⁷Chamas da desconfiança

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Deixando a Mansão Wayne, meu corpo ainda carregava a tensão acumulada de mais um embate com Damian. Era incrível como duas pessoas podiam se atritar tanto, mesmo sem terem tido muito tempo juntas. Enquanto descia a colina em direção à cidade, meus pensamentos voavam para a reunião que Bruce havia mencionado. Um grupo maior, alguém nos bastidores mexendo os fios e tentando nos derrubar. O risco aumentava a cada segundo, e algo me dizia que a situação se tornaria bem mais intensa nos próximos dias.

Assim que voltei à cidade, mandei uma mensagem para os meus antigos parceiros do GCPD, Marcus e Janine. Ambos tinham me ajudado inúmeras vezes em casos complicados, e não havia ninguém melhor para uma consulta rápida sobre o que estava se desenrolando em Gotham.

Minutos depois, cheguei ao pub onde combinamos nos encontrar. Marcus já estava lá, com seu casaco de couro habitual e uma expressão séria. Ele levantou o olhar quando entrei, acenando para mim, e logo em seguida Janine chegou, com seu cabelo ruivo preso em um coque desalinhado e uma xícara de café na mão.

— Astrid, estava na hora de se lembrar de nós — brincou Janine, com um sorriso.

— Acreditem, se eu pudesse, teria ficado longe por mais tempo — respondi, sentando-me à mesa e puxando a cadeira. — Mas as coisas estão ficando feias.

Marcus estreitou os olhos, já percebendo o tom na minha voz.

— Tem algo a ver com o evento ontem, não é? Ouvi boatos de que algo quase deu errado.

— Mais do que "quase", Marcus. Um dos tiros era para Damian Wayne.

O silêncio que se seguiu foi carregado de tensão. Ambos sabiam que qualquer ataque envolvendo o nome Wayne significava problemas maiores.

— Não tem como isso ser coincidência — Janine falou, a voz baixa. — Alguém tem um alvo nos Waynes, e não são amadores.

— Exatamente. Bruce Wayne acredita que pode ser um grupo maior, mas estamos no escuro quanto a quem está por trás disso — respondi, olhando para os dois com seriedade. — Preciso de informações. Qualquer coisa que vocês tenham ouvido.

Marcus trocou um olhar com Janine antes de responder.

— Ouvi falar de um grupo que está tentando se infiltrar no submundo de Gotham. Algo sobre um "renascimento" da Liga das Sombras, mas os detalhes ainda estão muito vagos.

Meu coração acelerou ao ouvir "Liga das Sombras". Se isso fosse verdade, estávamos lidando com algo muito maior do que simples criminosos locais.

— A Liga das Sombras? Isso não pode ser coincidência — murmurei, sentindo o peso das informações se acumularem.

— Não tenho certeza, mas se isso for verdade, você e o Damian estão bem no meio de algo muito perigoso — disse Janine, colocando a mão sobre a minha no gesto de apoio.

— Não é só o Damian — suspirei. — Bruce quer que eu fique ao lado dele como guarda-costas, mas o garoto é um pesadelo. Ele não vai aceitar que precisa de ajuda. Estamos constantemente nos batendo, e isso só piora as coisas.

Marcus riu baixinho.

— Você sempre gostou de um desafio, Astrid. Mas, se há alguém que pode manter esse garoto na linha, é você.

Dei um sorriso cansado, ainda pensando em todas as implicações daquela ameaça.

— Pode ser, mas ele está sendo um risco para ele mesmo. E, se a Liga das Sombras estiver envolvida... nós dois estaremos ferrados.

Na manhã seguinte, ao chegar na Mansão Wayne, o clima já estava diferente. A tensão parecia ter se infiltrado no ar, como se todos soubessem que algo maior estava por vir. Alfred me recebeu como sempre, mas o tom grave em sua voz deixou claro que ele sabia mais do que estava disposto a dizer.

A Guarda de Damian WayneOnde histórias criam vida. Descubra agora