A Guarda de Damian Wayne

⁴⁶Jogo de estratégia - Dick + Damian

Na manhã seguinte, eu já estava na cozinha, preparando meu café. A mansão Wayne tinha uma aura tranquila nas primeiras horas do dia, quase como se a sombra de Gotham não fosse tão pesada assim. Mas essa tranquilidade era passageira. Especialmente com Jason, Damian, e agora Astrid, todos sob o mesmo teto.

Jason apareceu logo depois, ainda com aquele olhar preguiçoso, se espreguiçando como se fosse o único na casa que ainda não tivesse se acostumado com os horários imprevisíveis de Bruce.

— Algum plano para hoje? — ele perguntou, pegando uma caneca e enchendo-a com café, o olhar casual, mas a intenção por trás clara.

Sorri de canto. Jason estava claramente interessado em saber qual seria o próximo movimento no "projeto Damian e Astrid". Eu também estava, na verdade. Afinal, quando se tratava de irmãos, era quase uma missão pessoal garantir que eles não ficassem tão perdidos quanto Bruce sempre ficava com seus sentimentos.

— Bom, pensei em um treino no final da tarde — respondi, mexendo no açúcar da minha caneca. — Algo leve, mas... talvez com algumas participações especiais.

Jason levantou as sobrancelhas, seu sorriso se ampliando. Ele sabia onde eu queria chegar.

— ‘Leve’, hein? Tipo um sparring... nada muito perigoso? — Ele disse com um tom zombeteiro.

Eu dei de ombros.

— Exatamente. Um pouco de exercício nunca faz mal, especialmente quando se está tentando lidar com emoções complicadas. Astrid tem um bom controle físico, mas o Damian... Ele pode aprender algo nesse processo.

Jason riu, balançando a cabeça.

— Você sabe que ele vai perceber o que estamos fazendo, né? Ele é cabeça dura, mas não é burro.

— Claro que vai. — Bebi um gole do meu café. — Mas é aí que entra o nosso charme. A diferença é que, quando ele perceber, já vai estar em um ponto em que não tem como voltar atrás.

Jason me olhou por cima da caneca, seus olhos brilhando de diversão.

— Sempre o estrategista, hein, Grayson?

Antes que eu pudesse responder, ouvimos passos vindos da direção do corredor, e logo Damian apareceu na porta da cozinha, parecendo já desconfiado do nosso encontro matinal.

— O que vocês estão tramando? — Ele perguntou, direto, sem rodeios, seu olhar fixo em nós dois.

— Tramando? — Jason levantou as mãos em um gesto de inocência exagerada. — Estamos só conversando. Sobre treinos, talvez. Nada demais.

Damian estreitou os olhos, claramente cético.

— O que quer que vocês estejam planejando, fiquem longe de mim. Não tenho tempo para suas... bobagens.

Eu ri, mas disfarcei com mais um gole de café.

— Relaxa, Dami. Só estamos pensando em uma sessão de treino no fim da tarde. Se quiser participar, será bem-vindo.

— ‘Se quiser’? — Damian bufou, pegando uma maçã do balcão. — Eu sempre estou à frente de vocês no treino. E não preciso da sua permissão para participar.

Jason e eu trocamos olhares divertidos enquanto Damian saía da cozinha com a maçã na mão, indo em direção ao jardim da mansão.

— Acho que ele acabou de aceitar o convite, não acha? — Jason murmurou, tomando mais um gole de café.

— Definitivamente. — Eu sorri, satisfeito. — Agora só falta uma coadjuvante específica.

Damian Wayne

Eu sabia que eles estavam planejando alguma coisa. Dick e Jason não eram sutis, nunca foram. E, de certa forma, eu estava cansado de ser alvo de seus "experimentos sociais". Treinamento eu aceitava, até gostava, mas aquela sensação de que estavam tentando me manipular era irritante.

O jardim estava silencioso como sempre, e eu aproveitei para treinar sozinho. A mansão Wayne sempre foi um lugar para encontrar algum tipo de ordem em meio ao caos da minha vida. As árvores altas, os espaços amplos... me davam tempo para pensar.

Ou pelo menos, era o que eu pensava.

— Dami? — A voz de Astrid cortou o silêncio, me fazendo olhar em sua direção. Ela estava parada perto da entrada do jardim, me observando com aquele olhar sempre tranquilo, mas curioso. — Você parece distraído.

Suspirei, guardando o batarang que eu estava girando entre os dedos. Astrid tinha o péssimo hábito de aparecer nas piores horas — ou, talvez, nas melhores, dependendo da perspectiva.

— Eu não estou distraído — corrigi, me levantando. — Só... treinando.

Ela sorriu, aproximando-se de mim com aquele ar desafiador. Seus olhos estavam fixos nos meus, e o calor que isso me causava era desconfortável. Não porque eu não gostava, mas porque eu não sabia lidar com isso.

— Você acha que eu caio nessa? — Ela arqueou uma sobrancelha. — Treinando sozinho, em pleno sábado de manhã, com uma mansão cheia de heróis prontos para entrar em ação?

Não respondi de imediato. Astrid sempre foi boa em me fazer questionar minhas decisões, mesmo que eu jamais admitisse isso para ela.

— Você quer treinar também? — perguntei, desviando a conversa. Talvez, se focássemos no treino, eu pudesse evitar mais conversas sobre o que estava sentindo.

Ela riu, cruzando os braços.

— Treinar? Não. Estava pensando em algo mais divertido. — Seus olhos brilharam, e isso me deixou desconfiado.

Antes que eu pudesse perguntar o que ela queria dizer, Jason e Dick apareceram, ambos com aquele mesmo sorriso de conspiração que eu odiava.

— Parece que temos uma proposta interessante — disse Dick, se aproximando e cruzando os braços, imitando Astrid. — Que tal um sparring em equipe? Nada sério, só pra movimentar o dia.

Jason sorriu maliciosamente, já antecipando o caos.

— Eu e Dick contra você e Astrid. Que tal?

Eu olhei para Astrid, que parecia já preparada para qualquer coisa, e então para os dois idiotas à minha frente. Claro que estavam planejando algo. Mas, por algum motivo, eu senti que, desta vez, eu poderia jogar o jogo deles.

— Está bem — respondi, erguendo o queixo com desafio. — Vamos ver quem sai ganhando.

Astrid sorriu, se posicionando ao meu lado. O olhar dela me dizia que estava tão ansiosa quanto eu para essa “batalha”.

Mas, diferente dos outros treinos, desta vez, a vitória parecia ter um sabor diferente. Algo que eu ainda não sabia exatamente o que era.