Fuera de mi control

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Helena Santiago

— Por Deus, Richard! Se você tivesse me dito a verdade, quando você lembrou, teríamos nos livrado dessas dúvidas há sete anos. Porque não contou ?

— Eu tive medo Lena, medo de perder o que a gente estava construindo, eu sei que eu fui um idiota por ter aceitado aquela aposta.

— Tínhamos 17 anos, estávamos sujeitos a errar, e aprender com isso, mas você preferiu sustentar a mentira, mesmo quando sabia da verdade.

— Não estou falando que você não está certa, Lena! Mas não vai adiantar remoer o passado agora, entende?

— Você não pode esperar que seja fácil lidar com isso, porque não é, Richard, não é! — Neguei com a cabeça, começando a ficar irritada.

Remoer o passado? Ele achava mesmo que eu estava remoendo o passado?

— Joca poderia ter crescido com um pai presente, entende que não somos os únicos afetados com tudo isso? A gente precisou contar com a sorte do destino cruzar mais uma vez os nossos caminhos para descobrir isso!

— Acredite, eu sei disso tudo, estou sem dormir direito há quase três semanas porque isso não sai da minha cabeça! — Ele tentou se aproximar, mas ergui minha mão, pedindo para ele parar.

— Quase três semanas? — Tentei controlar a minha voz — Você sabia disso há três fodidas semanas e não me disse antes?

Richard levou as duas mãos ao rosto, esfregando de um jeito exasperado.

— No primeiro momento, eu estava com medo da sua reação, porque só conseguia me lembrar de tudo que falou quando nos reencontramos, de como foi difícil criar o Joca sozinha — ele suspirou, bagunçando os próprios cabelos. — A questão é que eu queria amenizar qualquer impacto que isso pudesse ter, principalmente evitar de vazar qualquer coisa na mídia. Eu tinha medo de você me odiar? Tinha, porra, eu sempre amei você e já amo aquele garoto como se fosse meu! — Ele deixou seus ombros caírem antes de tentar se aproximar mais uma vez, comigo dando um passo para trás, deixando claro que queria espaço.

— Não, Richard, por favor, eu estou me sentindo sufocada.

— Sinto muito, eu posso me desculpar pelo que fiz no passado e ainda não vai ser o suficiente, mas não vou me desculpar por tentar fazer a coisa certa dessa vez, protegendo vocês dois, quando arrisquei conseguir um lugar seguro para fazermos o teste de DNA antes de conversar com você.

Sem conseguir mais me manter em pé, me arrastei até o sofá e sentei, me sentindo exausta. Era como se eu não tivesse dormido há dias.

— Foi por isso que a Aline te ligou no domingo?

— Sim. Eu poderia ter esclarecido tudo naquele dia, mas você precisou viajar, e não queria que ficássemos longe com
essa dúvida pairando sobre nós.

Escorei os cotovelos nas coxas para esconder o rosto nas minhas mãos, sentindo como se estivesse numa montanha-russa com tantos sentimentos conflitantes gritando dentro mim enquanto repassava a última semana na minha cabeça. Em como Joca tinha se apegado a ele, em como nós nos aproximamos e como eu amei cada minuto disso, mas agora não sabia se era peso na consciência dele, tentando se redimir

— E se ele não for seu, Richard? Ele já te ama. — Não precisei erguer o rosto para saber que ele estava se ajoelhando
na minha frente.

— Eu falei sério quando disse que amo vocês, Lena. Não foi da boca pra fora. — Senti suas mãos nas minhas e, por mais que não quisesse olhar para ele naquele momento, não lutei quando me obrigou a encará-lo. — Você sabe que criou esse menino de um jeito incrível e qualquer pessoa que queira e consiga se aproximar dele, não vai receber nada além de amor e carinho. Se Joca não for o meu filho, não vai mudar nada do que estou disposto a ser na vida dele, entende? Agora, se ele for, vai doer pra caralho. — Seus dedos entrelaçaram-se nos meus, me deixando confusa com as suas últimas palavras. — Não tem como não doer sabendo que deixei de viver
tanta coisa maravilhosa com vocês nesses últimos 7 anos.

Fechei os olhos, e senti seus braços estreitarem ao redor da minha cintura, me puxando mais para ele antes de beijar o meu pescoço e acariciar as minhas costas, lembrando-me de que não foram apenas sete anos perdidos da vida do Joca. Foram sete anos perdidos de nós. Sete fodidos anos perdidos de
tudo o que sentíamos um pelo outro.

— Eu preciso ficar sozinha.

— Não me afasta de vocês Lena...

— Vai embora por favor, depois a gente conversa.

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