Capítulo 69

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— Fiquei mal quando soube que o seu instituto fechou. Que pena, cara.

— Fechou? Como assim fechou? Eu deixei minha mãe cuidando de tudo quando fui pra Austrália.

— É o que todo mundo está dizendo. Achei que você, como dono, soubesse.

— Pelo visto, não sei de muita coisa. Minha mãe cuidava dessa parte. Ela fechou sem a minha autorização... Valeu por me avisar.

— Não falei por mal...

— Tranquilo, irmão. Relaxa. A culpa é dela. Além de me roubar, ainda fechou um dos projetos de que mais me orgulho na vida.

A festa acabou ali para mim. Cada palavra que o Chumbo dizia parecia um soco no estômago, saber disso no meu próprio aniversário piorava toda a situação. Decidi esperar os convidados irem embora para, pela primeira vez, confrontar minha mãe sobre o fechamento do Instituto Gabriel Medina.

— Adorei a festa, parabéns, filho! Já dei um beijo na Luna, agora posso dormir tranquila — ela disse, me dando um beijo no rosto. Eu limpei o rosto discretamente e, após tossir, perguntei:

— Por que você não me contou que fechou o meu instituto? Sem nem me consultar, caramba! Eu ainda sou o dono disso, sabia? — falei, encarando-a furioso.

— Quem te disse isso? Isso é uma grande mentira! O instituto não dava mais lucro, eu estava tendo que tirar do meu próprio salário para pagar as despesas! E eu não gosto desse seu linguajar baixo que você pegou depois que se casou com a Yasmin.

— Dane-se o que você gosta ou não! O que importa é que você fechou o instituto pelas minhas costas! E claro que não tinha lucro, você estava desviando a maior parte do dinheiro para sua conta pessoal.

— Eu tive medo da sua reação. Você acabou de sair do hospital, não pode se alterar assim...

— Vai fingindo que se importa comigo! Faz teu teatro de boa mãe.

— Eu te amo, meu filho, e me importo demais com você. Não é teatro, é amor incondicional.

— Você ama o meu dinheiro, isso sim! A vida que eu proporciono para vocês. Mas acabou. Já que você fechou o meu instituto sem me falar nada, quero distância de você. E não tem mais mesada.

— Eu não estou passando bem, alguém me traz uma água? — disse Simone, tonta, quase caindo. Yasmin a segurou, mas ela tirou os braços de Yasmin de forma grosseira.

— Fui contra o tempo todo, Gabriel. Ela insistiu... Vamos, Simone, vou te levar ao hospital.

— Ok! — respondi, vendo-os saírem pela porta. Yasmin me olhou preocupada e me abraçou para me confortar.

— Lindo! Eu nem sei o que te dizer, sua mãe é uma pessoa desprezível..

— Não diz nada, só me abraça. - A puxo novamente pra perto de mim e a abraço firmemente.

— Seu pai vai pro hospital á toa..

— Porquê linda? - A encaro.

— Estava na cara que ela não passou mal coisa nenhuma, tudo fingimento pra te deixar culpado.. ela não quis nem que eu tocasse nela.

— Eu vi, agora eu enxergo que as vezes o melhor que se pode fazer por alguém que amamos é nos afastar pra não acabar de ferrar com tudo.

— Eu tô contigo, o que você quiser fazer a gente faz lindo. Ela fez questão de dizer que eu engordei acredita? Fiquei chateada..

— Me explica isso direito linda, conta tudo.. é claro que você vai engordar, tem um bebê na sua barriga de novo esqueceu?!

"Flashback on"

— Boa noite! Chegamos..

— Boa noite! Entrem - Sorrio simpática dizendo pra Simone, Charles e Sophia entrarem.

— Nossa, eu achei que você engordou um pouquinho..

— Como? - Pergunto novamente tentando entender se ela realmente perguntou aquilo.

— É, você não percebeu sua barriga maior?

— Não percebi, e não gosto desse tipo de comentário.. se puder não fazer de novo.

— Mas agora é inevitável que você engorde, o José vai crescer muito ainda..

— Quem? Quem é José?

— O nome do meu neto, eu sempre falei pra os meus filhos que se tivesse um neto menino ia se chamar José.

— E quem disse que é você que escolhe? Gabriel nunca me disse nada disso, e eu não gosto desse nome!

— Foi só uma sugestão, credo.. Gabriel falou que você quer uns nomes super estranhos, o coitado vai sofrer bullying..

— Primeiro temos que saber o sexo da criança, pra depois falar besteira! - Digo saindo daquela conversa já claramente irritada.

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A sereia e o surfista - Yasmin Brunet e Gabriel MedinaOnde histórias criam vida. Descubra agora