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Richard Ríos

— Você já viu ela? —  perguntei, escondendo o rosto atrás do cardápio enquanto ajustava o boné na cabeça.

— Sim! — Joca sussurrou, empurrando seus óculos escuros para cima antes de inclinar a cabeça para o norte. — Quinhentos metros ao norte, tio Richard.

Prendi o riso. 500 metros? Esse garoto era uma comédia.

— Acho que a vi — suspirei, encontrando Helena sentada duas
mesas à nossa frente. Como Joca disse, ela estava mesmo linda com os seus cabelos levemente cacheados na ponta.

Eu o entendia. Minha mulher era mesmo incrível e foi esse pensamento que me fez voltar a olhar para a mesa onde ela ria para o professorzinho à sua frente.

— Viu? Acho que ele tocou no braço dela de novo.

Foi a minha vez de franzir o nariz, lutando contra a vontade de concordar com ele. Não era porque o filho da puta parecia sorrir demais para ela, que a minha Lena estava caindo nos seus encantos. Porra. Ele poderia ao menos ser mais feio…

Torci os lábios, pensando em como eu era queria muito estar no lugar daquele babaca agora. Talvez tenha sido uma péssima ideia a gente vir.

— Estão prontos para pedirem, senhores?

Joca riu, achando engraçado.

— Senhores — ele repetiu, fazendo a voz um pouco grossa, nos levando ao riso. — Eu quero um Big Mac.

— Nós não temos Big Mac, senhor, mas se me deixar opinar, recomendo a nossa opção kids, vem com purê, carne assada e uma batata bem parecida com a deles.

— Estou na dúvida da carne, porque a minha namorada é vegetariana, preciso me acostumar para quando a gente se casar. — Joca bateu a mão no queixo, me fazendo olhar na direção de Helena com medo do seu instinto mamãe superprotetora gritar que o seu menino já estava pensando em casamento. — Tudo bem, só hoje não faz mal. Vou querer isso, senhor. — Joca prendeu o riso, me fazendo acompanhá-lo. Por sorte, o garçom era simpático e não estava se sentindo ofendido pela criança achar engraçado ser chamada de senhor.

— E para o senhor?

— Eu quero o especial do dia — pedi, vendo o nariz de Joca enrugar com a minha escolha. — Para beber, eu quero uma água. E você, amigão ?

— Coca-cola.

— Certo, fiquem à vontade, senhores.

Joca voltou a rir, contagiando não só a mim, como algumas pessoas ao redor. Isso me acendeu um alerta.

— Você viu a sua mãe? — perguntei, olhando ao redor, sem encontrar ela ou o bonitão safado.

— Não. Ativamos o plano B?

Assenti, começando a me sentir nervoso. Eu estaria tão ferrado se…

Antes que eu completasse o pensamento, senti o perfume dela e uma mão no meu ombro, pressionando-o com um pouco mais de força do que o ideal.

— Eu posso saber o que é tão engraçado que consegui ver vocês dois rindo lá da saída? — gemi, virando o rosto para encontrá-la entre nós, olhando de um para o outro.

— O tio Richard contou uma piada.

— Sério? Qual piada, querido ?

Joca coçou a cabeça, me pedindo ajuda com o olhar.

— Era… hm… Na verdade, uma pergunta! — Ele sorriu, piscando
para mim.

— A senhora sabe qual é a parte do corpo da mulher que cheira bacalhau?

A mão da Lena, que me usava de apoio, escorregou e se não fosse por eu ser rápido para puxá-la para o meu colo, ela teria caído em cima da mesa.

— Joaquim! — ela grunhiu para ele e me beliscou.

— Ai!

— O que, mamãe? É o nariz. — O garoto olhou confuso. — O que tem de errado nisso? Se alguém for cheirar o peixe, vai usar o nariz.

Helena escondeu o rosto no meu pescoço, abafando seu riso, o que a fazia tremer no meu colo, mas que, naquele momento, não era uma boa ideia. Não quando ela estava linda demais, cheirosa demais e gostosa pra caralho. Sem resistir, toquei a sua cintura, acariciando-a sobre o vestido enquanto conferia se ninguém estava olhando para a nossa mesa, que era um pouco mais afastada.

— O que vocês estão fazendo aqui?

— Comendo.

— Sim, mamãe. Eu estava com muita fome.

Sim, o plano B era jogar a culpa na criança. Ela estreitou os olhos, olhando de um para o outro.

— Tudo bem, acredito em vocês. Sei que Joca não mentiria para mim.

Golpe baixo! Olhei para o garoto, que fez um pequeno bico.

— Eu achei que você tava num encontro e que ia trocar o tio Richard pelo
fedorento, então liguei para ele um montão de vezes para a gente não deixar isso acontecer, porque agora eu quero ele de padrasto, não outro. — Ele
puxou o ar depois de falar tudo em um fôlego só.

— O que eu faço com vocês, hein? Eu estava em uma reunião de negócios e os dois bonitos me espiando. — Helena nos encarou, puxando a orelha de Joca de leve e fez o mesmo com a minha.

— Não sei com o Joca — sussurrei, beijando o seu pescoço perfumado. — Mas eu tenho algumas ideias do que você pode fazer comigo.

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Depois de tanta mensagem de carinho de vocês, mais um capítulo disponível 🤡🤡🤡

Vou começar a colocar meta de votos e comentários nos capítulos de tanto que vocês me ameaçam kkkkkkkkk

Até o próximo 😘

Fuera de mi controlOnde histórias criam vida. Descubra agora