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Joaquim Santiago

— Quando é o seu aniversário, Joca ? — Olhei para ele, sem entender a sua pergunta.

— 2 de Junho. — Vi ele sorrir e coçar a cabeça. — Minha mãe diz que sempre fui apressadinho.

— Ah, sim! — ele balançou a cabeça, abrindo ainda mais o sorriso.

— Por que perguntou?

— Só curiosidade.

— Pensei que quisesse me dar algum presente.

— Bem, você é um bom garoto, tem algo que você quer muito?

— Bem, eu sempre quis um cachorrinho.

— Um cachorrinho?

— Vem, vou te mostrar. — Pulei da cadeira e o esperei pegar as suas coisas antes de esticar a mão para mim. — Por que você não usa bolsa? Minha mãe usa, não precisa carregar tantas coisas nos bolsos.

Ele riu, dando de ombros, sem parar de andar comigo pela calçada. A loja de animais não ficava tão longe da padaria onde a gente foi tomar café.

— Bem, acho que elas não combinam muito com os meus músculos.

Ele fez um negócio engraçado, fazendo os seus músculos se mexerem como se estivessem prontos para estourar vermes alienígenas.

— Uau, que maneiro! Me ensina?

— Quando você for maior, posso te ensinar.

— Ali! — Apontei para o outro lado da rua, onde mamãe e eu sempre parávamos porque eu gostava de ver os animais.

— Não sei se é uma boa ideia carinha. — murmurou, mas eu aproveitei que o sinal estava fechado e saí puxando-o em direção à loja de esquina. — Não sei se a sua mãe vai ficar feliz com isso.

— Por que não? Ela sempre me traz aqui e na última vez deixou combinado que na volta a gente comprava, mas acabamos nos atrasando no shopping e adiamos.

— É mesmo?

— Sim! Nós pesquisamos tudo juntos, desde a cor até a raça. — Balancei minha cabeça, vendo-o olhar da loja para mim. — Vamos entrar, tio Leo conhece a gente.

Mais uma vez, puxei-o pela mão, empurrando a porta e correndo direto para onde ficavam os cachorros.

— Bom dia, Joca!

— Ei, bom dia, tio Leo! Nós viemos buscar o Bruce — gritei animado, vendo Richard coçar a cabeça e acenar para o
dono da loja.

— Talvez eu deva ligar para a sua mãe antes apenas para confirmar.

— Okay

Ele tentou ligar para a minha mãe algumas vezes, mas quando ela não atendeu, ele coçou o queixo.

— Ela deve estar ocupada. Nós podemos comprar outro dia?

Deixei meus ombros caírem, não conseguindo esconder como tinha ficado chateado.

— Mas ela disse que ia comprar na próxima vez que viéssemos aqui!

Ele suspirou, se agachando na minha altura.

— Você tem certeza de que ela disse isso mesmo? Eu não quero ter problemas com a sua mãe.

— Eu tenho. A gente não mente um para o outro. Por que eu mentiria?

— Então vou mandar uma mensagem para ela falando que não era nada de mais, para não ficar preocupada quando se deparar com as minhas ligações perdidas.

Puxei o ar com força, sem acreditar.

— Nós podemos mesmo levar?

— Podemos.

— Yeah! — comemorei, jogando os braços no ar e abraçando ele sem perceber. — Desculpa.

— Tudo bem, eu gosto de abraços. — Ele riu, fechando os braços ao meu redor e beijando a minha cabeça igual a mamãe fazia. Isso fez com que algumas coisas se mexessem na minha barriga de novo.

— Obrigado, tio Richard!

— Por nada, carinha, mas se isso me colocar em problemas…

— Não vai, na volta, a gente ia comprar, não tô mentindo.

— Tudo bem então.

Me soltei dele e corri até onde o tio Leo estava rindo, tio Richard se aproximou, tirando os óculos escuros e fazendo tio
Leo olhar para ele com os olhos grandões

— Ri-Richard Ríos ? Você se importa… — Ele pegou uma caneta e um bloco de notas. — Depois que eu preparar toda a documentação, podemos tirar uma foto?

— Tudo bem. Sem problemas. — Ele sorriu, rabiscando o bloco do tio Leo e olhando ao redor.

— Vou separar tudo para vocês.

Não fiquei parado ali, aproveitei que o tio Leo se afastou e puxei Richard até a vitrine com vários cachorros, explicando para ele que todos estavam ali porque não tinham família e por isso mamãe havia prometido comprar um para morar com a gente.

Diferente de alguns adultos, ele não costumava me interromper, nem me corrigir, ele apenas ficava me fazendo mais perguntas e isso era legal. E novamente aquela sensação surgiu dentro de mim.

Mais tarde mamãe ligou e para nossa surpresa ela não ficou chateada por conta do cachorro, mas avisou que tanto eu quanto o tio Richard íamos ter que limpar toda sujeira que ele fizesse, o dia foi incrível, a gente fez muita coisa juntos e amanhã eu vou com ele até o CT. 

— Tio Richard?

— Fala, amigão.

— Será que eu posso dormir com você?

— Claro, vem aqui. — ele me pegou no colo e me colocou deitado na cama. — Vai querer que conte uma história também?

— Eu não sou mais bebezinho.

— Desculpa amigão, esqueci que você já é quase um homem.

— Isso mesmo. — falei e ele riu, deitando do meu lado. — Eu queria te falar uma coisa.

— Pode falar carinha.

— Amo você. — Ele tocou meus cabelos, se inclinando para beijar a minha testa.

— Que bom carinha, porque eu também amo você.

— Eu gostei de dizer e ouvir isso, tio Richard.

— Eu também. Podemos combinar de falar sempre, o que acha?

Eu apenas concordei com a cabeça e antes que eu pudesse fechar os olhos, senti quando Bruce pulou na cama e se juntou a nós dois. Eu poderia não ter um papai de verdade, mas acho que o tio Richard não se importaria de ser o meu papai de mentira.

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Mais um capítulo na vibe pai e filho, pra mostrar pra dona Natália que eu sei escrever histórias tranquilas também kkkkkkkkkkkkkkk

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Até o próximo 😘

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Fuera de mi controlOnde histórias criam vida. Descubra agora