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Richard Ríos

Eu soube que algo não estava certo quando, depois de quase oito horas de voo liguei o meu celular e, por estar com apenas 10% de bateria, ele travou devido à quantidade de notificações das ligações e mensagens perdidas. O foda é que em situações como essa, a primeira coisa que passa por sua cabeça é: fodeu.

Eu já estava com o coração acelerado e as mãos trêmulas tentando reiniciar o meu celular enquanto repassava os momentos incríveis que estávamos tendo nos últimos dias, só conseguindo me culpar por não ter dito nada para Helena antes quando tive chance, já projetando que, a essa altura, ela deveria estar me odiando, ou pior, que tivesse desaparecido com o Joca de novo.

Joca: tio Richard, você já saiu?

Ligação perdida de Joca

Joca: tio Richard, preciso falar com você.
Joca: tio?

Ligação perdida de Joca

Joca: TIOOOOO?
Joca: ????
Joca: Você não quer falar comigo?
Joca: tio, por favor.

Ligação perdida de Joca

Joca: A Alexa disse que no avião não tem internet, como vou falar com você?
Joca: Richard?
Joca: ???

Ligação perdida de Joca
Ligação perdida de Joca
Ligação perdida de Joca
Ligação perdida de Joca
Ligação perdida de Joca

Joca: ?????
Joca: Você já deveria estar em São Paulo.
Joca: Me respondeeeeeeeeeeeeeeeeeee.
Joca: tio…

Todas as 300 notificações eram basicamente dele enviando pontos de interrogação ou avisos de ligações perdidas. O mais surpreendente é que
tudo foi enviado há menos de trinta minutos. Tentei ligar para Helena, mas o número dela só tocou, caindo na
caixa postal em seguida, tentei o do Joca, que estava na mesma situação.

Voltei para a esteira e encontrei a minha mala, indo para o estacionamento do aeroporto. Ainda tentei algum contato com ele até entrar no ônibus com o restante do time, assim que chegamos no CT, peguei o meu carro e fui dirigindo rapidamente para o nosso condomínio e nem parei no meu apartamento, fui direto para o deles, achando até que tinha batido no apartamento errado quando a porta se abriu e dei de cara
com uma mulher loira.

— Oi — cumprimentei, tentando olhar por trás dela em busca do Joca ou da Helena.

— Em que posso ajudar ? — Tirei os óculos escuros, notando seus olhos se arregalarem um pouco antes dela dar um passo para o lado e abrir espaço para eu passar. — Você é o Richard Ríos, não é?

— Sim. Helena está?

Passei por ela, fechando a porta atrás de mim.

— Ela precisou ir para um compromisso que surgiu de última hora e me ligou pedindo para cuidar do Joca. Quer dizer, ficar sozinha, já que ele se trancou no quarto e não quer falar comigo. — Ela coçou a nuca, sorrindo. — Sou Clara, amiga da Helena.

— Prazer Clara! — Estiquei minha mão.

— O prazer é meu, acredite, ouvi sobre você o dia inteiro. — Ela apontou para a porta do quarto de Joca.

— Está tudo bem? Ele me ligou várias vezes, mas eu estava no avião e não consegui atendê-lo.

— Estava até a Helena sair, aí ele pegou a Alexa, a bolsa da escola e correu para o quarto. Eu achei que estava tudo bem, porque ela mandou ele fazer a lição, então acabei me distraindo com a TV e quando fui chamá-lo, fui avisada que ele não queria ser incomodado. — Deu de ombros.

— Você se importa se eu…

— Não, fica à vontade.

Atravessei a sala, só parando quando alcancei a porta de Joca.

— Amigão? — chamei, ouvindo a música lá dentro parar e os pés dele batendo contra o chão antes da maçaneta girar.

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O que está causando o desespero do Joca em?

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Até o próximo 😘

Fuera de mi controlOnde histórias criam vida. Descubra agora