Capítulo 64

31 2 0
                                    

" Pov Gabriel"

Cheguei em casa depois de um dia longo. O silêncio estava diferente, quase pesado. Fui direto pro banho e saí, já com a cabeça focada em descansar um pouco e aproveitar a noite com a Ya e a Luna. Quando passei pela sala, ela estava lá, sentada no sofá, mas parecia distante, perdida em seus pensamentos. Estranhei então decidi falar com ela, que não esboçou nenhuma reação.

— Linda, cheguei, tomei banho e você ainda tá aí. Tá tudo bem? Te disse oi e você nem respondeu. — Minha voz saiu suave, sem querer alarmá-la.

Ela se mexeu como se tivesse acordado de um transe.

— Nossa! Desculpa lindo, não percebi que você estava aqui. Juro, bizarro a minha falta de atenção. - Ela estava realmente preocupada com alguma coisa, dava pra ver.

Sentei ao lado dela e coloquei a mão em sua perna, tentando passar segurança.

— E essa carinha preocupada? Qual foi? Pode desabafar comigo... - perguntei, esperando que ela confiasse em mim como sempre faz.

Ela me olhou, mordendo a unha, algo que fazia quando estava mais ansiosa do que o normal.

— Minha mãe, lindo... - Aquele tom dela já entregava que era algo sério.

— O que tem ela? - Perguntei, já tentando imaginar mil cenários.

— Ela tá namorando! - Ela soltou aquilo como se estivesse segurando há horas.

— Ah, é? Que bom pra ela, isso é ótimo. Você não gostou? — Fiquei genuinamente surpreso. Não parecia algo ruim, pelo contrário.

— É que eu fico preocupada, ela é muito intensa igual eu e se entrega demais... tenho medo de machucarem ela. - Ela suspirou, parecendo pequena e vulnerável.

Entendi na hora o que a Ya estava sentindo. Esse lado protetor dela, que eu tanto admiro, às vezes a faz carregar o peso do mundo nos ombros, mesmo quando não era preciso.

— Linda, a sua mãe é adulta. Ela vai saber o que fazer se isso acontecer, fora que pode ser incrível  pra ela e você aí com medo do desconhecido. - Tentei tranquilizá-la, embora soubesse que esses medos dela não desapareceriam de uma hora para outra.

Ela respirou fundo e concordou.

— É, verdade. Eu não posso fazer muita coisa, só posso torcer daqui pra dar tudo certo. - Um pequeno sorriso surgiu nos lábios dela, como se estivesse tentando se convencer.

— É isso. Vem cá. Me dá um abraço, dengosinha. — Eu a puxei pra mim, querendo afastar essa preocupação toda com um simples gesto.

Ela me olhou daquele jeito que sempre me faz derreter.

— Lindo, você é incrível. Eu já disse que te amo hoje? - Ela perguntou séria, mas já sabia a resposta.

— Só umas mil vezes. - Brinquei, fazendo ela rir um pouco.

— Lindo, você é incrível. Eu já disse que te amo hoje? — Ela perguntou séria, mas já sabia a resposta.

— Só umas mil vezes. - Brinquei, fazendo ela rir um pouco.

E aí, no meio dessa calma, lembrei do compromisso.

— Temos que ir buscar sua mãe e a Fifi no aeroporto. — Falei, me dando conta de que o tempo estava voando.

— Porra lindo, depois eu que sou lerda né? - Ela riu, e eu me juntei à risada.

Seguimos rumo ao aeroporto, onde tudo parecia estar em ordem até o momento da chegada em casa. A confusão começou quando a minha irmã, Sophia, quis dar um beijo na Luna, e a Ya, sempre super protetora, recusou. Eu sabia que não era por mal, mas isso machucou minha irmã.

— Porra Ya, ela só queria fazer um agrado na nossa filha... ela ficou chateada. - Eu não conseguia ignorar o jeito que Sophia ficou quando foi negada.

— E se a Luna ficar doente, toda cheia de alergia? Melhor prevenir do que remediar. - Ela rebateu, e eu pude ver que ela estava convicta.

Eu amava essa força da Ya, essa vontade de proteger nossa filha a todo custo, mas às vezes parecia demais. Afinal, eu também quero que a Luna cresça cercada de amor e afeto, e isso inclui a minha família.

— Não acho certo isso, não acho mesmo! Você acabou de beijar a bochecha dela antes da gente sair, aí minha irmã não pode. - Meu tom saiu mais firme do que o normal. Eu queria ser justo.

— Vai, defende sua irmãzinha. - Ela revirou os olhos e saiu, indo pro nosso quarto, deixando um peso no ar.

Fiquei ali, sozinho na sala, ouvindo os passos dela subindo as escadas. Sabia que era melhor dar um tempo antes de tentar conversar de novo. O amor que temos pela Luna é gigante, mas às vezes nossas formas de demonstrá-lo se chocam. Decidi ir até o quarto da Sophia tentar amenizar um pouco as coisas.

" Pov Simone "

— Sophia? Vem cá meu amor, não precisa chorar. Não imagina a raiva que eu estou daquela mulher.

— Você viu como ela me tratou mãe?

— É claro que eu vi minha filha, ela é egoísta. E seu irmão continua cego por ela, não é possível que ele ache isso certo.

— Eu só queria dar um beijo na minha afilhada, o Gabriel e ela vivem beijando a Luna. - Ela diz em meio as lágrimas que rolam por seu rosto todo.

— Eu espero que ela te peça desculpas. É o mínimo, agora a casa vai ficar com um climão se depender de mim. Porque se ela defende a filha dela meu amor, ah eu também sei defender a minha!

— Licença, posso entrar? - Digo encarando Sophia que me olha assustada.

— Entra Gabriel, olha o que a Yasmin fez com a sua irmãzinha. - Ela me encara mostrando os olhos de Sophia que estão vermelhos de tanto chorar. Eu sabia que aquilo era uma forma dela tentar me manipular.

— Eu vou conversar com a Ya, podem ficar tranquilas.. ela sabe que exagerou. Agora vem cá, um abraço meu você aceita? Como pedido de desculpas. - Sophia me encara assentindo com o rosto, nos abraçamos e ficamos ali por um tempo.

— Escuta o que eu tô te dizendo Gabriel: ou você coloca um "freio" na sua mulher ou vai ser impossível de vivermos todos juntos aqui.

— Mãe, a Ya é a minha mulher e eu sei como lidar com ela melhor do que ninguém. Ela só quer o bem da nossa filha assim como eu, a internação da Luna por conta da bronquiolite deixou ela um pouco "noiada" com as coisas e você sabe que mãe de primeira viagem é assim.

Será que a paz da família Medina foi pelo ralo?
COMENTEM e Votem.

A sereia e o surfista - Yasmin Brunet e Gabriel MedinaOnde histórias criam vida. Descubra agora