A Guarda de Damian Wayne

¹³Sob vigilância

A manhã seguinte chegou antes que eu estivesse preparada. O alarme tocou implacavelmente ao meu lado e, com os olhos ainda pesados de sono, eu o desliguei. Me espreguicei, sentindo o peso da responsabilidade que havia aceitado no dia anterior. Bruce Wayne me contratando para ser guarda-costas de seu filho, Damian. Um trabalho de prestígio, sem dúvidas, mas cheio de nuances e mistérios. Algo me dizia que a tarefa seria tudo, menos simples.

Levantei-me e fiz minhas rotinas matinais rapidamente, já sabendo que o dia seria longo. Tomei um café forte, sem muito tempo para pensar em tudo que estava acontecendo. Damian Wayne... Ele não era apenas o "filho do bilionário". Eu sabia disso. Sua presença, seu comportamento arrogante e a frieza no olhar me diziam que ele não era um jovem comum. Mas o que Bruce Wayne queria esconder? Qual era o motivo real para eu ser contratada?

Me vesti com a eficiência de quem sabia que o trabalho exigiria mais do que o usual. O casaco preto combinava com a atitude de "não se meta comigo" que eu estava começando a adotar sempre que pensava em Damian. No fundo, algo me dizia que ele não queria minha ajuda, mas isso não mudava o fato de que eu estava ali para cumprir o meu dever.

Peguei minha bolsa e saí do apartamento com os pensamentos correndo soltos. A cidade estava acordando aos poucos, e eu observava pela janela do táxi os prédios imponentes que refletiam o sol da manhã. As ruas começavam a encher de pessoas e carros, mas minha mente estava fixada na Mansão Wayne e em tudo que ela representava.

Quando cheguei ao portão da mansão, a mesma imponência de ontem me atingiu em cheio. Era um lembrete constante da fortuna e do poder que Bruce Wayne possuía, e agora, de certa forma, eu fazia parte daquele mundo. Respirei fundo antes de sair do táxi e caminhei em direção à entrada. Alfred, o mordomo que eu havia conhecido no dia anterior, me aguardava com um sorriso simpático e um olhar atento, como se ele pudesse ler meus pensamentos.

— Bom dia, Srta. Drake — Alfred cumprimentou, sempre cortês. — Espero que sua noite tenha sido tranquila.

— Bom dia, Alfred. Foi... boa o suficiente — respondi, forçando um sorriso.

— Sr. Wayne e o jovem Damian estão esperando por você na sala de estar. Posso acompanhá-la?

Assenti, e ele me conduziu pelo vasto corredor, onde as paredes exibiam retratos antigos e ornamentos que pareciam valer mais do que minha vida toda. A cada passo, minha mente ia se ajustando ao que estava por vir. Damian estava esperando, e a julgar pelo que eu havia experimentado ontem, nossa relação não seria das mais fáceis. Ele claramente não queria a minha presença, e essa barreira era algo que eu teria que superar de alguma forma.

Ao entrar na sala de estar, lá estava ele. Damian Wayne, com seu olhar intenso e aquela aura de arrogância que o seguia. Estava recostado em uma poltrona, os braços cruzados, e me lançou um olhar impaciente assim que me viu.

— Demorou — ele disse, sem sequer levantar para me cumprimentar. Era como se eu fosse uma inconveniência no seu dia.

Respirei fundo. Não vou perder a calma. Não vou perder a calma. Pensei comigo mesma enquanto mantinha a compostura.

— Tive que garantir que não havia nenhuma ameaça à sua segurança no caminho até aqui, senhor — respondi, sem alterar o tom de voz.

Ele revirou os olhos, claramente sem paciência para qualquer tipo de formalidade. — Como se eu precisasse de você para isso.

Alfred, sempre o mediador, interveio antes que a tensão pudesse crescer mais. — Se precisar de qualquer coisa, estarei por perto — disse ele, saindo da sala com a classe de um verdadeiro mordomo britânico, nos deixando sozinhos.

Eu respirei fundo novamente, dessa vez com a intenção de começar o trabalho de verdade. — Olha, vamos tentar facilitar isso para os dois, certo? — falei, aproximando-me e cruzando os braços, num gesto que espelhava o dele. — Eu entendo que você não quer alguém te vigiando, mas é o meu trabalho. Então, podemos tornar isso mais fácil ou podemos continuar essa dança de desprezo mútuo.