tranquilo para uma sexta-feira, fiz algumas rondas nas regiões mais afastadas do centro de manhã cedo, assinei e despachei alguns relatórios de casos já finalizados que estavam empilhando no canto da minha mesa a alguns dias. A intenção era não deixar nada pendente para o fim de semana, já que eu ia ter alguns dias de folga. E sim, eu poderia dar todo o trabalho para Brad, meu sub-xerife, mas eu não gostava de deixar de fazer meu dever, eu fui eleito (sim, os xerifes são um cargo eleito por voto popular) por um motivo e por mais que a honra seja uma coisa a venda nesse país, eu ainda queria preservar a honra de dizer que jamais deixei meus deveres, por melhor os motivos que fossem. Embora ela fosse. Faithy Elizabeth Hastings era o melhor motivo que já tive para sair desse departamento, que foi como minha segunda casa por anos. Aqui eu fui subindo cargo a cargo, cabo, sargento, tenente, capitão, sub-xerife, até ser eleito como xerife. Sem ajuda do meu nome, sem ajuda da minha família ou do meu irmão, embora alguns ainda julguem que os Mackenzies me colocaram aqui, nessa cadeira. Ao menos meu departamento é leal a mim, me conhecem e queriam que eu estivesse nesse lugar. Lembro das noites em claro passando ficha a ficha dos arquivos, que Nacy deixava separado para mim, estudando casos, tomando depoimentos, lembro de Samuel, o auxiliar de limpeza se despedir e dizer que trabalho demais.
— Devia arrumar uma mulher para sentir vontade de voltar para casa todos os dias — disse-me ele uma vez enquanto limpava as lixeiras de cada mesa e eu estava enfiado em pilhas de bagunça na minha.
Sorrio comigo mesmo. Por anos eu achei que não acharia, também não estava tão empenhado em procurar, confesso, mas aí ela apareceu. E foi como se tudo fizesse sentido, a vontade de Brad voltar para casa para ver sua esposa grávida, a de David para encontrar sua namorada ou até a de Samuel, para ver sua mulher, por mais que fossem casados a 30 anos.
— Ela não dorme até eu chegar, sempre está me esperando com o jantar — comentou e ali já passava da meia-noite.
Eu entendi tudo quando a conheci, quando soube que ela também queria aquilo, quando soube que podia sonhar com mais, conosco. E eu sei que pode parecer hipocrisia, eu falando de honra, sendo um xerife de seus quase 40, estando completamente louco por uma garota de 17 anos. É, eu sei, é crime, e eu até tentei resistir a isso. Mas parecia que tudo, todos os caminhos me levavam a ela, por mais que eu fugisse. E eu tive a certeza no dia que seu avô me ligou, eu não ia aceitar, eu ia dar qualquer desculpa e eu sabia que ele entenderia, mas eu lembrei dela, de como ela adormeceu serenamente no meu carro quando a levei para casa, tão pura. Ela, embaixo de todas as provocações e degeneração, parecia tão inocente e eu quis protegê-la.
E eu fiz isso por um bom tempo, com melhor intenção, renegando meus sentimentos a cada dia, controlando meus desejos a cada vez que a tocava ou que ela me provocava de um jeito que nenhuma mulher jamais conseguiu fazer. Sendo que ficar no meu escritório com a cabeça desocupada passava a ser perigoso, minha mente me traia, me fazendo lembrar do que dia que a vi pela primeira vez com aquele vestidinho vermelho chupando aquele maldito pirulito, da forma que ela dobrou as pernas bem ali no meu escritório, de como ela rebolava em cima daquele bar, ela estava olhando para mim, cantando para mim, e quando perguntou se eu estava gostando da sua dança...eu quis responder que estava odiando, porque não era só para mim, porque todos aqueles imbecis não sabiam que ela era minha, e achavam que podia tê-la, e aquelas saias...
E se eu achei que acordar com uma ereção por ter sonhado com ela da forma mais impura e proibida possível poderia ter sido o ponto alto dessa loucura, não foi. Porque, como se tivesse voltado ao início da puberdade, aquela maldita ereção me acompanhou até o banho, me obrigando a usar as mãos. E quando eu cheguei no ápice, eu só pensava nela de quatro só para mim. E eu nunca, nunca, tinha chegado a tal ponto apenas com minha imaginação.
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TENNESSEE
RomanceO mundo paralisou quando eu o vi pela primeira vez. O homem mais lindo, magnético e aterrorizante que conheci. E eu, que odiava ouvir um não, não iria desistir enquanto não tivesse aquele xerife aos meus pés. "Você sempre será minha doce e degenera...