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Richard Ríos

Ontem depois que voltei do treino, fui até o apartamento do pestinha pra falar com os pais dele, mas quem me atendeu foi a babá a mesma disse que a mãe do pestinha não estava mas que passaria o recado, voltei para o meu apartamento e a Nicole ainda estava com a maior cara de bunda que eu já vi na minha vida, eu apenas a ignorei, tomei um banho e dormir, amanhã precisava estar cedo no CT, teríamos visita de algumas crianças e todos os jogadores tinham que estar presentes para recepcionar as crianças e passar o dia com elas.

Logo de manhã para minha alegria encontrei o pestinha e a babá no elevador. Mesmo ele sendo irritante, brigão e bocudo, eu me senti mal por ter quebrado o troféu do avô dele, então eu pensei em me retratar pelo que fiz. Percebi que o menino era rancoroso e tudo me levava a crer que a casca de banana que achei na minha porta hoje cedo tinha dono.

— E aí — cumprimentei, me juntando a eles e indo para o canto vazio, não querendo invadir o seu espaço. — Indo pra escola?

O garoto ergueu os olhos, visivelmente surpreso por eu estar puxando assunto, mas logo focou a sua atenção na sua roupa antes de voltar a me encarar.

— Não, eu gosto de colocar a mochila pesada nas costas e sair andando por aí.

— Joca! — a babá apertou os ombros dele, sem jeito.

— Tudo bem, foi uma pergunta boba. — Tranquilizei a babá antes de voltar para o menino. — Joca? Nome maneiro.

— Meu nome é Joaquim!

— Joca está meio mal-humorado hoje — a babá justificou, passando a mão pelos cabelos dele.

Em geral, as crianças me amavam, não queria que ele ficasse com uma impressão ruim de mim.

— Eu também tenho um amigo chamado Joaquim, sabia ?

— E quem foi que te perguntou alguma coisa ?

— Seu pai não te deu educação não Joca ? — soltei e ele me encarou mais feio ainda.

— Meu pai foi comprar cigarro, e ainda não voltou. — sua boca foi tapada pela mão da babá, que aproveitou que as portas do elevador se abriram para arrastá-lo para fora.

— Desculpa por isso — ela sussurrou antes de sumir do meu campo de visão.

Saí do elevador coçando a minha nuca, ainda chocado com as respostas do pirralho.

O trânsito hoje colaborou e em 25 minutos eu cheguei no CT, cada um iniciou sua rotina de treinos normalmente até o horário que as crianças chegariam.

Terminei meus exercícios na academia e quando cheguei no campo tinham cerca de 50 crianças em volta dos jogadores, quando me aproximei ela começaram a se aglomeraram a minha volta, pedindo fotos e autógrafos, pisquei os olhos, um pouco atordoado com tantos gritos e puxões, isso fez com que os caras que estavam ali rissem.

— Certo, certo, certo, um de cada vez.

Tentei colocar ordem, mas os meninos e as meninas só sossegaram depois que autografei as agendas, folhas e camisetas que trouxeram. Quando terminamos, alguém gritou para que eles seguissem o Veiga para se alongarem, fazendo os pestinhas correrem para o gramado.

— As crianças estão animadas.

— Quase todas. — Lázaro riu, cruzando os braços contra o peito enquanto indicava com a cabeça na direção dos bancos, onde rapidamente reconheci o pequeno garoto com cara de tédio.

— Meu vizinho — gemi, sem acreditar que era ele mesmo.

— Isso é bom, talvez conhecendo alguém, ele aceite se juntar aos outros.

Eu duvidava muito.

— Deixa essa comigo.

Toquei o ombro dele antes de me aproximar de onde o encrenqueiro estava sentado, balançando os pés no ar como se fosse a criança mais tranquila do mundo.

— Oi, Joca.

Ele virou o rosto na minha direção, mas franziu o nariz antes de voltar a olhar para nada em específico.

— Oi.

— Posso sentar? — perguntei, vendo seus ombros chacoalharem em um tanto faz e me sentei ao lado dele. — Porque não quer se juntar aos seus amigos.

— Porque eu não queria estar aqui.

— Não gosta de futebol ?

— Não gosto é desse timeco sem mundial.

— E porque quis vim ao passeio já que não gosta do maior time do Brasil ?

— Minha mãe quis me castigar já que você foi lá em casa reclamar de mim.

— Acho que começamos com o pé esquerdo, o que acha da gente esquecer o que aconteceu ontem e começar do zero ?

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Joca desperdiçando a oportunidade que todo mundo queria

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Até o próximo 😘

Fuera de mi controlOnde histórias criam vida. Descubra agora