• 𝐿𝑒𝑎 𝑆𝑚𝑖𝑡ℎ •

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𝙈eus olhos se abrem com certa dificuldade pela claridade que me faz piscar por alguns segundos até finalmente me acostumar.

Minha garganta estava seca e meus lábios igualmente, por quanto tempo eu estive desacordada?

Um incômodo ao sentir um certo aperto ao redor da minha cintura me faz mover a minha cabeça e olhar em direção a minha barriga e colocar a mão encima levemente sentindo a dureza da faixa, provavelmente por diversas voltas dadas.

Flash se passam em minha mente, me recordando tudo.

𝙎𝙚𝙦𝙪𝙚𝙨𝙩𝙧𝙤, "𝙏𝙤𝙧𝙩𝙪𝙧𝙖", 𝙤𝙨 𝙝𝙤𝙢𝙚𝙣𝙨, 𝙅𝙤𝙝𝙣...

Um suspiro profundo escapa dos meus lábios enquanto encaro o teto pintado em branco.

Sinto a maciez de uma mão na minha que segurava com firmeza, quase como se sentisse medo de soltar.

Viro a minha cabeça para o lado, o farfalhar do travesseiro sendo ouvido por mim.

Meu olhar encontra a cabeleireira do meu namorado que estava com a cabeça deitada no próprio braço e parecia dormir profundamente enquanto sua mão cobria a minha.

Meu coração aperta ao perceber seu semblante abatido e cansado. Não podia nem imaginar o sofrimento que o meu amor sentiu.

Cuidadosamente afasto a minha mão para colocar em seus cabelos, passeando meus dedos pelos fios escuros em um carinho.

Quase como se despertasse de um pesadelo, vejo os olhos acinzentados se abrirem e seu corpo se erguer abruptamente.

Quando seu olhar se cruza com o meu, vejo o brilho pelas lágrimas contidas começarem a aparecer.

__Dolcezza mia... -vejo que as lágrimas começavam a deslizar de seus olhos para às bochechas.

__Calma, meu amor. Vem... -afasto um pouco meu braço o abrindo em um convite para que ele viesse para perto de mim.

Sem exitação, sinto os braços musculosos do meu namorado me envolvendo tão cuidadosamente como se eu fosse um bebê de meses.

Fecho os meus olhos envolvendo os meus braços com cuidado envolta do seu pescoço enquanto afundo meu rosto ali na curvatura e aspiro seu cheiro profundamente, deixando penetrar em meus pulmões.

Sinto a umidade da minha camisola se fazer presente também me permitindo sentir o corpo junto há mim tremer levemente.

Ele estava chorando tanto quanto uma criança.

__Eu fiquei com tanto medo, meu amor. Eu jamais iria suportar viver em um mundo em que você não esteja presente, eu não suportaria viver em um mundo em que você não exista. Meu mundo pareceu desabar quando soube o que havia acontecido.

Sinto suas mãos subirem para o meu rosto e ele se afastar apenas o suficiente para conseguir olhar em meus olhos e encostar as nossas testas.

__Eu te amo, Lea. Você não faz idéia do quanto, então por favor nunca mais deixe de aceitar que eu te busque ou qualquer coisa assim. Eu não me importo em caminhar ou dirigir mais de 500km para te buscar, o que não pode acontecer é eu te perder. Eu não suportaria, não suportaria... -a sua voz era um tanto desesperada e rouca, começando a falhar nas últimas palavras.

Meu coração parecia se cortar em milhares de pedacinhos por vê-lo naquele estado. Eu o entendia, entendia a sua dor porque se fosse ao contrário eu estaria enlouquecendo.

Eu entendia a intensidade do seu amor porquê eu sentia o mesmo, eu o amava daquela forma, naquela intensidade, daquela maneira que nem palavras eram possíveis fazer-nos conseguir expressar.

__Eu sei, meu bebê, eu sei. Me perdoa, eu não fazia a menor idéia que alguém pudesse fazer aquilo. -digo enquanto roçava os nossos narizes de maneira carinhosa.

__Como você está se sentindo? Eu vou chamar o médico, meu amor.

Não tenho tempo de responder já que no segundo seguinte ele já apertava no botão na parede encima da cama ao qual acionava a presença do médico.

Não demora minutos para que a porta fosse aberta e um médico com cabelos grisalhos entrasse no quarto.

__Olá, senhorita. Fico feliz em vê-la acordada, sua feição me parece bem melhor. Como se sente? -pergunta enquanto retirava o estetoscópio do pescoço e se aproximava até estar ao lado da cama.

__Sinto um incômodo no meu quadril, mas de resto eu estou bem. -Sorrio enquanto não deixo de acariciar os cabelos de Noel.

__Certo, vou verificar seus batimentos. Por favor, senhor Miller poderia se afastar um pouco?

Vejo o mencionado assentir mesmo que resistente e se afastar de mim e contornando a cama.

O mesmo me ajuda a ficar sentada com a costa apoiada nos travesseiros, segurando a minha mão em seguida.

__Com licença, senhorita. -O médico pede ao aproximar o aparelho perto do meu busto.- Por favor, respire fundo.

Assim faço, respiro fundo e inspiro lentamente sentindo a parte metálica fria encostando na minha pele por alguns segundos.

__Pelo o que estou vendo está tudo bem, nada de chiados ou outros sintomas. Acredito que amanhã ou daqui 2 dias você já esteja liberada para voltar pra casa. Enquanto isso não acontece, o curativo do seu ferimento será trocado 3 vezes ao dia para que não ocorra infecções.

__Tudo bem, muito obrigada doutor.

O mais velho me oferece um sorriso quase paternal e faz uma reverência em direção ao meu companheiro, se retirando em seguida.

__Está com fome, querida? Posso pedir algo para você comer, uma sopinha talvez? Ou uma salada de frutas? Você escolhe, meu amor.

As mãos do mais alto nunca deixavam de segurar a minha ou de tocar em alguma parte do meu rosto, elas nunca estavam afastadas de mim. Era como se ele necessitasse me sentir.

__Não, meu bebê. Confesso que não estou com fome, mas quero fazer um pedido.

_Tudo o que você quiser, minha linda.

__Deita aqui comigo?

O sorriso que o Noel abre ao ouvir meu pedido sem dúvidas iluminaria o hospital inteiro, assim como os seus olhinhos.

Sem pensar duas vezes ele sobe na cama e se deita ao meu lado, me arrumando em uma posição confortável com tanto cuidado como se eu fosse uma boneca.

Deito a minha cabeça em seu peitoral e passo o meu braço pela sua cintura, sentindo seus dedos acariciando a curva da minha lombar e seu nariz roçando em meus cabelos.

__Eu te amo, meu bebê.

__Eu te amo, minha linda, te amo tanto... -sussurra com a boca contra a minha cabeça, deixando vários beijinhos e me envolvendo em um abraço protetor.

Eu me sentia em paz, minha alma estava calma. Eu sentia tudo isso pois ele estava ali, comigo.

Eu não sei quais seriam os próximos episódios daqui para frente, mas sabia que enfrentaria tudo ao lado de Noel. Ele era a minha força, o meu amor.

𝑆𝑒𝑗𝑎 𝑚𝑖𝑛ℎ𝑎, 𝑎𝑚𝑜𝑟!Onde histórias criam vida. Descubra agora