"Pov Gabriel"
"Flashback On"
Decidir terminar com a Yasmin foi uma das coisas mais difíceis que já fiz, e eu ainda nem sabia ao certo como faria. O mais estranho é que, apesar de tudo, nossa relação não estava ruim. Estávamos distantes, sim, mas nada gritante. Ela sempre foi uma esposa incrível, cheia de qualidades, mesmo com os defeitos que qualquer pessoa tem. Porém, algo em mim começou a se perder. Eu precisava me reencontrar, saber quem eu realmente sou e o que gosto de fazer quando não tenho ninguém me dizendo o que devo ser. Eu me sentia sufocado — pelos meus pais, pela Yasmin, pelo papel de "marido perfeito" que eu tentava desempenhar, mas que não cabia mais.
A melhor maneira que encontrei para terminar foi a mais covarde. Não consegui olhar nos olhos dela. Eu sabia que, se visse a dor no rosto da Yasmin, desistiria. O fato é que eu não estava 100% focado nela, e isso não era justo. E, para ser honesto, eu também não tive coragem de contar sobre o beijo que troquei com a Vanessa pouco antes do término. Aquele beijo foi o ponto de virada. Ele mexeu comigo de um jeito que não esperava.
Depois que anunciei o término, fui direto para a casa dos meus pais. Peguei algumas roupas e me instalei no meu antigo quarto. A realidade começou a bater. Não havia mais "nós". Agora era só eu, Gabriel, sozinho com meus pensamentos e a bagunça interna que tinha causado. Meu celular vibrou, uma mensagem da Vanessa: ela me convidava para o Bongô.
Vestindo uma calça larga e uma camiseta básica, coloquei um tênis e saí. Precisava desligar minha mente. Quando cheguei, lá estava ela toda linda com um vestido de renda colado ao corpo, acessórios azuis e com aquele coque que sempre me deixava hipnotizado. Cumprimentei-a com um beijo no rosto e, sem pressa, começamos a dançar. As long necks que bebíamos só faziam a tensão entre nós aumentar, e eu sabia que, a qualquer momento, iria me entregar. Estávamos em um lugar público, claro, mas naquele instante eu já tinha deixado a cautela de lado. Deixei que a proximidade fizesse seu trabalho, e logo nossas línguas estavam em uma dança maluca.
Eu sabia que aquilo não era só sobre a Vanessa. Era sobre fugir do peso que eu sentia, da dor que causara e da culpa que me perseguia. Mas naquele momento, com a mão deslizando pelos cabelos dela, era fácil de esquecer. Ela tinha uma habilidade quase mágica de me seduzir, de me fazer sentir leve e livre. Tudo o que eu precisava.
— Oi, gato! Que bom que aceitou meu convite. - Ela me disse com aquele sorriso travesso, abrindo uma cerveja com o dente.
— Aceitei, sim. Precisava dançar, esquecer um pouco de tudo, sabe? - , observando-a com mais intensidade do que deveria.
— Eu vou te ajudar a esquecer tudo. A gente vai se divertir muito hoje. - a segurança na voz dela era tentadora demais.
— Ótimo! - Eu disse, tentando segurar a vontade de beijá-la ali, no meio de todo mundo.
— Sei que você quer me beijar, e eu também quero te beijar. Esquece tudo isso aqui, foca em mim. — Ela me desafiou, olhando fixamente nos meus olhos.
E foi ali que nos beijamos de novo. Lento, intenso, o tipo de beijo que deixa a gente sem fôlego. Mas, por mais que estivesse com a Vanessa, a Yasmin não saía da minha cabeça. Eu tentava me enganar, beijando outra mulher, mas era como se a imagem da Yasmin estivesse estampada em cada movimento. Isso me deixou inquieto, mas eu já estava naquele caminho e não sabia mais como voltar.
Depois do bar, decidimos dar uma volta pela praia. A brisa do mar, a lua brilhante no céu... foi uma noite divertida e até tranquila. Mas a verdade é que, mesmo ali, com Vanessa ao meu lado, eu ainda pensava na Yasmin. O beijo da Vanessa era gostoso, me dava a distração que eu procurava, mas, no fundo, eu estava fugindo da culpa, do arrependimento, da certeza de que o que eu fiz não tinha volta.
Agora, como voltar atrás? Yasmin provavelmente me odeia, e com razão. Eu a machuquei de uma forma que nunca deveria. Ela não merecia isso. Mas já estava feito. E eu? Eu só estava tentando sobreviver a essa confusão que eu mesmo criei.
Algumas semanas se passaram e hoje seria o batizado da Luna, estava indo com minha irmã e a Vanessinha até Angra dos Reis onde aconteceria a cerimônia. Entrei na igreja, e por um momento tudo parecia em paz. Luna estava linda com um vestido branco e com seu sorriso que me desarmava. Yasmin óbvio estava lá, mais linda do que nunca com um vestido branco, cabelo semi-preso e acessórios que chamavam a atenção para o seu belo decote. Eu vi nos olhos dela a decepção ao me ver chegar com a Vanessa agarrada a minha cintura. Me aproximei com um sorriso leve, tentando ignorar o peso de tudo que acontecia entre nós.
— Oi filhota, que saudades de você! Tá tão linda com esse vestido branco. - disse enquanto Luna sorria de volta pra mim.
— Oi, Yasmin! - disse Vanessa interrompendo, com um tom sarcástico que eu conhecia bem. Não era hora e nem local para isso, mas o veneno de suas palavras pareciam deixar Yasmin irada.
Yasmin não disse nada, apenas arrancou a Luna dos meus braços, isso me pegou de surpresa. Ela saiu andando rápido, como se fugisse de mim. Aquilo mexeu muito comigo.
— Ficou louca? Tirar ela do meu colo assim, pra quê hein? Estou com saudades dela! - digo irritado andando atrás dela. Não entendia o porquê daquele comportamento tão agressivo.
Ela virou-se para mim com raiva nos olhos.— Tirei e tiraria de novo! Você não gosta dela, se gostasse não faria tão mal pra mim que sou a mãe dela! Vai me chamar de louca agora? Pois eu te chamo de sem noção por trazer essa vagabunda pro batizado da nossa filha.
As palavras dela eram como um soco no estômago, mas ao mesmo tempo era o mesmo discurso de sempre. Sua mágoa era compreensível, mas a forma dela jogar tudo na minha cara realmente me desgastava.
— Você tá dentro de uma igreja, melhor guardar essa boca suja. - respondi com calma, o que irritou ela mais ainda. Aqui não era lugar pra ter esse tipo de discussão.
— Melhor ser boca suja do que ser tão frio quanto você. Responsabilidade afetiva não existe no seu dicionário né? - sua voz entregava que estava a beira de um colapso.
Eu queria dizer algo pra acalmar a situação mas estava cansado daquela briga interminável. Não foi por maldade que tudo aconteceu, eu nunca quis a magoar desse jeito, mas já estava feito! Agora tudo o que me restava era essa ridícula troca de acusações.
Antes que eu pudesse pensar em algo para responder, Luiza entrou na conversa bem incomodada.
— Vocês dois, por favor! Respeitem o batizado da filha de vocês. Não é hora e nem lugar de brigarem. - Sua voz era firme, de repente o peso da situação caiu sobre mim enquanto Yasmin desviava o olhar, tentando conter suas lágrimas. Ali eu percebi o quanto os dois estávamos perdidos.
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A sereia e o surfista - Yasmin Brunet e Gabriel Medina
FanfictionYasmin Brunet é uma atriz e modelo brasileira de 34 anos, ela é casada com o surfista Gabriel Medina de 28 anos. A mídia e a família Medina tem uma visão sobre Yasmin, Gabriel tem outra completamente diferente e é a partir desta que vamos contar es...