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Joaquim Santiago

Tem uma semana que o Richard tem sido super legal comigo, hoje foi o dia do jogo, e apesar da derrota do timão, Richard me apresentou todos os jogadores como havia me prometido, tanto do Corinthians quanto do Palmeiras. Mamãe não quis vim com a gente, então teríamos a tarde dos meninos, comigo, Richard e o tio Juan, mamãe me fez prometer que eu iria me comportar.

Já na hora de ir embora o Richard voltou a me olhar esquisito igual ao outro dia, tocou os meus cabelos, fazendo alguma coisa remexer dentro da minha barriga que quase me fez sorrir, mas quando percebi, me esquivei, mas ficando parado enquanto os dois foram conversando sem mim. Foi só quando chegaram no carro, que viram que fiquei para trás.

— Joca, você não vem? — o Richard perguntou, parecendo confuso.

— Ninguém vai me dar a mão? — perguntei, erguendo-a no ar.

Os dois se entreolharam e o Juan riu, falando que o Richard estava ferrado. E ele estava mesmo, mas eu não podia andar sem dar as mãos para um adulto. Querendo ou não, eu ainda era uma criança e, mesmo não gostando muito dele, não era uma opção.

— Sinto muito, amigão.

— Tudo bem, nunca espero muito de você. — Isso o fez parar de andar.

— O que ? — Olhei para cima, notando a sua testa franzida.

— Você pode ser bom com as mulheres, mas não é bom com crianças. — Ele negou com a cabeça, rindo.

— Eu sou ótimo tanto com mulheres quanto com crianças e vou te mostrar.

Franzi o meu nariz, confuso, mas ele apertou a pontinha dele antes de se abaixar na minha altura e passar o braço ao meu redor, tirando meus pés do chão e me jogando em cima do seu ombro. A primeira coisa que fiz foi gritar, mas ao invés de ficar assustado, minha barriga ficou gelada e eu só queria rir enquanto tentava segurar a minha mochila ao mesmo tempo que me agarrava nas suas costas com medo de cair. Era muito maneiro!

— Deixa isso comigo, amiguinho. — Juan pegou a minha mochila enquanto sorria pra mim.

Alguns minutos depois deixamos o Juan na casa dele e estávamos indo em direção ao nosso prédio.

— O que acha de uma última parada para um sorvete ?

— Só se for agora!

Ele desviou o caminho e parou em uma sorveteira bem grande.

— Por que você está usando óculos e boné? — perguntei, curioso.

Ele riu, se inclinando para sussurrar no meu ouvido.

— É o meu disfarce, geralmente quando me reconhecem, ficam se aproximando e invadindo a minha privacidade.

— Hum… Peguei a colher, pegando o restinho do meu sorvete.

— Tudo bem? Você ficou quietinho do nada. — Richard também terminou o seu sorvete, ajustando o boné na cabeça. — Eu sei que a gente começou mal quando nos conhecemos, mas sabe que podemos ser amigos, não é?

Eu tinha poucos amigos e sempre gostava de ter mais, ainda mais se eles pagassem sorvete para mim e me levasse para assistir jogos de graça, só que, bem, não dava para ser amigo de quem queria te roubar.

— Eu sei, mas como vou ser seu amigo se você quer roubar a minha mamãe de mim? — Peguei alguns papéis para limpar a minha boca. E ele quase cuspiu o restante do seu sorvete, também pegando alguns antes de tossir.

— De onde você tirou isso, carinha? —Dei de ombros.

— Vocês ficam sorrindo um para o outro. Eu também vi a mamãe te abraçando. — Ele balançou a cabeça, negando.

— Sua mãe e eu somos amigos. Ela te ama muito, nem eu ou qualquer outro cara conseguiria levá-la para longe se quisesse.

— Você acha mesmo? Ele voltou a concordar, sorrindo.

— Não só acho, como tenho certeza.

Apoiei o meu cotovelo na mesa e o encarei, tentando ver se ele estava mentindo, mas ele parecia estar falando a verdade. Desde o ocorrido de segunda-feira ele estava sendo bem legal e ao mesmo tempo que eu gostava, eu ficava desconfiado.

— Você tem papai? — perguntei, pegando o canudinho de wafer que era dele, mas que ele me deu.

— Tenho.

— Eu queria ter um também, parece ser muito legal — Dei de ombros, mordendo o wafer, olhando ao redor e vendo algumas crianças com suas mamães e seus papais. — Sei que sou arteiro às vezes, mas será que sou tão, mas tão ruim assim para o meu não querer saber de mim?

Richard se levantou, saindo da sua cadeira para se sentar ao meu lado. Por algum motivo, seus olhos estavam começando a ficar vermelhos.

— Não é sobre ser arteiro ou não, amigão. — Ele apoiou o cotovelo na mesa, deixando o seu rosto ficar na minha altura. — Eu não posso te explicar o porque do seu pai não estar com você, mas o que posso te garantir, é que você é um garoto incrível e daria inveja em vários outros papais por aí.

— Mesmo? — perguntei, vendo-o confirmar com a cabeça antes de bagunçar os meus cabelos.

— Mesmo.

— É errado eu, ainda assim, continuar me sentindo triste porque queria um?

Sem eu entender a razão, ele desviou os olhos dos meus enquanto negava com a cabeça e esfregava o rosto.

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Ei Joca, 00h eu te conto um segredo...

Continuem votando e comentando bastante em

Até o próximo 😘

Fuera de mi controlOnde histórias criam vida. Descubra agora