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Helena Santiago

— Ei. Você está bem? — Richard tocou a minha mão quando desliguei o motor, o caminho até em casa tinha sido em completo silêncio.

— Se eu estou bem? — Ri, usando minha mão livre para esfregar o meu rosto. — Se você soubesse o quão envergonhada estou. Juro que vou te ressarcir de tudo, inclusive o que gastou com a sua advogada e…

— Lena, eu sinceramente não estou preocupado com isso. — Seu polegar acariciou a minha pele, fazendo o meu coração se acalmar. — Foi um dia agitado? Foi, mas deu tudo certo na delegacia e não tem como mudar o que aconteceu e nesse instante só quero saber se você está bem.

— Eu vou ficar bem depois de tomar um banho e beber algumas taças de suco para adultos.

Soltei o meu cinto, descendo do carro, e fui para a porta de trás com Richard fazendo o mesmo, como Joca estava sonolento, eu mesma soltei o seu cinto e o peguei no colo, seguindo em direção ao elevador ao lado do Richard.

— Que tal a gente trocar? — ele perguntou, abrindo o braço para receber o Joca.

— Está tudo bem, acho que eu consigo.

— Deixa de ser teimosa e me deixa te ajudar.

Suspirei, passando Joca para os seus braços. O meu garoto foi sem nenhum protesto e eu não sabia se era porque estava cansado demais ou se ele entendia que não estava em posição de reclamar hoje.

Assim que chegamos no nosso andar Richard mexeu nos bolsos e murmurou alguma coisa.

— Tá tudo bem?

— Minhas chaves ficaram no carro.

— Acho que você pode ficar com a minha cama hoje, e eu durmo com a mamãe. Pode ser? — Joca oferece, e eu balanço a minha cabeça, concordando.

— Acho justo. Você está sem carro. Não é justo ter que sair a essa hora da noite — argumentei, vendo-o coçar a nuca. — Mas vamos entender se você quiser um pouco de distância de nós depois do dia de hoje.

Dessa vez, ele riu, negando com a cabeça.

— Acho que já estou me acostumando. — deu de ombros, piscando para mim. — Eu aceito o seu sofá por essa noite se não for nenhum incômodo.

— Não vai ser. É o mínimo que podemos fazer depois de tudo.

— Mamãe pode me dar alguns minutos sozinhos com o tio Richard?

Hesitei por um momento mas vi o Richard assentir com a cabeça, e eu entrei para o apartamento deixando os dois sozinhos no corredor, alguns minutos depois vejo o Richard atravessando a porta com Joca jogado sobre o seu ombro, rindo. A cena dele carregando o meu garoto no elevador já tinha aquecido o meu coração, mas aquela, bem, aquela só me fez querer atravessar a sala e beijar a sua boca. Era estranho, mas era sexy demais vê-lo interagindo com o meu filho.

— Chegamos.

Me aproximei deles, não conseguindo desviar os olhos da sua boca enquanto puxava o meu menino para os meus braços.

— Vou colocar Joca no banho, pode ficar à vontade e usar o meu banheiro, que é maior.

— Tudo bem.

Como Joca sabia que eu ainda estava chateada por tudo o que aconteceu, tentou puxar assunto enquanto tomava banho, mas eu mantive a postura firme, porque além de estar com dor de cabeça, tinha certeza de que, se agisse como se tudo estivesse bem, ele voltaria a fazer algo do tipo.

Já estava deitada com Joca, pronta para fazê-lo dormir.

— Mamãe? — ele me chamou assim que puxei o edredom sobre nós.

— Sim?

Ouvi o seu suspiro, sabendo que era um indício de que ele começaria a chorar em breve.

— Me desculpa. Eu só fiquei… com medo.

— Medo? — repeti, confusa.

— Sim, de você ir embora com o Richard, eu já não tenho papai, não quero ficar sem mamãe

Senti meu coração quebrar quando sua voz desapareceu entre os soluços, envolvi o seu corpo com os meus braços e o trouxe para o meu colo enquanto sentava na cama, apertando-o com força contra mim e beijando os seus cabelos.

— Meu Deus, querido! Eu nunca te abandonaria, de onde você tirou isso?

Senti o seu tronco balançando, mas não sabia se era pelo choro ou se ele estava dando de ombros.

— Nós dois combinamos de ser amigos, sabe? Ele me pagou um sorvete, me levou ao jogo e disse que nunca te roubaria, mas quando a gente entrou no carro, a senhora mandou uma mensagem dizendo que ia fugir para o apartamento dele.

— Ah, meu amor, você entendeu tudo errado. Eu nunca fugiria
com ele.

— Você gosta dele ?

— Não tanto quanto gosto de você porque nada no mundo se compara a isso, mas, sim, eu gosto dele.

— Você vai namorar com ele?

— Se algum dia ele me pedir e não for um problema para você…

Ele deu de ombros, encarando o teto.

— Eu acho que ele gosta de você também.

— Pode até ser, mas para ele gostar de mim de verdade, ele precisa gostar de você também. Nós somos dois em um, lembra?

— Tomara que eu não tenha estragado tudo.

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Ai ai ai Helena, nem te conto...

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Até o próximo 😘

Fuera de mi controlOnde histórias criam vida. Descubra agora