• 𝑁𝑜𝑒𝑙 𝑀𝑖𝑙𝑙𝑒𝑟 •

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Suspiro olhando pro rosto da mulher que virou meu mundo de cabeça para baixo, observo cada detalhe enquanto passo minha mão sobre sua bochecha gordinha, nisso penso o quanto ela conseguiu tirar o melhor de mim que eu achava que já nem existia mais.

__E você não vai me perder, jamais! Ainda vai ter que me aguentar muito senhor miller -ela diz em um tom brincalhão enquanto cruza os braços envolta do meu pescoço com um sorriso fofo nos lábios onde suas covinhas aparecem.

__É o que eu mais quero -puxo seu corpo para mais perto colando junto a mim abraçando sua cintura com um braço, e o outro subo e desço minha mão sobre sua costa em um carinho.

__Por que tentou fugir?

__Quando o David me contou eu não pensei em outra coisa sem ser ir atrás de você, eu estava com medo de ir e não voltar. Talvez seja pelos meus traumas, mas nessas horas quando envolve quem amo a única coisa que vem a minha cabeça é o pior.

Lea me observa com seus olhinhos brilhantes que sempre que me olham parecem querer enxergar tudo em mim, eles me transmitem calma e parecem a galáxia de tão brilhosos. Ela me trás a paz que jamais tive dentro de mim, até ela chegar!

__Você me ensinou a lutar muito bem, e o David me ajuda sempre na organização também. E logo você estará lá de novo, eu e seu irmão estamos tomando conta de tudo para te tirar daqui o quanto antes, eu não aguento mais te ver atrás de grades -me abraça com certa força deitando a cabeça em meu peito.

__Eu não suporto mais estar longe de você -sussurro em seu ouvido com a minha voz saindo um pouco mais rouca que o normal.

Ela deixa um beijo em meu peito coberto pelo macacão alaranjado e "encima" do meu coração.

__Me mostra?

__Te mostrar o que minha princesa?

__O que fizeram com você.

__Você não vai querer ver amor.

Ela apenas me observa, suspiro fundo sabendo que ela não iria desistir e pego no zíper do macacão começando a descer assim que Lea se afasta de mim, por baixo eu usava uma regata branca colada em meu corpo onde deixava minhas tatuagens totalmente expostas. Retiro meus braços de dentro da roupa deixando caída sobre minha cintura, me viro pra ela retirando a regata segurando em uma mão. Escuto um suspiro surpreso vindo dela e suas mãozinhas passando pelas minha costa com todo o cuidado do mundo.

__Isso é desumano -sua voz embarga enquanto seus braços me envolvem abraçando minha cintura, abaixo levemente minha cabeça e com minha outra mão coloco encima das suas acariciando.

Quando David me ligou me contando o plano da Lea eu perdi a cabeça, a única coisa que vinha em minha mente era ela em perigo, precisando de ajuda. Quando eu soube eu estava na minha cela e a mesma se mantinha aberta como o dia todo, menos na parte da noite onde os policiais vinham fecha-las. No momento em que eu estava para sair da minha cela um policial me impediu, então o empurrei e ele veio pra cima de mim com o cassetete em punhos.

Eu desviei de seus golpes e o acertei com uma cotovelada na clavícula e escutei exatamente o momento que seus ossos dessa parte foram quebrados o fazendo cair no chão agonizando pela dor e gritava alto.

Nesse mesmo tempo o alarme foi acionado fazendo um barulho ensurdecedor sobre todo o presídio, era o sinal que mais polícias tinham visto e de que eu precisava sair de lá o mais rápido possível, e foi o que eu fiz. Corri direto para o pátio com no meio do caminho trombando com guardas que tiro do meu alcance em questão de segundos, não era tão difícil quando se estava apenas com cassetetes em mãos.

Assim que passei para o pátio e estava pronto para escalar e pular o muro da prisão, senti algo penetrar sob minha pele na coxa e quando olho vejo ter sido baleado. Mesmo com o sangue fresco escorrendo e molhando a roupa que usava não parei, eu continuava subindo aquele muro, sentia minhas mãos rasparem com força no concreto da parede machucando minhas palmas. Mas não consegui chegar ao fim, pois quando o fiz, fui barrado por um mutirão de guardas e recebi choques em meu corpo me fazendo cair de lá diretamente para o chão enquanto meu corpo convulsionava pela corrente elétrica.

Fui levado para a área de punição, apesar de sempre ter um presidiário que "manda" nos outros presos, em termos de castidade ninguém se mete ou foram contra, por isso esses guardinhas se sentem no direito de castigar. Eu vou matar cada um antes de sair daqui.

Lá fui amarrado em uma espécie de madeira com o formato de X, meus pulsos e pernas foram amarrados a cada ponta da madeira enquanto deixavam minha costa exposta. Chicotadas foram depositadas uma atrás da outra na minha pele até estar o sangue fresco escorrendo e pingando no chão, eu fechava os olhos e punhos com força, lembranças da minha maldita infância vinham me atormentar, era como se fosse meu progenitor ali de novo.

Eu mentalizava o rosto de cada um em minha cabeça para quando chegar a hora eu fazer pior do que estão fazendo comigo.

Respiro fundo e me viro para Lea novamente e vejo a ponta de seu narizinho vermelho pelo choro, a puxo devagar para meus braços e a aconchego neles beijando sua cabeça.

__Por que das lágrimas minha vida?

__Me sinto um pouco culpada por todas essas cicatrizes que você recebeu, por que foi por minha causa e eu não pude impedir de baterem em você.

Observo a feição dela, é sério que ela está chorando por terem me batido? Eu realmente mereço uma mulher como ela?

__Esta tudo bem, não é sua culpa eu tomei uma atitude e tive minhas consequências em troca. Eu fiz e faria de novo isso se fosse pra ir até você, eu faço até o impossível por você minha princesa.

Lea me olha com os olhinhos cheios de água enquanto as lágrimas desciam pelas suas bochechas deixando leves rastros, beijo sua testa, a pontinha do nariz, encima de seus olhos, cada uma das bochechas, seu queixo, até finalmente beijar seus lábios com lentidão levemente salgados pelas lágrimas.

Ela retribui soltando um pequeno suspiro de satisfação completamente entregue em meus braços, eu sinceramente amo o fato de ela se entregar por completa comigo.

Nossas línguas travam uma batalha por espaço, o beijo era lento mais com uma necessidade insana. Mordo e chupo seu lábio inferior o puxando com meus lábios voltando a beija-la, aperto um lado de sua cintura e encosto nossas testas parando o beijo com alguns selinhos.

Lea me dá um beijinho de esquimó e se afasta de meus braços com relutância e caminha até sua bolsa que estava encima da mesa, de lá ela retira uma pomada e se volta para mim novamente. Ela me vira com delicadeza e sinto o creme gelado sendo passado em minha pele, mais especificamente nos machucados recém adquiridos.

Ela faz questão de me ajudar a colocar a regata novamente e fecha o zíper do meu macacão de novo e coloca a pomada dentro do bolso da minha roupa.

__Você vai passar mesmo quando eu não estiver aqui, logo você estará fora aqui e voltará pra casa.

__É o que eu mais desejo -beijo sua testa.

__Eu preciso ir agora, mas voltarei logo e se possível com as papeladas em mãos com a sua liberdade -ela pega em rosto com suas mãos pequenas e enche meu rosto de beijos o que me faz sorrir.

Saio com Lea da sala de visita íntima e a abraço com uma certa força sem machucar, beijo seus lábios com vários selinhos e mesmo com relutância ela se afasta de mim indo embora, acompanho sua silhueta caminhando elegantemente até sumir da minha vista e me levarem para o pátio ao famoso banho de Sol.

𝑆𝑒𝑗𝑎 𝑚𝑖𝑛ℎ𝑎, 𝑎𝑚𝑜𝑟!Onde histórias criam vida. Descubra agora