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Helena Santiago

Richard não entenderia no passado e, talvez, quando eu contasse tudo, ele ainda continuaria sem entender, mas tudo o que fiz, foi exatamente para não deixar nas suas mãos decisões que não diziam respeito a ele naquele momento.

Voltei a focar no homem à minha frente, aproveitando que estava tocando-o para sentir um pouco mais daqueles músculos, adorando como eles se contraíram por onde meus dedos passavam. Um grunhido escapou dos seus lábios quando deslizei minha mão para o seu peitoral e isso foi o suficiente para voltar a encarar a sua boca, não conseguindo conter o impulso de voltar a grudar nossos lábios.

E dessa vez não foi rápido, muito menos urgente, foi... intenso. Seus braços me envolveram, puxando-me contra o seu corpo duro enquanto nossas bocas se encaixavam sem pressa, explorando uma à outra e trazendo mais uma vez aquela sensação nostálgica de já ter sido beijada daquela forma antes, quando nos escondíamos de olhares alheios e nos encontrávamos pelas ruas de Medelín a cada oportunidade que surgia.

— 57, 58, 59... Mamãe, já deu um minuto. Ri contra os lábios do Richard, que acabou se juntando a mim antes de se afastar e ajustar a camiseta.

— Estamos indo, Joca, estamos indo - respondi, recuperando o fôlego e tocando a mão do jogador quando ele fez menção de se afastar. — Me desculpa, ele é...

— Insistente — Richard complementou, descendo os seus olhos para as nossas mãos.

— Sim. — Engoli em seco.

Era tão mais fácil seguir em frente quando eu imaginava que a única reação que ele teria se um dia me reencontrasse, fosse me tratar mal, não me beijar.

— Nós ainda podemos conversar? - perguntei, sentindo o meu coração voltar a acelerar, afinal, ele tinha todo o direito de negar.

Richard assentiu, dando dois passos para trás, me dando espaço para abrir a porta e encontrar Joca parado ali com seus olhos verdes desconfiados e o narizinho franzido que deixava claro a sua insatisfação pela minha demora.

— Estou indo pra casa também, posso levar vocês.

— Não, obrigado, nós não aceitamos carona de estranhos - foi Joca quem respondeu, enroscando sua mão na minha e tentando me puxar na direção oposta, o que não conseguiu, pois me mantive no lugar, lançando um olhar de desculpas para Richard.

— Obrigada, mas não precisa se incomodar, eu estou de carro.

— Não seria incômodo algum, mas nos vemos no nosso prédio, onde podemos terminar a nossa conversa. - O jogador me interrompeu, olhando para o meu filho, enquanto eu estava tentando assimilar tudo o que ele falava.

Nosso prédio? Por algum motivo, sentia como se tivesse perdido alguma informação durante a conversa.

Joca me olhou, tapando a boca como se Richard não pudesse ouvi-lo.

— Aquele vizinho que foi reclamar de mim, mamãe.

Ergui os olhos para encarar Richard, que apenas encolheu seus ombros. Puta merda. Quem diria que, além de reencontrar o motivo dos meus maiores arrependimentos, ele dormiria justamente na porta ao lado? Eu estava tão, mas tão fodida.

— Nos vemos em casa então? Digo, no prédio.

— Claro! — Depois de ter beijado ele como poderia negar uma simples conversa ?

Nos despedimos e voltei para casa com o Joca, assim que entramos no apartamento eu mandei uma mensagem para as meninas da agência e pedi para elas finalizarem o dia sem mim, Joca foi para o banho e depois de almoçar dormiu. Eu ainda estava em choque com o que tinha acontecido no CT, e então ouço o barulho da campainha e eu já sabia quem estaria do outro lado da porta.

— Entra, por favor. — Pedi e assim ele fez, o silêncio dentro do apartamento era constrangedor.

— Então...

— Senta, eu vou te contar tudo.

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Até o próximo 😘

Fuera de mi controlOnde histórias criam vida. Descubra agora