A Guarda de Damian Wayne

⁴⁹Conversa de irmão - Jason

Depois de um bom treino, era hora de dar o empurrãozinho que Damian precisava. Dick e eu estávamos nos aproximando da área onde Damian e Astrid estavam sentados, parecendo mais à vontade um com o outro. Eu podia sentir que as coisas estavam mudando, mas ainda era necessário um pequeno empurrão.

- Você vai falar com ele agora? - perguntou Dick, observando com uma expressão de expectativa. Eu acenei, respirando fundo.

- Sim, mas preciso que você faça o seu truque de "irmão mais velho" e mantenha Astrid ocupada.

Dick assentiu e se dirigiu para onde Astrid estava. Eu observei enquanto ele começava uma conversa casual. A química entre eles era visível, e o sorriso de Astrid enquanto ela falava com Dick só tornava tudo mais interessante. Era hora de agir.

Caminhei até Damian, que ainda estava recuperando o fôlego do treino. Ele parecia mais relaxado, mas havia uma tensão em sua postura. Ele me olhou de lado, a expressão desafiadora que conhecia bem.

- O que você quer, Todd? - ele perguntou, soando um pouco mais defensivo do que o normal.

- Conversar. - Eu me inclinei contra a parede, cruzando os braços. - Precisamos discutir sobre o que aconteceu hoje.

Damian arqueou uma sobrancelha, claramente cético.

- Sobre o treino? O que tem a ver com isso?

- Não, sobre você e a Astrid. Você sabe que tem algo ali, certo?

Ele virou o olhar, tentando parecer desinteressado, mas eu percebi a maneira como seus lábios se comprimiram e seu corpo tenso. Era hora de abrir a porta.

- Não tem por que fingir, Dami. Ninguém aqui vai te julgar - continuei, mantendo um tom descontraído. - Você acha que ela não percebe o quanto você a olha? O jeito como seus olhos seguem cada movimento dela?

Damian ficou em silêncio, sua expressão revelando uma mistura de confusão e hesitação. Finalmente, ele quebrou o silêncio.

- Isso não importa. O que importa é que temos um trabalho a fazer.

- É claro que importa! - eu protestei. - Olha, eu sei que você é o "filho do Demônio" e tudo mais, mas, no fundo, você é só um garoto que gosta de uma garota. E se tem uma coisa que você tem que entender, é que não dá para correr disso para sempre.

Ele parecia irritado, mas havia um brilho em seus olhos que não conseguia esconder.

- E se ela não sentir o mesmo? - ele murmurou, a insegurança quebrando um pouco sua armadura.

- A única maneira de você saber é se abrir para ela. O que você está esperando? Um convite formal?

Damian bufou, mas não disse nada. Ele estava pensando, e isso era um bom sinal. Eu continuei.

- Olha, Dami, eu sei que você tem esse jeito de ser durão, mas não pode ficar preso nessa armadura. A Astrid está lá. Ela gosta de você, cara. E, se você não der uma chance, pode perder algo incrível.

Ele respirou fundo, claramente lutando contra sua própria mente.

- E se eu for um desastre? - ele perguntou finalmente, os olhos escaneando o chão.

- E se você for? Todo mundo já foi um desastre em algum momento, inclusive eu. Mas você precisa arriscar. Além do mais, você é um Wayne. Se tem alguém que pode lidar com essa pressão, sou eu, e você.

Damian olhou para mim, a resistência começando a derreter, mas ainda havia uma dúvida em seu olhar.

- E se ela não gostar de mim assim? - ele sussurrou.

- Então você vai ter que lidar com isso quando chegar lá. Mas não vá pensando que não vale a pena tentar. Você já enfrentou coisas muito piores. Essa pode ser a sua maior batalha, mas também pode ser a mais gratificante.

Havia um momento de silêncio, e eu vi a luta interna dele. Então, algo mudou em sua expressão. Ele parecia estar aceitando o desafio.

- E se eu falar com ela? - ele perguntou, um pouco mais determinado.

- É isso! - eu exclamava, batendo nas costas dele. - Acredite, Dami, você vai se surpreender com o que pode acontecer. Agora vai lá, cara.

Ele hesitou por um segundo, mas então, sem me avisar, se levantou e foi em direção a Astrid. Eu sorri, aliviado. Era como se eu tivesse acabado de empurrá-lo para o abismo, mas um abismo muito mais bonito do que ele imaginava.

Enquanto Damian se aproximava, eu voltei para onde Dick e Astrid estavam. Dick olhou para mim, um sorriso satisfeito no rosto.

- Você fez o que tinha que fazer? - ele perguntou.

- Fiz, e agora vamos ver se o moleque tem coragem - respondi, observando Damian se aproximar de Astrid com um misto de nervosismo e determinação.

Astrid olhou para ele, e havia algo na maneira como ela sorriu que me fez sentir que tudo ia dar certo. E, por um breve momento, pensei que talvez, apenas talvez, Damian poderia ter encontrado mais do que apenas um amor - poderia encontrar alguém que realmente o compreendesse.

Dick e eu trocamos um olhar cúmplice. Nossa missão de cupido estava indo bem, e eu mal podia esperar para ver como tudo isso se desenrolaria.