Richard Ríos
Eu estava no meu quarto, terminando de vestir a camisa quando a pobre da minha campainha foi espancada.
— Sinto muito pelo meu atraso — murmurei assim que abri a porta, encontrando Joca ali.
— Tudo bem, mamãe falou que voos atrasam.
Sorri, vendo o seu nariz franzir, sabendo que não estava tudo bem,já que tinha quase oito chamadas perdidas no meu telefone quando o liguei.
— Certo, vem me ajudar, eu peguei algumas coisas no caminho pra cá. — Fui até a bancada, pegando a pizza e entregando para ele enquanto pegava o vinho que trouxe. — Vamos?
— Vamos!
Saímos do meu apartamento com Joca correndo e esbarrando em Helena no caminho, indo o garoto e a pizza para o chão.
— Mamãe! — ele reclamou, levantando e correndo até a caixa, que apesar de ter perdido a tampa, não caiu virada para baixo. — Ufa.
— Joca, o que foi que eu te disse? — Ela colocou a mão na cintura, fazendo o menino olhar para o chão e dar de ombros.
— Para não ir incomodar o tio Richard ? — Joca respondeu, virando-se para me olhar quando ela assentiu. — Eu não tenho culpa se ele demorou tanto.
— Tudo bem, eu já estava saindo — tentei defendê-lo, ganhando aquela arqueada de sobrancelha dela por isso. — Estou faminto e meio dolorido. — Passei o braço ao redor dos seus ombros, beijando a sua bochecha e ouvindo um “eca” enquanto Joca disparava na frente.
Por mais que ele soubesse que existia algo entre nós, evitávamos
demonstrar qualquer tipo de afeto que não fosse abraços perto dele.Isso acendeu um alerta para o quão apegado Joca estava ficando a mim, principalmente quando a nossa rotina fugia e eu ficava mais tempo do que o normal sem vê-lo, recebendo mensagens e ligações do tipo “tio, você vai voltar, né?”.
Tudo isso só deu mais um tempo para Aline, encontrar uma clínica onde poderíamos fazer o exame de DNA, já que mesmo ela não revelando o meu nome e tendo o mínimo de ética possível, nenhuma das que consultou se comprometeu a assinar um contrato de confidencialidade com uma multa absurda caso vazasse algo. Mas felizmente ela encontrou um laboratório e estava para me confirmar até amanhã.
Agora, eu só precisava conversar com Helena sobre o que vinha postergando.
Juan havia me ligado umas duas vezes para ter notícias e para avisar que estava indo para a Colômbia e se eu já tinha me preparado para contar sobre Joca para todos.Expliquei para ele que ainda não tinha contado para Helena e pedi para que não comentasse com ninguém, afinal, eu não queria que a mãe do meu possível filho fosse a última a saber. Até o momento, apenas Juan e Aline sabiam, sendo ela para me auxiliar juridicamente se precisássemos e ele por ter aberto os meus olhos. Eu não queria que Helena se sentisse traída até quanto a isso.
— O que vamos jogar?
— Uno. — Ele ergueu o baralho. — Mamãe comprou hoje.
Deixei o vinho sobre a bancada que separava a sua cozinha da sala
e fui até o Joca, retirando o celular do bolso e deixando-o sobre a mesa e me sentando à sua frente depois de, mais uma vez, verificar se tinha alguma mensagem de Aline ou não. Nós jogamos duas partidas enquanto dividíamos a pizza— Algum problema? — Desviei os olhos do celular quando Helena perguntou. — Quer dizer, não quero invadir a sua privacidade, mas você já verificou o celular umas 6 vezes.
Torci meus lábios, mal notando que tinha feito tanto aquilo.
— Não é nada. — Toquei sua mão sobre a mesa, acariciando seus
dedos. — Eu só estou esperando uma mensagem importante.Ela assentiu, ainda me olhando receosa enquanto se servia com mais vinho.
— Te entendo — Joca se intrometeu, apontando para o seu celular, que só agora percebi que estava sobre a mesa. — A Bellinha já deveria ter me dado boa noite, mas acho que ela tá brava comigo.
— Espera! Quem é Bellinha? — Helena questionou, levando a taça até a boca.
— Minha namorada.
Só consegui fechar os olhos, antes de sentir o vinho sendo cuspido
na minha cara.___________________________________________
Tal pai, tal filho... kkkkkkkkk
Continuem comentando.
Até o próximo 😘
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Fuera de mi control
FanfictionO maior sonho de Joaquim era conhecer o pai, ele só não imaginava que o homem em questão fosse seu novo vizinho e "arqui-inimigo".