O relógio na Mansão Wayne ecoava a cada segundo, marcando o ritmo frenético com que nos preparávamos para o que viria a seguir. Bruce estava concentrado em seus cálculos e planos, enquanto Damian e eu traçávamos estratégias. O Espantalho havia lançado sua ameaça, e sabíamos que ele iria atacar no momento de maior visibilidade possível. A caridade da Wayne Enterprises, com uma multidão prestigiada, seria o palco perfeito para seu caos.
Damian estava em pé, tenso, com os braços cruzados, enquanto observava Bruce. Eu podia sentir a irritação em sua postura rígida. O fato de Bruce ainda insistir que eu fizesse parte dessa operação o incomodava, mas ele não podia negar que eu era útil, e ele sabia que precisava de mim.
— Não subestime o Espantalho, — advertiu Bruce, quebrando o silêncio. — Ele é imprevisível, e sua toxina do medo pode causar pânico em massa. O objetivo dele é o caos, e nós precisamos estar prontos para qualquer coisa.
Damian me lançou um olhar, seus olhos verdes fixos nos meus por um breve momento antes de ele se afastar para o canto da sala. Havia uma tensão crescente entre nós, algo que eu não podia ignorar. Ele era arrogante, convencido de que não precisava de mim, mas ainda assim havia momentos em que ele parecia ceder um pouco.
No evento da Wayne Enterprises, tudo estava impecável. As luzes brilhavam intensamente, iluminando o salão cheio de convidados importantes, todos vestidos elegantemente para a ocasião. No entanto, por trás das aparências glamorosas, sabíamos que o perigo estava à espreita.
Eu estava disfarçada entre os convidados, meus olhos constantemente varrendo a sala em busca de qualquer coisa fora do comum. Damian, vestido em um smoking preto, estava não muito longe de mim, mas sua expressão de desdém estava clara. Ele odiava esse tipo de situação, onde precisava se misturar com a alta sociedade de Gotham.
— Não abaixe a guarda, Astrid, — ele sussurrou ao passar por mim, sua voz grave e cortante. — Isso aqui é uma bomba-relógio, e sabemos quem está segurando o detonador.
Assenti, mantendo meu foco. Algo não parecia certo, e uma inquietação crescia dentro de mim.
O caos veio rápido. No meio da cerimônia, gritos ecoaram pelo salão, seguidos por uma explosão de pânico. O cheiro familiar e nauseante da toxina do medo do Espantalho se espalhou pelo ar, e a multidão começou a correr em todas as direções, tentando escapar. O pânico tomou conta rapidamente.
Damian e eu corremos para controlar a situação, mas era quase impossível lutar contra o terror que se instalava nas pessoas. O medo estava se espalhando como um vírus. Bruce, disfarçado no meio dos convidados, já havia desaparecido, provavelmente mudando para seu uniforme de Batman.
— Precisamos encontrar o Espantalho, — disse Damian, seus olhos verdes brilhando com determinação enquanto ele me puxava para o lado, nos afastando da multidão. — Ele está controlando tudo isso de algum lugar.
Antes que eu pudesse responder, ouvi um estalo atrás de nós. Quando me virei, uma figura mascarada apareceu diante de mim — um dos capangas do Espantalho. Damian reagiu rápido, atacando o homem antes que ele pudesse fazer qualquer coisa, mas naquele momento, eu não vi o perigo que vinha de outra direção.
Senti um leve toque no meu ombro e, antes que pudesse reagir, um gás denso e amarelado começou a preencher meus pulmões. Era a toxina do Espantalho. Tentei respirar, mas o pavor tomou conta de mim. Minha visão ficou turva, e a realidade ao meu redor começou a se distorcer.
O mundo ao meu redor desapareceu, substituído por sombras e pesadelos. Eu estava cercada por escuridão, por imagens de todos os meus maiores medos. Não sabia o que era real e o que era ilusão. Tudo o que eu temia, todas as minhas dúvidas, começaram a surgir, se arrastando dentro da minha mente, corroendo minha sanidade.
Eu tentei lutar, gritar, mas parecia que estava presa em minha própria mente. O medo me consumia, e a única coisa que eu conseguia ver eram rostos deformados, vozes ameaçadoras, todas ecoando na minha cabeça.
— Astrid! — A voz de Damian soou distante, como se estivesse vindo de um lugar muito longe. — Astrid, me escuta!
De repente, a realidade começou a emergir. Senti mãos fortes me segurando, e, quando consegui abrir os olhos, lá estava ele — Damian, com seu rosto firme e decidido, segurando-me pelos ombros. Seus olhos verdes estavam focados nos meus, e, pela primeira vez, havia algo além de arrogância neles. Havia preocupação.
— Astrid, me escute, — ele repetiu, sua voz mais suave, mas ainda urgente. — Isso não é real. É a toxina do Espantalho. Você precisa lutar contra isso.
Eu estava ofegante, meu corpo tremendo, ainda sentindo os efeitos do medo. Mas algo em suas palavras, em seu olhar, me ancorou à realidade. Damian me puxou para mais perto, mantendo seu olhar fixo no meu, como se sua própria força de vontade pudesse me trazer de volta.
— Eu preciso de você, — ele disse com uma sinceridade que me surpreendeu. — Não posso fazer isso sozinho. Nós precisamos derrotá-lo juntos.
Lentamente, consegui me recompor. Respirei fundo, tentando afastar os resquícios da toxina da minha mente. Sentia meu coração ainda acelerado, mas comecei a recuperar o controle. E lá estava ele, ainda me segurando, como se me mantendo firme fosse o único jeito de me impedir de cair de novo no pesadelo.
— Estou bem, — consegui murmurar, minha voz ainda trêmula. — Estou aqui.
Ele assentiu, os traços rígidos de seu rosto suavizando um pouco. Houve um silêncio estranho entre nós por um momento, algo que nunca imaginei que existiria. Uma conexão inesperada, forjada no meio do caos.
Mas o caos ainda não havia terminado. A luta contra o Espantalho ainda estava em andamento, e sabíamos que ele não desistiria tão fácil. Bruce estava lá fora, enfrentando os capangas e tentando chegar até o vilão. Damian me ajudou a ficar de pé, e juntos corremos em direção ao tumulto.
Quando finalmente encontramos Bruce, ele estava lutando contra o próprio Espantalho, que sorria de forma sinistra enquanto liberava mais de sua toxina no ar. Damian e eu nos juntamos a ele, atacando o Espantalho de ambos os lados, tentando neutralizá-lo.
A batalha foi intensa. O Espantalho lutava como um homem possuído, movido por seu desejo de ver Gotham submersa no caos. Mas Bruce, Damian e eu estávamos determinados. Damian, especialmente, lutava com uma ferocidade que eu nunca havia visto antes, e eu o acompanhava, confiando nele de uma forma que jamais imaginaria.
No fim, conseguimos derrubar o Espantalho. Ele foi preso e sua toxina neutralizada. O caos que ele havia causado começou a se dissipar, e a multidão, embora ainda assustada, começou a se acalmar.
De volta à Mansão Wayne, o silêncio era um alívio. Damian e eu estávamos exaustos, mas vivos. Enquanto nos sentávamos na sala, ele olhou para mim de forma estranha, como se quisesse dizer algo, mas hesitasse.
— Você estava incrível hoje, — ele finalmente disse, sua voz mais suave do que o normal. — Mesmo sob o efeito da toxina, você conseguiu lutar.
Eu sorri, ainda cansada, mas satisfeita com o elogio inesperado.
— Obrigada. Você também, Damian. — Eu o encarei, e o silêncio entre nós parecia mais confortável agora, quase cúmplice.
Talvez, pensei, houvesse mais em Damian do que eu imaginava. E, de alguma forma, mesmo com nossas personalidades fortes e orgulhosas, estávamos começando a perceber que, no fundo, precisávamos um do outro. Mesmo que nenhum de nós quisesse admitir isso.
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A Guarda de Damian Wayne
FanfictionQuando a detetive Astrid Drake é contratada por Bruce Wayne para proteger seu filho, Damian, ela não sabe que está entrando em um mundo de segredos e perigos. Mantendo as aparências como herdeiro de um império bilionário, Damian tem muito mais a esc...