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Richard Ríos

O barulho na porta de acesso chamou a minha atenção, me fazendo virar para encontrar Joca acenando com as mãos sujas de bolo. Fiz sinal para ele se aproximar, analisando o garoto que caminhava em minha direção sem muita vontade.

— Vem cá.

Encostei uma das cadeiras na pia, deixando o celular sobre a bancada para ajudá-lo a subir, mantendo-me por perto caso se desequilibrasse ou algo do tipo. Abri a torneira, vendo-o prender a língua entre os lábios enquanto se concentrava em limpar as mãos antes de lavar a boca e se atrapalhar limpando o nariz.

— Sobrou um pouquinho aqui. — Toquei o local que franziu em resposta, deixando claro que eu tinha ido longe demais.

Aproveitei que Joca voltou a se lavar para pegar um pouco de papel-toalha que estava na bancada, entregando-o quando se livrou de todo o doce.

— Valeu.

Esperei ele pular da cadeira e correr porta afora, peguei meu celular e joguei no sofá antes de parar na soleira da porta de entrada para encontrá-lo, dessa vez, plantando bananeira.

— Cuidado para não se machucar, amigão.

— Eu sou forte.

— Nisso, você tem razão — Concordei, colocando a mão no meu bolso e indicando com a cabeça para dentro do meu apartamento. — Se não estou enganado, eu tenho baixado e instalado o Fifa no meu PlayStation. Ele desceu as suas pernas quase que imediatamente, sentando-se para me olhar.

— O novo?

— O novo — repeti, notando seus dentinhos mordiscando o seu lábio inferior, igual Helena costumava fazer. — Você sabe que tem câmeras no corredor, certo? — Apontei para uma delas, fazendo com que ele olhasse naquela direção. — Nós podemos manter a porta aberta enquanto jogamos para o caso da sua mãe ou da Júlia chegar.

Joca me olhou antes de encarar a câmera mais uma vez e assentir, correndo para juntar a bagunça na porta da sua casa e jogar tudo dentro de uma sacola plástica.

— Tudo bem, acho que podemos jogar um pouco.

Dei um passo para a frente, abrindo espaço para ele entrar quando se aproximou. O segui até o sofá, parando no rack para pegar os dois controles.

— Só não conseguiremos jogar online, minha internet está péssima durante o dia, só estabiliza bem à noite.

O garoto abriu um sorriso largo, dando de ombros enquanto dobrava as pernas em cima do sofá.

— Nossa, que pena, né? Eu, no seu lugar, me mudava, imagina viver sem internet?

Não demorou muito e a campainha tocou novamente, deixei Joca jogando e me levantei para abrir, e o Juan esperava com um sorrisinho debochado no rosto.

— Se você fizer alguma gracinha...

— Relaxa Richard, não vou te envergonhar na frente do seu enteado.

— Eu estou falando sério Juan — Sem me responder ele passa pela porta.

— Oi. Você deve ser o Joca! — Meu amigo deu a volta no sofá e se aproximou de onde ele estava, esticando a mão fechada em punho para o garoto cumprimentá-lo com um soco. — Você… Nossa… — Desviou os olhos de Joca para mim antes de abrir e fechar a boca algumas vezes.

Que merda tava acontecendo com ele?

— Tá tudo bem? Foi Joca quem perguntou, lançando um dos seus olhares questionadores para o meu amigo.

— Sim, é que… — Juan se agachou, sorrindo para ele. — Eu estou apenas impactado. Sabia que o seu nome é de um campeão de boxe lá da Colômbia ?

O menino sorriu, assentindo.

— Sim, Joaquim, igual o do vovô!

Fiquei alguns minutos observando a interação dos dois, e aparentemente o Juan tinha mais jeito com o Joca do que eu.

— Nós precisamos conversar. — Juan se levantou, enquanto caminhava até onde eu estava. — Seu quarto. Agora.

— Olha, cara, se for sobre…

Ele saiu andando antes mesmo que eu terminasse.

— Richard, só vem.

— Certo. Joca, você pode ficar exatamente onde está enquanto vejo o que Juan quer?

— Posso.

Tranquei a porta e guardei a chave no bolso antes de seguir na mesma direção que o meu amigo desapareceu. Porra, não havia a mínima chance de eu perder aquele garoto ou deixar alguma merda acontecer.

— Seja rápido, porque… — comecei a falar quando entrei no quarto, mas Juan já estava na minha frente, me puxando para longe da porta e fechando-a atrás de mim. — O que está pegando?

— Como assim o que está pegando? — Ele riu, visivelmente nervoso enquanto começava a andar de um lado para o outro. — Você me disse na mensagem que o garoto não era seu filho, aí eu chego aqui e encontro uma cópia do seu pai criança que franze o nariz igual a você quando está incomodado com algo?

— Que viagem! — Dessa vez, eu ri. A cópia do meu pai ? — Primeiro, sobre o nariz, a Helena também faz isso. Segundo, cópia do meu pai ? Como diabos você é capaz de lembrar de algo assim?

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Eu amo que o Juan sempre aparece pra salvar o dia kkkkkkkkk

Não esqueçam de votar e continuei comentando.

Até o próximo 😘

Fuera de mi controlOnde histórias criam vida. Descubra agora