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Helena Santiago

De todas as coisas que já passaram pela minha cabeça que o Joca um dia pudesse aprontar, em nem uma delas envolvia a polícia. Passei a mão pelos meus cabelos, encontrando seus olhos vermelhos e inchados fixos em mim.

— Mamãe? — ele me chamou, seus pés balançando no ar. — Não quer sentar aqui do meu lado?

— Eu estou bem aqui, Joaquim. — Cruzei os meus braços, encostando na parede.

Eu estava agitada demais para sentar. Na verdade, esses últimos dias tinham fugido completamente do meu controle, junte uma mudança, com uma criança decidindo sair dos trilhos, o reencontro com o ex e muitas horas trabalhadas, e tenha como resultado uma mãe pronta para explodir.

— De novo, sinto muito.

— Você sabe que não é para mim que você deve desculpas, não é?

Ele balançou a cabeça, concordando enquanto olhava para as próprias mãos e começava a chorar de novo, mas eu me mantive firme. Tirei o celular do bolso, procurando pelas redes sociais qualquer menção ao Richard sendo preso no meio de uma Blitz porque o Joca o acusou de sequestro. Para piorar tudo, o policial não acreditou quando o jogador disse quem era e não achou a sua carteira, que o meu filho empurrou para debaixo de um dos bancos.

Guardei o aparelho quando vi o Richard e sua advogada através de uma porta de vidro, os dois caminhando lado a lado, com ele rindo e ela também. Engoli em seco, foi impossível não reparar na beleza dela e involuntariamente me comparar, ela era quase da altura dele e tinha um corpo de dar inveja a qualquer uma.

Esperei-os passarem pela porta e acenei para o jogador, não deixando de notar o seu sorriso desaparecer aos poucos enquanto se aproximava de onde estávamos.

— Oi — murmurei, sem saber como agir diante deles.

— Oi — Richard respondeu, desviando os olhos para o chão.

— Você deve ser a Helena, certo ?

— Sim, e você é a Aline.

— Isso, nossa, eu ouvi tanto sobre vocês nos últimos dias. — ela diz sorrindo antes de se virar para o Joca e depois para o Richard, que sorriu e assentiu para algo que só ele entendeu. Me movi desconfortável por estar sentindo ciúmes por algo que nem era meu.

— E você deve ser o famoso Joca.

— Sim, senhora. Eu vou ser preso ?

— Por que você seria preso? — Ela tocou a bochecha dele, provavelmente caindo no encanto do beicinho que eu também não resistia. — Até onde eu sei, o meu cliente não vai prestar nenhuma queixa contra você.

— Acho que está na hora de irmos embora, mocinho.

Aline foi para o lado de Richard, que tentava segurar o riso, como pode estar achando graça nessa situação toda?

— O seu carro vai ficar porque já deu a hora da retirada, quer uma carona?

Ele me olhou, receoso.

— Você se importa se eu for com vocês ? — Sua pergunta me pegou desprevenida.

— Por que eu me importaria? 

— Eu falei que ia cuidar dele e agora você está nos buscando em uma delegacia, então tudo bem se você estiver chateada comigo.

Aquilo me fez rir.

— O único no direito de estar chateado aqui é você, Richard.

— Não estou, talvez um pouco preocupado, mas o delegado garantiu que se isso vazar por aí, ele vai se entender com o departamento, ou se eu perder o próximo jogo, aparentemente, todos aqui torcem para o Palmeiras.

Isso me fez respirar um pouco mais aliviada.

— Obrigado, lin. Helena e eu somos vizinhos, dessa vez te pouparei de
atravessar a cidade.

— É óbvio que eu colocaria a carona nos meus honorários — ela brincou, batendo nele antes de voltar até mim.

— Espero que a gente possa se encontrar numa situação melhor, Helena.

Foi impossível não rir.

— Eu também. Obrigada, Aline.

— E, você, garotinho, se cuide.

— Eu vou, tia. Obrigado por não me prender.

— Não é a mim que você deve agradecer, lindinho. Agradeça ao
Richard, tudo bem?

— Obrigado, lin, nos vemos em breve.

Assim que ela se afastou, estiquei a mão para o Joca, ajudando-o a descer da cadeira, envergonhado.

— Obrigado, Richard, e me desculpa, por favor.

— Tudo bem, mas você precisa saber que isso não foi legal, amigão, poderia ter colocado nós dois em uma encrenca feia. — Richard se abaixou na altura dele. — Eu achei que a gente tinha combinado de ser amigo.

— Sim, só que você mentiu pra mim e amigos não mentem!

O jogador coçou a cabeça, parecendo confuso.

— Acho que podemos conversar sobre isso em casa, já está tarde.

— Eu não sou um garoto mau, mamãe — ele começou a chorar.

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Joca desse jeito você vai matar seu pai, antes de saber que é seu pai kkkkkkkkk

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Até o próximo 😘

Fuera de mi controlOnde histórias criam vida. Descubra agora