Capítulo Cinquenta e Sete - Um Oni Diferente

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As flores rosas de cerejeira caiam sem parar pelos portões da Mansão Ubuyashiki. A muitos meses atrás, as árvores de glicinias foram trocadas por longas Sakuras brilhantes e formosas.

Na Mansão, risos e conversas soavam. Onis e humanos brincavam juntos, comendo iguarias, e doces, e se divertindo juntos.

Naquele dia no Monte Natagumo, Muzan Kibutsuji e Kagaya Ubuyashiki fizeram um acordo, onde ambos os  lados iriam viver sem mais rixas e ódio acumulados.

As pesquisas que Tamayo fez anteriormente, junto as informações combinadas com Muzan e família Ubuyashiki, eles fizeram uma potente poção onde dava imunidade ao sol.

Ambos os lados estavam em paz, as brigas que ocorriam entre ambos os lados eram levadas a treinos ou torneios para acabar com isso.

Felizmente, as crianças que cresciam, não precisavam mais temer aos assustadores onis. Todas brincavam, e eram tratadas com igualdade. Com respeito, e sem temerem serem devoradas.

Os Onis, para se alimentarem, optaram por tomar sangue de animais, e sangues doados pelos humanos. Os que não queriam essa vida, foram... cuidados pessoalmente por Muzan.

Eles nunca mais foram vistos, é claro.

– Ah, sim, Daki e Gyuutarou brigaram de novo com Tanjiro e aqueles outros garotos sobre quem iria ficar com o último pedaço de torta. Eles são realmente crianças difíceis de cuidar... – Muzan tocou a lápide feita de mármore, com um sorriso solidário nos lábios, várias flores circulando o túmulo.

O vento batendo em seus cachos morenos era fresco, e balançava seus cabelos suavemente, com o sol em sua pele pálida, ele suava um pouco, mas limpou rapidamente com um lenço.

"[Nome] Kibutsuji
Um pai, parceiro, e mestre."

"Poucos tem a chance de ter uma segunda chance. Então, aproveite esta primeira."

A frase esculpida no túmulo foi feita pelo próprio [Nome], antecipadamente. Muzan sentiu raiva e tristeza quando viu que o oni sabia que ele não iria sair vivo daquele dia.

Mas ele também... sentiu um pouco de culpa.

A morte de [Nome] fez com que a paz entre os Onis e Humanos se tornarem real.

E a que custo?

Muzan faria tudo diferente.

– ...sinto sua falta, [Nome]. – confessou o rei dos Onis, se abaixando, e colocando o Lírio Aranha Azul, e um Aranha Vermelho na lápide de seu amante, com os olhos cheios d'água, ele solta uma pequena e fraca risada. – Sinto falta de suas risadas, seus toques, seus pensamentos pervertidos, suas palavras obscenas... sinto falta de você.

Muzan cobre o rosto com as mãos, os ombros tremendo enquanto ele respirava fundo várias vezes para se controlar.

Se passou um ano e meio desde a morte de [Nome].

O Kibutsuji havia superado, mas ainda doía.

Ele nunca poderia sentir o amor e paixão que sentiu por [Nome], em outra pessoa. Era completamente impossível.

– Eu ainda imagino você voltando para o Castelo... após uma missão cansativa, e vindo me importunar para pedir abraços e beijos.. deuses, como eu odiava isso... como eu amava saber que você sempre pensava em mim... – Muzan secou as lágrimas, abrindo um sorriso pequeno e suave. – Como é que está aí?

Ele estava ficando louco. Ou já era.

Talvez ele sempre foi?

Conversando com uma lápide... esperando que alguém respondesse, esperando que alguém o abrace por trás, e sussurre que tudo iria ficar bem...

𝖀𝖒 𝕺𝖓𝖎 𝕯𝖎𝖋𝖊𝖗𝖊𝖓𝖙𝖊? [𝔐𝔞𝔩𝔢ℜ𝔢𝔞𝔡𝔢𝔯×𝔐𝔲𝔷𝔞𝔫] Onde histórias criam vida. Descubra agora